Jhenyfer cursou o ensino médio no Colégio Pedro II, no
Rio de Janeiro. — Foto: Arquivo pessoal
02 de FEVEREIRO 2019 - Jhenyfer Rosa, de 17 anos, foi aprovada em medicina na Universidade de São Paulo pelas cotas do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Eram 15 vagas reservadas a ex-alunos de escolas públicas que sejam negros, pardos ou indígenas. A jovem orgulha-se de estar nesse grupo e defende que as universidades deixem de ser elitizadas.
“A gente vem lutando há anos para incluir mais pessoas nas faculdades. O direito à educação é para todos, não só ricos e brancos. Gente de bairros marginalizados precisa ter a oportunidade de crescimento, de acesso ao conhecimento”, diz a garota. “As cotas da USP são necessárias. Uma coisa é poder fazer 4 anos de cursinho, até passar em medicina. Outra é ter só uma chance na vida”, completa.
Jhenyfer se declara negra. Seu pai, também negro, é técnico de segurança do trabalho, mas está desempregado. A mãe, branca, é técnica de enfermagem em uma clínica de hemodiálise. Inclusive, foi ela que inspirou a filha a seguir a carreira na medicina – além de séries médicas e vídeos de cirurgias, assistidos em maratona pela jovem.
Bolsa no cursinho
Jhenyfer dedicou-se e foi aprovada em uma escola federal disputada no Rio de Janeiro, o Colégio Pedro II. Para conseguir se matricular ali, é necessário prestar um concurso. “É muito concorrido, mas estudei bastante no 9º ano para conseguir. Fui aprovada também em outros dois institutos federais, mas que ofereciam o ensino médio técnico. Preferi o regular, para ficar focada no Enem”, diz.
E cumpriu seu objetivo. Durante os três anos, no Pedro II, preparou-se para o Exame Nacional do Ensino Médio. No primeiro semestre de 2017, ainda fez cursinho pré-vestibular – mas não conseguiu continuar pagando as mensalidades. “Passei a estudar sozinha, em casa, e a criar disciplina para isso. Via vídeos online e fazia exercícios das apostilas até 23h. No dia seguinte, acordava às 5h e ia para a escola”, conta.
Mas, como Jhenyfer sempre ficava em primeiro lugar nos rankings internos no cursinho, recebeu uma ligação da instituição. “Me ofereceram uma bolsa de 100%. E aí voltei a estudar lá, quando estava perto do Enem”, relata.
Mudança para São Paulo
Para realizar o sonho de Jhenyfer estudar na USP, a família inteira deve se mudar do Rio de Janeiro para São Paulo. A mãe da menina está tentando ser transferida para um emprego na capital paulista. E o pai acredita que o mercado de trabalho será melhor na nova cidade.
Eles procuram uma casa próxima a alguma estação de metrô, que seja de baixo custo. Ainda não encontraram. Mas nada que atrapalhe a comemoração.
“Meus pais contaram pra todo mundo que passei na USP. Ficaram malucos”, ri. “Até criei um canal no Youtube. Quero mostrar como vai ser meu dia a dia nessa nova etapa.”
ENEM MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SISU
Por Luiza Tenente, G1
02 de FEVEREIRO 2019 - Jhenyfer Rosa, de 17 anos, foi aprovada em medicina na Universidade de São Paulo pelas cotas do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Eram 15 vagas reservadas a ex-alunos de escolas públicas que sejam negros, pardos ou indígenas. A jovem orgulha-se de estar nesse grupo e defende que as universidades deixem de ser elitizadas.
“A gente vem lutando há anos para incluir mais pessoas nas faculdades. O direito à educação é para todos, não só ricos e brancos. Gente de bairros marginalizados precisa ter a oportunidade de crescimento, de acesso ao conhecimento”, diz a garota. “As cotas da USP são necessárias. Uma coisa é poder fazer 4 anos de cursinho, até passar em medicina. Outra é ter só uma chance na vida”, completa.
Jhenyfer se declara negra. Seu pai, também negro, é técnico de segurança do trabalho, mas está desempregado. A mãe, branca, é técnica de enfermagem em uma clínica de hemodiálise. Inclusive, foi ela que inspirou a filha a seguir a carreira na medicina – além de séries médicas e vídeos de cirurgias, assistidos em maratona pela jovem.
Jhenyfer sonhava em ser aprovada em medicina na USP. — Foto: Arquivo pessoal
Jhenyfer dedicou-se e foi aprovada em uma escola federal disputada no Rio de Janeiro, o Colégio Pedro II. Para conseguir se matricular ali, é necessário prestar um concurso. “É muito concorrido, mas estudei bastante no 9º ano para conseguir. Fui aprovada também em outros dois institutos federais, mas que ofereciam o ensino médio técnico. Preferi o regular, para ficar focada no Enem”, diz.
Jhenyfer Rosa formou-se no ensino médio em 2018.
Ela foi aprovada em medicina na USP aos 17 anos. — Foto: Arquivo pessoal
E cumpriu seu objetivo. Durante os três anos, no Pedro II, preparou-se para o Exame Nacional do Ensino Médio. No primeiro semestre de 2017, ainda fez cursinho pré-vestibular – mas não conseguiu continuar pagando as mensalidades. “Passei a estudar sozinha, em casa, e a criar disciplina para isso. Via vídeos online e fazia exercícios das apostilas até 23h. No dia seguinte, acordava às 5h e ia para a escola”, conta.
Mas, como Jhenyfer sempre ficava em primeiro lugar nos rankings internos no cursinho, recebeu uma ligação da instituição. “Me ofereceram uma bolsa de 100%. E aí voltei a estudar lá, quando estava perto do Enem”, relata.
Mudança para São Paulo
Para realizar o sonho de Jhenyfer estudar na USP, a família inteira deve se mudar do Rio de Janeiro para São Paulo. A mãe da menina está tentando ser transferida para um emprego na capital paulista. E o pai acredita que o mercado de trabalho será melhor na nova cidade.
Eles procuram uma casa próxima a alguma estação de metrô, que seja de baixo custo. Ainda não encontraram. Mas nada que atrapalhe a comemoração.
“Meus pais contaram pra todo mundo que passei na USP. Ficaram malucos”, ri. “Até criei um canal no Youtube. Quero mostrar como vai ser meu dia a dia nessa nova etapa.”
ENEM MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SISU
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