Presos assassinados em Alcaçuz 'rasgaram a camisa' e criaram nova facção, diz delegado.


Segundo a Sejuc, mortos foram identificados como 
Lázaro Luís de França Ferreira, mais conhecido 
como “Nego Lázaro”, e Shakespeare Costa de França, 
o 'Sheik' (Foto: Sejuc/Divulgação)

26 de FEVEREIRO 2018 - Os dois presos mortosneste final de semana dentro do Complexo Penal Alcaçuz/Rogério Coutinho Madruga, no Rio Grande do Norte, haviam recentemente deixado o Primeiro Comando da Capital (PCC) para fundarem uma nova facção criminosa: a 'Legião do Norte'. A informação foi confirmada ao G1 pelo delegado Eloy Xavier, titular da Delegacia de Polícia Civil de Nísia Floresta, onde fica a penitenciária.

“Rasgaram a camisa”, disse o delegado ao confirmar, também, que a criação dessa nova facção está sendo considerada parte do inquérito como a principal motivação para o duplo homicídio.

Ainda de acordo com o delegado, por enquanto não é possível dizer se a Legião do Norte é alguma ramificação ou se possui aliança com a facção Família do Norte, que surgiu nos presídios do Amazonas.

A Secretaria de Justiça e da Cidadania (Sejuc), por sua vez, disse que “não reconhece facções”, e que “todos os internos de suas unidades são apenas presos sob a tutela do Estado”.

Os dois detentos mortos foram encontrados enforcados com lençóis e pendurados em grades durante uma ronda feita na noite do domingo (25). Os corpos, no entanto, só foram removidos para perícia durante a madrugada desta segunda (26). Eles foram identificados como:

. Lázaro Luís de França Ferreira, de 34 anos, mais conhecido como “Nego Lázaro”

. Shakespeare Costa de França, de 24 anos, chamado de 'Sheik'. Ele havia escapado de Alcaçuz durante as rebeliões de janeiro. Na época, além dos 26 mortos, a Sejuc divulgou os nomes de 54 detentos considerados fugitivos da penitenciária.


Presos respectivamente desde 2014 e 2017, eles respondiam por tráfico de drogas, homicídio, assalto, porte ilegal de armas, entre outros crimes.

Ainda de acordo com a Sejuc, Lázaro e Shakespeare estavam presos juntamente com outros 10 detentos dentro da cela 08 da Ala A do Pavilhão 5 de Alcaçuz, como é habitualmente chamado o Presídio Rogério Coutinho Madruga, que hoje possui dois pavilhões.

Indiciados

Quanto às mortes, Eloy Xavier disse que dois presos, Laerte Ambrósio de Oliveira e Habynnadad Dalton Bezerra, se apresentaram como autores dos assassinatos e já foram indiciados. Ambos, segundo o delegado, também admitiram pertencer ao PCC.

Guerra de facções

Essas foram as primeiras mortes dentro do complexo de Alcaçuz após o massacre de 2017, quando 26 presos foram assassinados durante uma briga envolvendo duas facções criminosas. A matança aconteceu após membros do PCC, que estavam encarcerados no pavilhão 5, invadirem o pavilhão 4, onde estavam presos do Sindicato do Crime do RN.


Um muro de concreto foi erguido dividindo o complexo 
penal ao meio. De um lado, a Penitenciária Estadual 
de Alcaçuz, com os pavilhões 1, 2 e 3. Do outro, o 
Presídio Rogério Coutinho Madruga, com os 
pavilhões 4 e 5 (Foto: Anderson Barbosa/G1)

A Sejuc esclarece que o pavilhão 1 do Rogério Coutinho Madruga é justamente o pavilhão 5, e que o Pavilhão 2 é, hoje, o antigo pavilhão 4 de Alcaçuz, que foi desativado e que aguarda reforma desde o massacre.

Já a penitenciária de Alcaçuz, que antes possuía 4 pavilhões, agora só possui três – separadas do Rogério Coutinho por um muro de concreto erguido justamente após a matança.

Superlotação

Atualmente, o complexo possui aproximadamente 2.100 detentos, quase o dobro de quando estourou a rebelião. Deste total, mais de 1.000 estão somente no Pavilhão 5, que possui capacidade para 400 presos.

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Por Anderson Barbosa, G1 RN

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