Superatleta internado em SP teve os rins afetados pelo coronavírus: 'Subestimei a doença'


Superatleta do litoral paulista foi diagnosticado com Covid-19 
— Foto: Arquivo Pessoal/Alexandra Souza

23 de ABRIL 2020 - “O mais difícil como atleta foi que subestimei a doença por achar que era forte por dentro e por fora, mas vi que estava enganado e qualquer um pode estar exposto ao risco”. O relato do atleta Ricardo Xavier de Souza, multicampeão de levantamento de peso que foi diagnosticado com o novo coronavírus, retrata a batalha que 'Gigante', como é conhecido, travou após ser intubado em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), no litoral de São Paulo, após ter pulmões e rins comprometidos pela doença.

Souza é considerado um superatleta multicampeão de powerlifting. Ele tem 1,82 m de altura e pesa 127 kg. O superatleta, que consegue levantar até 250 kg, relatou ao G1 que os primeiros sintomas que sentiu da doença foram dor de cabeça, dores no corpo e febre.

“É muito mais fácil levantar todo o peso que estou acostumado no esporte do que carregar o ‘peso’ de passar por essa doença. Sem comparações. É algo que não desejo para ninguém, digo isso não só como atleta, mas também como pessoa”, diz Ricardo.

De acordo com ele, desde que passou a sentir os primeiros sintomas da doença, suspeitou que poderia ser a Covid-19. Quando procurou o médico, a suspeita do profissional que o atendeu era que fosse dengue, mas o resultado deu negativo. “Então ele pediu para repetir o exame, mas também fazer uma tomografia dos pulmões”, relembra.


Superatleta e esposa completaram 20 anos de casados dia 12 de 
abril e ele estava internado — Foto: Arquivo pessoal/Alexandra Souza

O atleta explica que o médico identificou que pela forte falta de ar e plaquetas baixas, ele estava com começo de pneumonia. Então desde o dia 6 de abril, Ricardo passou a ser acompanhado no hospital e fez o teste para o novo coronavírus.

“Foram três dias na enfermaria, cinco dias intubado. Duas hemodiálises, mais cinco dias consciente na UTI e, em seguida, quatro dias na observação. O resultado positivo chegou enquanto eu estava sedado, dia 10 de abril, então eu só soube que realmente estava com a doença no dia que recebi alta”, conta o superatleta, que teve os rins afetados pela doença.

Entre os mais de 10 dias que passou internado, Ricardo afirma que o mais difícil foi estar longe da família. “A dor da saudade foi muito forte. Acho que isso é uma das piores coisas dessa doença, o isolamento. Perdi duas datas muito importantes enquanto estava no hospital, o aniversário do meu filho de 18 anos, dia 10 de abril, e o dia em que eu e minha esposa comemoraríamos 20 anos de casados, dia 12 de abril”, acrescenta.


Gigante agradece equipe médica de joelhos ao ter alta de 
hospital em Santos (SP) — Foto: Reprodução

Apesar de ser ‘derrubado’ pela Covid-19, o superatleta relatou que não perdeu a fé de que poderia se recuperar. Neste fim de semana, ele recebeu alta e foi aplaudido por toda a equipe do hospital e pelos moradores do prédio em que mora.

“Eu via tantas notícias de pessoas morrendo, que quando fui para UTI, fiquei com medo de não resistir. Então no momento da alta fiquei muito emocionado, porque vi o pessoal me aplaudindo e cantando o hino. Ajoelhei e agradeci a Deus. Sou a prova viva de que podemos superar essa doença. Eu sou muito grato, principalmente a toda equipe do hospital, desde o auxiliar de limpeza aos médicos, todos fizeram eu me sentir não como um paciente, mas como parte de uma família”, destaca.

Para o superatleta, agora estar de volta ao lar é um sentimento de renascimento e de consciência sobre a importância de redobrar os cuidados. “Temos que ter consciência da seriedade da doença e manter o isolamento e cuidados. Agora meu sentimento é de renascimento, de ver as coisas diferentes e valorizar mais a vida a cada segundo, além de valorizar ainda mais o ar que respiro”, conclui.


Por G1 Santos

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