Homem passa um mês na cadeia em SP após ser preso por engano.

(Foto: TV Globo/Reprodução)

05 de ABRIL 2017 - O ambulante Wilson Rosa foi acusado de roubar o celular da mulher de um policial. Ele já estava preso havia 30 dias quando foi levado à presença de um juiz. A Justiça concluiu que ele era inocente e o libertou, segundo reportagem do Bom Dia Brasil.

O roubo aconteceu no dia 9 de agosto de 2016 na Avenida Ibirapuera. Um dia depois, a ocorrência foi registrada no 100º DP (Jardim Herculano), que fica a 20 km da Avenida Ibirapuera e é onde trabalha o marido da vítima.

A descrição no boletim é de um homem de pele preta, cabelo raspado, altura de 1,70 m, magro e rosto bem magro – características comuns de boa parte da população brasileira.

Wilson foi preso cinco meses e quatro dias após o roubo. Ele estava com um grupo de rapazes quando um policial o abordou. Ele foi algemado e filmado por um celular. O policial mandou a foto para a esposa fazer o reconhecimento pelo celular.


Descrição do suspeito registrada no boletim de ocorrência (Foto: TV Globo/Reprodução)

Os três filhos de Wilson, um deles com necessidades especiais, perguntavam pelo pai. "Os filhos dele perguntam muito dele... Eu não vou falar pro meu filho de 5 anos que o pai dele está preso, né", disse Leandra, mulher de Wilson.

A família chamou um advogado, que conseguiu na Justiça libertar Wilson 32 dias após a prisão.


Roubo ocorreu a 20 km do local onde caso foi registrado 
(Foto: TV Globo/Reprodução)

Na saída da cadeia, no dia 13 de fevereiro Wilson chorou abraçado à mulher e aos filhos.

"É dolorido você ser acusado de uma coisa que não fez, o pessoal ficar falando que você é ladrão. A gente fala para a pessoa que é uma pessoa digna, que é trabalhador, e a pessoa não acredita em você", disse Wilson.

"Lá dentro eu só chorava. Foram 32 dias sem dormir. Você não sabe o que é tomar um banho e dormir com 56 caras do seu lado. Todo dia uma briga, todo dia uma discussão. Aqui dentro você dá valor pra família, você dá mais valor pra Deus. Dá mais valor pra vida", relata. "Aqui pode ser o pior bandido que tá preso. Quando a grade fecha, filho chora e a mãe não vê."


Policial armado abordou o suspeito, algemou e mandou a 
foto pelo celular (Foto: TV Globo/Reprodução)

A Polícia Civil informa que todos os pedidos de prisão são decididos pela Justiça, com acompanhamento do Ministério Público, conforme prevê a legislação. No caso registrado no 100º DP, o suspeito foi reconhecido pessoalmente pela vítima.


Família comemora a libertação de Wilson no Fórum da 
Barra Funda (Foto: TV Globo/Reprodução)

O inquérito foi encaminhado à Justiça no dia 17 de janeiro, que acatou o pedido de conversão da prisão temporária para preventiva. Também houve apreciação do caso por parte do Ministério Público. Qualquer denúncia sobre conduta irregular deve ser formalizada na Corregedoria da Polícia Civil, que apura com rigor todas as informações que recebe. Desde o ano passado, 9 policiais civis ou científicos foram demitidos e 40 foram expulsos.

Segundo levantamento do Conselho Nacional de Justiça, o Brasil tem hoje mais de 650 mil presos. Destes, cerca de 220 mil são presos provisórios, que ainda não foram julgados.


Wilson chora ao deixar a prisão (Foto: TV Globo/Reprodução)


Wilson abraça a família ao deixar a prisão (Foto: TV Globo/Reprodução)



Por Pedro Mantoan e William Santos, TV Globo

Fonte: G1

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