A promotora de eventos Danila Bernardo — Foto: Divulgação
08 de AGOSTO 2019 - A promotora de eventos Danila Bernardo, de 31 anos, acusa de racismo o dono de uma agência de eventos para a qual prestou serviços em São Paulo. Em um áudio enviado pelo aplicativo WhatsApp, um homem usa os termos “macaca” e “puta” para se referir a Danila (ouça abaixo). Procurado pelo G1 por e-mail e telefone, o empresário não foi localizado para comentar o caso até a publicação desta reportagem.
Segundo Danila, ela foi contratada pela agência para trabalhar em um grande evento de decoração que durou 60 dias. Após o fim do contrato, a promotora enviou mensagem para o empresário nesta terça-feira (6) pedindo um comprovante de pagamento.
“Ele me mandou um comprovante de pagamento e eu perguntei sobre os outros, porque os pagamentos seriam feitos em três vezes. Ele me mandou um primeiro áudio falando que estava no banco, que não daria para mandar no momento, mas que mais tarde mandaria. Foi quando eu recebi o segundo áudio”, diz.
Na gravação enviada por Danila para a reportagem, um homem exaltado usa vários palavrões e termos racistas para se referir à promotora.
“Aquela puta daquela Mila... Mila não, Danila. Vai tomar no cu, viu? Não dá para ser racista não, mas tem hora que tem que chamar de macaca mesmo. Mina chata do caralho. Tô no maior veneno com essa puta dessa macaca do caralho. Agora veio com papo de ‘você precisa somar para saber quanto me pagou’. Eu falei ‘ô querida, você pega todos os comprovantes de depósito que eu fiz para você e soma porque eu não consigo fazer isso agora’”, diz o áudio.
Danila afirma que a mensagem foi encaminhada por engano, mas que conseguiu baixar o conteúdo antes que fosse apagado.
“Depois que eu ouvi que entendi que ele tinha mandado em uma lista de transmissão para as pessoas que foram contratadas para o evento. Ele apagou, mas eu consegui ouvir o áudio. Logo depois fui até uma delegacia especializada e abri o boletim de ocorrência”, conta.
Injúria racial
O caso foi registrado como injúria racial na terça-feira (6) na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que fica no Centro de São Paulo.
“Na hora eu senti repulsa. Eu fiquei tão chocada e indignada que não acreditei no que ouvi. É muito triste e muito revoltante e causa um trauma eterno na pessoa que recebe isso. As pessoas falam que racismo não existe, tratam isso como vitimismo, mas não é”, afirma.
Trabalhando com eventos há 9 anos, Danila diz que o racismo velado é recorrente na área, mas afirma que foi a primeira vez que sofreu algo tão explícito.
“Além de o áudio ser racista, é um áudio machista. Ele me chamou de puta. Passamos por isso no meio de eventos, mas passamos por isso em shoppings, restaurantes. É humilhante. Quero levar isso para frente por todas as mulheres, mas principalmente pelas mulheres negras que passam por isso o tempo todo”, diz.
Por Marina Pinhoni, G1 SP — São Paulo
08 de AGOSTO 2019 - A promotora de eventos Danila Bernardo, de 31 anos, acusa de racismo o dono de uma agência de eventos para a qual prestou serviços em São Paulo. Em um áudio enviado pelo aplicativo WhatsApp, um homem usa os termos “macaca” e “puta” para se referir a Danila (ouça abaixo). Procurado pelo G1 por e-mail e telefone, o empresário não foi localizado para comentar o caso até a publicação desta reportagem.
Segundo Danila, ela foi contratada pela agência para trabalhar em um grande evento de decoração que durou 60 dias. Após o fim do contrato, a promotora enviou mensagem para o empresário nesta terça-feira (6) pedindo um comprovante de pagamento.
“Ele me mandou um comprovante de pagamento e eu perguntei sobre os outros, porque os pagamentos seriam feitos em três vezes. Ele me mandou um primeiro áudio falando que estava no banco, que não daria para mandar no momento, mas que mais tarde mandaria. Foi quando eu recebi o segundo áudio”, diz.
Na gravação enviada por Danila para a reportagem, um homem exaltado usa vários palavrões e termos racistas para se referir à promotora.
“Aquela puta daquela Mila... Mila não, Danila. Vai tomar no cu, viu? Não dá para ser racista não, mas tem hora que tem que chamar de macaca mesmo. Mina chata do caralho. Tô no maior veneno com essa puta dessa macaca do caralho. Agora veio com papo de ‘você precisa somar para saber quanto me pagou’. Eu falei ‘ô querida, você pega todos os comprovantes de depósito que eu fiz para você e soma porque eu não consigo fazer isso agora’”, diz o áudio.
Danila afirma que a mensagem foi encaminhada por engano, mas que conseguiu baixar o conteúdo antes que fosse apagado.
“Depois que eu ouvi que entendi que ele tinha mandado em uma lista de transmissão para as pessoas que foram contratadas para o evento. Ele apagou, mas eu consegui ouvir o áudio. Logo depois fui até uma delegacia especializada e abri o boletim de ocorrência”, conta.
Injúria racial
O caso foi registrado como injúria racial na terça-feira (6) na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que fica no Centro de São Paulo.
“Na hora eu senti repulsa. Eu fiquei tão chocada e indignada que não acreditei no que ouvi. É muito triste e muito revoltante e causa um trauma eterno na pessoa que recebe isso. As pessoas falam que racismo não existe, tratam isso como vitimismo, mas não é”, afirma.
Trabalhando com eventos há 9 anos, Danila diz que o racismo velado é recorrente na área, mas afirma que foi a primeira vez que sofreu algo tão explícito.
“Além de o áudio ser racista, é um áudio machista. Ele me chamou de puta. Passamos por isso no meio de eventos, mas passamos por isso em shoppings, restaurantes. É humilhante. Quero levar isso para frente por todas as mulheres, mas principalmente pelas mulheres negras que passam por isso o tempo todo”, diz.
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