Elissânia Oliveira, 32, professora de História e Sociologia,
nascida e criada na periferia de Fortaleza — Foto: Arquivo
Pessoal
04 de JUNHO 2020 - Chaga social que assola pretas e pretos há séculos, a violência física, psicológica e institucional em função da cor da pele e da raça persiste das menores às maiores atitudes cotidianas. As recentes mortes do menino João Pedro, 14, no Rio de Janeiro; e de George Floyd, 46, nos Estados Unidos, ambas praticadas pela polícia; evidenciaram as discussões sobre racismo, nas redes sociais – e facilitaram o acesso de todos a pautas cotidianas para a parcela preta da sociedade.
Para Elissânia Oliveira, 32, professora de História e Sociologia, nascida e criada na periferia de Fortaleza, “a questão é que a classe branca não tem escutado”. “O racismo é algo que a gente sente antes de saber quem é, antes de se pensar enquanto ser preto. Na infância mesmo você começa a ser apontado como algo negativo que nem sabe o que significa. Até dentro da periferia, lugar que tem cor negra, a gente vivencia essa violência, diante de uma conjuntura que nega a nossa negritude, diz que não existimos”, desabafa.
Uma das maiores dificuldades no enfrentamento ao racismo no Ceará é reconhecer que ele existe.
“Ainda hoje se divulga a não existência de negros na construção da população cearense. É uma pergunta constante que escutamos: ‘de onde você é?’ As pessoas esperam que você responda que é da Bahia, do Rio de Janeiro, não daqui. Você nunca é um preto cearense. Ser preto aqui é nascer num lugar que apaga sua identidade”, descreve Elissânia
Esse “apagamento”, aliás, violenta de dentro para fora, como explica a professora. “Quando você se reconhece negro, começa a buscar as motivações pro preconceito que tá sofrendo. Mas tem quem vá sofrer a vida toda sem saber as razões, que ficam escondidas atrás da sutilezas do cotidiano. Estudar História me trouxe esses porquês – e isso não me deixou mais leve. Mas é mais confortável lutar contra os motivos sabendo quais são”.
Por Theyse Viana, G1 CE
04 de JUNHO 2020 - Chaga social que assola pretas e pretos há séculos, a violência física, psicológica e institucional em função da cor da pele e da raça persiste das menores às maiores atitudes cotidianas. As recentes mortes do menino João Pedro, 14, no Rio de Janeiro; e de George Floyd, 46, nos Estados Unidos, ambas praticadas pela polícia; evidenciaram as discussões sobre racismo, nas redes sociais – e facilitaram o acesso de todos a pautas cotidianas para a parcela preta da sociedade.
Para Elissânia Oliveira, 32, professora de História e Sociologia, nascida e criada na periferia de Fortaleza, “a questão é que a classe branca não tem escutado”. “O racismo é algo que a gente sente antes de saber quem é, antes de se pensar enquanto ser preto. Na infância mesmo você começa a ser apontado como algo negativo que nem sabe o que significa. Até dentro da periferia, lugar que tem cor negra, a gente vivencia essa violência, diante de uma conjuntura que nega a nossa negritude, diz que não existimos”, desabafa.
Uma das maiores dificuldades no enfrentamento ao racismo no Ceará é reconhecer que ele existe.
“Ainda hoje se divulga a não existência de negros na construção da população cearense. É uma pergunta constante que escutamos: ‘de onde você é?’ As pessoas esperam que você responda que é da Bahia, do Rio de Janeiro, não daqui. Você nunca é um preto cearense. Ser preto aqui é nascer num lugar que apaga sua identidade”, descreve Elissânia
Esse “apagamento”, aliás, violenta de dentro para fora, como explica a professora. “Quando você se reconhece negro, começa a buscar as motivações pro preconceito que tá sofrendo. Mas tem quem vá sofrer a vida toda sem saber as razões, que ficam escondidas atrás da sutilezas do cotidiano. Estudar História me trouxe esses porquês – e isso não me deixou mais leve. Mas é mais confortável lutar contra os motivos sabendo quais são”.
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