A praticidade com que os homens utilizam os toaletes costuma ser motivo de inveja para as mulheres: eles não precisam sentar no vaso sanitário para urinar e, muito menos, usar o papel higiênico para se secar. Entretanto, o que tradicionalmente é encarado como comodidade é um mau hábito. É preciso, sim, enxugar o pênis, para que ele não fique úmido e, consequentemente, suscetível à proliferação de fungos. O descuido em relação à higiene não se restringe a esse hábito, apenas: muitos homens não levam a higiene íntima a sério.
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Se muitos esquecem ou deliberadamente não lavam as mãos depois de usar o banheiro, imagine quantos lembram, ou até mesmo sabem, que é recomendável enxaguá-las também antes de urinar? O urologista Marcos Arap, do Núcleo Avançado de Urologia do Hospital Sírio-Libanês, afirma que é importante cultivar esse hábito para não levar bactérias à região peniana e evitar infecções.
Na hora do banho também é importante lavar o pênis com especial atenção. Além de evitar mau odor, a limpeza ajuda a previnir infecções por fungos e bactérias e câncer de pênis. O urologista Rogério Simonetti, professor de Urologia da Unifesp (Escola Paulista de Medicina), explica que para limpar completamente o órgão é preciso retrair o prepúcio (pele que recobre a glande), lavar em volta da glande com sabonete e retirar todo o esmegma — secreção branca composta de células epiteliais descamadas, óleos e gorduras produzidas pelas glândulas do pênis – que fica acumulado na região, estendendo a higiene aos testículos, virilha e ânus.
Simonetti ressalta que a cautela deve ser redobrada nos homens que não operaram a fimose, já que o prepúcio estreita a passagem da glande, o que facilita o acúmulo de sujeira. Muitas vezes, nesses casos, é preciso utilizar sabonete íntimo, com pH fisiológico (entre 5 e 6), visto que alguns homens podem apresentar irritações na glande e no prepúcio com mais frequência.
Outra informação muitas vezes desconhecida é a importância de lavar o pênis após a relação sexual. O asseio ajuda a remover o lubrificante do preservativo que se mistura ao sêmen. “Nas relações sem proteção também deve ser feita a higiene, para remover o resíduo de esperma misturado às secreções vaginais”, acrescenta Simonetti. “Apesar de não garantir a proteção, a lavagem pode diminuir a probabilidade de infecção”, afirma Arap.
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Em relação ao hábito de depilar a região, os especialistas dividem a mesma opinião: não há necessidade, apenas aparar os pelos é suficiente para facilitar a higienização. “A depilação dos pelos pubianos aumenta o risco de inflamação cutânea, podendo causar foliculite – inflamação dos folículos capilares”, explica o dr. Arap. A irritação pode ser agravada caso a peça íntima seja muito apertada; cuecas mais soltas, tipo samba-canção, facilitam a circulação de ar e evitam a umidade no pênis, por isso são as mais recomendadas pelos especialistas.
Quanto ao tipo de tecido, os modelos feitos de algodão são os melhores, pois os sintéticos aumentam a transpiração da região peniana. Para Arap, a questão mais relevante não é o modelo nem o tecido, e sim não utilizar peças íntimas molhadas, que facilitam a proliferação de fungos.
Consequências da higiene precária
Além de infecções, a falta de higiene pode acarretar problemas mais sérios à saúde do homem, como aumentar o risco de surgimento do câncer de pênis. Apesar de raro (representa apenas 2% dos tumores malignos), a doença pode levar à amputação do órgão e até ao óbito, caso não seja tratada rapidamente. De acordo com o INCA (Instituto Nacional do Câncer), em 2009 surgiram 4637 novos casos de tumor peniano, sendo a maioria na região norte e nordeste.
A fimose também aumenta a possibilidade de surgimento do tumor. O risco ainda é maior quando o prepúcio deixa a passagem muito estreita, pois, com a glande encoberta pela pele, o paciente pode demorar para notar sintomas visíveis. Segundo Arap, a circuncisão (cirurgia da fimose) é considerada fator de proteção, capaz de reduzir para zero a probabilidade de contrair a doença.
Mais frequentemente, a falta de asseio pode causar balanite, uma inflamação na glande ou no prepúcio (nesse caso, a inflamação recebe o nome de balanopostite). Os principais sinais e sintomas são: sensação de coceira, ardor ou até mesmo dor na glande, que fica com a superfície avermelhada e apresenta secreções purulentas. Caso se prolongue até o prepúcio, a pele nessa região também fica vermelha e dolorida.
A falta de higiene íntima pode ainda acarretar problemas para as parceiras sexuais. Devido à anatomia do seu órgão genital, as mulheres estão mais expostas a fungos e bactérias e contraem doenças sexualmente transmissíveis com mais facilidade.
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