Rosa Maria Da Cruz, que manteve a filha no porta-malas de um carro, durante julgamento em corte de Tulle, na França — Foto: Georges Gobet/ AFP
21 de NOVEMBRO 2018 - Uma história escabrosa chegou ao fim - ao menos do ponto de vista legal. Para a vítima, porém, as sequelas durarão a vida toda.
Durante 23 meses, Rosa-Maria Da Cruz escondeu sua bebê Séréna entre o porta-malas de seu carro cheio de vermes e um quarto vazio de sua casa próxima à localidade de Brive-la-Gaillarde, no sudoeste da França.
A bebê foi encontrada em 2013, quando tinha entre 15 e 23 meses de vida.
Hoje, a menina de 7 anos tem traços autistas causados por privação sensorial, segundo os especialistas que a examinaram.
A menina, que não fala nem socializa, está em um orfanato.
Aparentemente, Da Cruz, de 50 anos e nascida em Portugal, não queria que seu marido e os outros três filhos soubessem da existência de Séréna.
Ela foi condenada por negligência causadora de incapacidade mental.
Como encontraram a bebê?
Séréna foi achada em 2013 por Guillaume Iguacel, um mecânico que escutou ruídos enquanto consertava o carro da mulher.
Ao abrir o porta-malas, o homem encontrou a menina suja com excrementos. Estava desidratada e pesava a metade do que seria seu peso ideal.
"Havia um odor horrível, cheirava a morte dentro do carro", disse Iguacel. "Encontrar a bebê nesse estado é inimaginável."
Segundo o veículo jornalístico France Info, um especialista que examinou Séréna pouco depois de seu resgate disse que a menina sofria de uma estranha forma de autismo.
Outro especialista que viu a bebê a descreveu como se "estivéssemos em frente a uma espécie de muro, sem reação, sem nada."
Domingos Sampaio Alves, marido de Da Cruz, disse que nunca soube da existência de Séréna.
"Não sei por que ela fez isso", disse Sampaio à corte e acrescentou que a mulher havia sido uma "boa mãe" com os outros filhos, de 9, 14 e 15 anos.
Da Cruz disse que não era capaz de explicar seus atos.
Choque no julgamento
Durante o julgamento, que durou cinco dias, um pediatra descreveu seus três outros filhos como "criados perfeitamente".
Um grupo de psiquiatras disse que Da Cruz era emocionalmente imatura, mas não era psicótica, manipuladora nem perversa.
Os advogados que a defenderam argumentaram que ela mostrava "uma negação da gravidez", já que, segundo eles, nunca aceitou ter um quarto filho.
Também se descobriu que Da Cruz demorou a revelar suas duas gravidezes anteriores ao marido.
Ela disse que via Séréna como "uma coisa" até que o bebê tinha 18 meses, quando lhe sorriu. Às vezes se esquecia de alimentá-la por dias.
"Quero pedir perdão a Séréna por todo o dano que lhe causei", ela disse no tribunal.
"Me dou conta de que a feri muito e de que nunca mais voltarei a ver minha pequena filha."
Da Cruz foi condenada a 5 anos de prisão, mas só terá de cumprir dois.
Segundo a corte, a sentença lhe permitirá educar os outros filhos.
"A corte quis levar em conta seus antecedentes, e essa decisão pode decepcionar muitos", disse o juiz.
Ele também ordenou que a mãe perdesse permanentemente a guarda da filha.
Da Cruz será acompanhada por assistentes sociais durante cinco anos e receberá tratamento psiquiátrico.
FRANÇA - Por BBC G1
21 de NOVEMBRO 2018 - Uma história escabrosa chegou ao fim - ao menos do ponto de vista legal. Para a vítima, porém, as sequelas durarão a vida toda.
Durante 23 meses, Rosa-Maria Da Cruz escondeu sua bebê Séréna entre o porta-malas de seu carro cheio de vermes e um quarto vazio de sua casa próxima à localidade de Brive-la-Gaillarde, no sudoeste da França.
A bebê foi encontrada em 2013, quando tinha entre 15 e 23 meses de vida.
Hoje, a menina de 7 anos tem traços autistas causados por privação sensorial, segundo os especialistas que a examinaram.
A menina, que não fala nem socializa, está em um orfanato.
Aparentemente, Da Cruz, de 50 anos e nascida em Portugal, não queria que seu marido e os outros três filhos soubessem da existência de Séréna.
Ela foi condenada por negligência causadora de incapacidade mental.
Como encontraram a bebê?
Séréna foi achada em 2013 por Guillaume Iguacel, um mecânico que escutou ruídos enquanto consertava o carro da mulher.
Ao abrir o porta-malas, o homem encontrou a menina suja com excrementos. Estava desidratada e pesava a metade do que seria seu peso ideal.
"Havia um odor horrível, cheirava a morte dentro do carro", disse Iguacel. "Encontrar a bebê nesse estado é inimaginável."
Entre as provas consideradas no julgamento de Rosa Maria Da Cruz estava uma cadeira de bebê cheia de urina e fezes — Foto: Georges Gobet/ AFP
Outro especialista que viu a bebê a descreveu como se "estivéssemos em frente a uma espécie de muro, sem reação, sem nada."
Domingos Sampaio Alves, marido de Da Cruz, disse que nunca soube da existência de Séréna.
"Não sei por que ela fez isso", disse Sampaio à corte e acrescentou que a mulher havia sido uma "boa mãe" com os outros filhos, de 9, 14 e 15 anos.
Da Cruz disse que não era capaz de explicar seus atos.
Choque no julgamento
Durante o julgamento, que durou cinco dias, um pediatra descreveu seus três outros filhos como "criados perfeitamente".
Um grupo de psiquiatras disse que Da Cruz era emocionalmente imatura, mas não era psicótica, manipuladora nem perversa.
Os advogados que a defenderam argumentaram que ela mostrava "uma negação da gravidez", já que, segundo eles, nunca aceitou ter um quarto filho.
Também se descobriu que Da Cruz demorou a revelar suas duas gravidezes anteriores ao marido.
Ela disse que via Séréna como "uma coisa" até que o bebê tinha 18 meses, quando lhe sorriu. Às vezes se esquecia de alimentá-la por dias.
"Quero pedir perdão a Séréna por todo o dano que lhe causei", ela disse no tribunal.
"Me dou conta de que a feri muito e de que nunca mais voltarei a ver minha pequena filha."
Da Cruz foi condenada a 5 anos de prisão, mas só terá de cumprir dois.
Segundo a corte, a sentença lhe permitirá educar os outros filhos.
"A corte quis levar em conta seus antecedentes, e essa decisão pode decepcionar muitos", disse o juiz.
Ele também ordenou que a mãe perdesse permanentemente a guarda da filha.
Da Cruz será acompanhada por assistentes sociais durante cinco anos e receberá tratamento psiquiátrico.
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