Polícia do Rio localiza casa em favela onde jovem sofreu estupro coletivo.


27 de MAIO de 2016 - A polícia do Rio de Janeiro localizou a casa onde a jovem de 16 anos foi estuprada por um grupo de homens. Nesta sexta-feira (27), ela prestou novo depoimento.

A adolescente voltou à delegacia nesta sexta (27) à tarde com o rosto protegido e acompanhada da mãe. Ela foi chamada para contar de novo como aconteceu o estupro coletivo.

O crime provocou indignação e revolta no Brasil e no mundo.

Teve protesto em Curitiba, na escadaria da Assembleia Legislativa do Rio e em São Paulo, com mensagens que formaram um grande mural na Avenida Paulista. O site do jornal espanhol El País falou em barbárie na primeira página.

A BBC destacou que o vídeo do estupro chocou o Brasil. E a americana Fox News disse que o vídeo do estupro foi o mais assistido nas redes sociais no Brasil.

No primeiro depoimento, na quinta (26) de madrugada, a adolescente, de 16 anos, contou que no último sábado (21) esteve na casa de um rapaz com quem tinha um relacionamento.

Eles estavam sozinhos. E que depois só se lembra que acordou no domingo (22) em uma casa na mesma comunidade com 33 homens armados com fuzis e pistolas. Ela estava dopada e nua.

O estupro foi numa favela na Zona Oeste do Rio. A família só descobriu na quarta-feira (25) quando soube que os criminosos filmaram a adolescente depois do estupro e publicaram um vídeo e fotos na internet.

A jovem passou por exames e recebeu medicamentos.

A presidente afastada, Dilma Rousseff, prestou solidariedade à adolescente numa rede social: “Mais uma vez reafirmo meu repúdio à violência contra as mulheres. Precisamos combater, denunciar e punir este crime”.

O presidente em exercício, Michel Temer, também se manifestou numa rede social. Ele escreveu nesta sexta (27), que “é um absurdo que em pleno século 21 tenhamos que conviver com crimes bárbaros como esse. Vamos criar um departamento na Polícia Federal que vai agrupar informações estaduais e coordenar ações em todo país”, disse.

Os números sobre estupros impressionam. Só no Rio, entre janeiro e abril deste ano, foram registrados 1.453 casos, segundo a secretaria de Segurança Pública. São 12 mulheres estupradas a cada dia.

Em uma entrevista coletiva no início da tarde desta sexta (27), os delegados e o chefe de Polícia disseram que ainda não tinham informações pra dizer nem como foi nem quantos homens participaram do crime.

“Uma investigação começa com uma série de opções. Normalmente são muitas. Na medida em que a investigação vai evoluindo, essas opções vão diminuindo. Nós não chegamos ainda a conclusões, por exemplo, pra poder dizer que houve, como tem sido dito, um estupro coletivo por 33 ou 36, ou 30 pessoas”, diz o chefe de Polícia Civil-RJ, Fernando Veloso.

Além da afirmação da adolescente de que eram 33 homens no local, no vídeo que foi divulgado na internet, um dos agressores fala em mais de 30 homens.

Os delegados também disseram que não pediram a prisão dos quatro suspeitos já identificados. Nesta quinta (26), uma fonte da polícia confirmou ao Jornal Nacional que o pedido havia sido feito.

Marcelo Miranda da Cruz Correa, de 18 anos, e Michel Brazil da Silva, de 20, são suspeitos de divulgar as imagens na internet.

Raphael Assis Duarte Belo, de 41 anos, segundo a polícia, é o homem que aparece ao lado da vítima em uma foto. Raphael trabalhou como apoio a operador de câmera nos estúdios Globo, de onde foi desligado em agosto do ano passado. A polícia não tem a profissão atual dele.

O quarto identificado é Lucas Perdomo Duarte Santos, de 20 anos. É o rapaz com quem a adolescente tinha um relacionamento.

O advogado de Lucas disse que o cliente não estava com a adolescente na noite do estupro.

“Ele alega inocência. Diz que teve contato com a suposta vítima 48 horas antes, dois dias antes do ocorrido, e que depois não a viu mais”, afirmou o advogado, Eduardo Antunes.

O ministro da Justiça veio ao Rio nesta sexta (27) conversar com o secretário de Segurança. Alexandre de Moraes garantiu que esse crime não ficará sem punição.

“É um atentado civilizatório. Um atentado à civilização, pela bestialidade, pela agressividade do crime praticado”, afirmou o ministro.

A ministra Carmen Lucia, do Supremo Tribunal Federal divulgou uma carta. Ela diz “não pergunto o nome da vítima: é cada uma e todas nós mulheres e até mesmo os homens civilizados, que se põe contra a barbárie deste crime, escancarado feito cancro de perversidade e horror a todo mundo”. E termina dizendo “nosso corpo como flagelo, nossa alma como lixo. É o que pensam e praticam os criminosos que haverão de ser devida e rapidamente responsabilizados”.

No fim da tarde, a polícia localizou a casa onde foi o estupro. O local vai passar por perícia. De manhã, a adolescente falou com alguns repórteres. O jornal O Globo publicou parte da entrevista na internet.

"Aí quando acordei, a luz ‘tava’ acesa e um monte de gente assim em cima de mim. Eu me sinto um lixo hoje. Eu não queria que outra pessoa se sentisse assim", disse a adolescente.

Fonte: G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário