Ceará já contabiliza 23 tartarugas mortas após surgimento de manchas de óleo no mar

Nesta segunda-feira (14), na praia do Porto das Dunas, 
em Fortaleza, mais uma tartaruga foi achada 
morta, apresentando manchas de óleo na região do 
pescoço — Foto: Divulgação

15 de OUTUBRO 2019 - O número de tartarugas encontradas mortas no litoral do Ceará já chega a 23, desde o início do aparecimento de manchas de óleo no mar do Nordeste até esta terça-feira (15). Balanço divulgado pelo Instituto Verdeluz contabiliza 21 animais. Porém, somente no último fim de semana, o G1 apurou que pelo menos mais duas tartarugas foram avistadas sem vida nas praias do Estado, o que elevaria a contagem. Apesar de não haver confirmação da causa das mortes, a principal suspeita é a de contaminação pelas manchas de óleo que incidiram no litoral nordestino desde o mês passado.

Um dos animais foi achado na praia de Beberibe, no litoral leste do Estado. Outro, já em estado de decomposição, foi avistado na praia da Taíba, no litoral oeste. Nesta segunda-feira (14), na praia do Porto das Dunas, em Fortaleza, mais uma tartaruga adulta, de grande porte, apresentando manchas de óleo na região do pescoço, foi localizada sem vida.

A orientação para quem encontrar alguma tartaruga morta, segundo o Verdeluz, é medir o comprimento e a largura do casco, pegar as coordenadas do local e tirar fotos da ocorrência, repassando todo o material à ONG. Em caso de encalhe de animal vivo, é preciso, primeiramente, contactar o Instituto Verdeluz, pois o manejo de tartarugas marinhas só deve ser realizado por meio de uma licença do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

"Enquanto espera a chegada da equipe, em caso de encalhe vivo, isolar a área, oferecer sombra, manter o animal na areia com tecidos úmidos sobre o casco", disse o Verdeluz em nota. Outra orientação é nunca manter o animal virado com o ventre para cima.

De acordo com o boletim divulgado no domingo (13), pelo Ibama, 10 pontos do litoral cearense foram afetados pelo petróleo cru. Ainda no relatório, foram registrados três animais mortos (duas tartarugas e uma ave). Os vestígios de óleo preocupam agora o nascimento de novos animais, que deve começar a acontecer nos últimos meses deste ano.

Entre os meses de outubro e março acontece a desova das tartarugas marinhas nas areias da Praia do Futuro e da Praia da Sabiaguaba, em Fortaleza, motivo de alerta para ambientalistas que monitoram o litoral. Com o aparecimento de manchas de óleo, os voluntários temem que o petróleo cru atrapalhe a chegada dos animais ao mar - evento que deve ter início por volta do mês de novembro.

Depois de depositar os ovos na areia, são necessários de 45 a 60 dias para que as tartarugas comecem o processo de eclosão, como explica Adla Farah, 27, estudante de medicina veterinária e voluntária do Instituto Verdeluz. “Nessa época mais quente, as tartarugas retornam à praia onde nasceram para depositar seus ovos. Cada uma pode fazer entre duas a nove desovas por período. E em média, depositam 120 ovos, por desova, dependendo da espécie”, explica.

Farah conta que toda semana o grupo visita a Sabiaguaba nas primeiras horas do dia para identificar os locais em que as tartarugas fazem os ninhos. “Ainda tem muita gente que rouba ovos e animais que comem, então a gente tem de ficar olhando”, acrescenta. Dessa forma, os voluntários acompanham o processo de incubação de cerca de 20 ninhos por temporada reprodutiva.

“Quando elas nascem são muito pequenas e já tem muitos predadores. Esse petróleo é tóxico e está na faixa de areia todinha. Elas já tem muitos obstáculos e podem acabar ficando com o petróleo nelas.”

Conforme informou a Prefeitura de Fortaleza, por nota, nas últimas visitas na Praia da Sabiaguaba foi observado que o local está sob controle quanto aos resíduos de óleo que foram encontrados. O órgão disse ainda que realiza o monitoramento do local para verificar se mais resíduos chegaram à orla e fazer as retiradas necessárias.

Já sobre os animais que são encontrados sem vida, o informe esclarece que eles são encaminhados ao Instituto Verde Luz e Universidade Federal e que os encontrados vivos, e com manchas de óleo, para a ONG Aquasis. Fora a ação emergencial, está sendo realizado trabalho de limpeza diariamente na faixa de areia da Capital.

Por Lucas Falconery e Sabrina Souza

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