Um universo de perseverança: Estudante potiguar inicia campanha para adquirir telescópio


Arthur Felipe mora em Martins. Foto: Arquivo Pessoal

31 de AGOSTO 2020 - As realidades são diferentes e complexas, passando por uma infinidade de existências – talvez ainda pouco exploradas. Apaixonado pelo desconhecido, Arthur Felipe vive em busca de novas descobertas. O potiguar de apenas 17 anos já construiu sozinho um telescópio para observar corpos celestes e fenômenos originados fora da atmosfera da terra. “Em 2018, em uma feira de ciências da minha escola, consegui montar um telescópio de material reciclado. Usei cano de PVC, copos plásticos e lente de lupa”, contou em entrevista ao Agora RN. 

Arthur revelou que é aficionado por constelações e, especialmente, pela lua. “Tem até nome para isso: selenofilia, que indica fascinação extrema pelo astro. Sou movido pela curiosidade acerca do assunto desde os 10 anos, mas não sou interessado somente pelo cosmo. Me considero um jovem entusiasta da ciência, principalmente da área de exatas”, afirmou.

Ele nasceu em Natal, mas mora em Martins há um bom tempo. Atualmente, cursa o terceiro ano do ensino médio em uma escola pública. “Dei aulas sobre química e física no colégio, criei um projeto virtual para compartilhar informações com 80 alunos do Rio Grande do Sul. Em dezembro do ano passado, participei do lançamento de foguetes feitos de garrafas PET no campus da Ufersa em Caraúbas”.


Arthur construiu telescópio de material reciclado. Foto: 
Arquivo Pessoal

Arthur é tão dedicado que tem livros até em cima da cama. Em 2017, atingiu a pontuação máxima da prova da Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA). “Depois de me esforçar bastante, consegui gabaritar o exame. É muito importante porque a NASA já notou pessoas que se saíram bem na OBA e esse é um dos meus grandes sonhos”, relatou.

Além do telescópio reciclado, o estudante tem outro equipamento que está obsoleto. Com o desejo de continuar as pesquisas na área da astronomia, o potiguar pretende adquirir um telescópio mais potente e moderno. Só que o custo é muito alto: em torno de R$ 6.500. Foi por isso que, há uma semana, ele aprendeu a fazer empadas para vender por encomendas e juntar dinheiro.

“Minha mãe me ensinou a fazer a massa e os recheios e, desde então, passo as madrugadas cozinhando. Alguns amigos colaboram fazendo pedidos. O resto, vendo no centro da cidade. Claro, utilizando máscara e álcool em gel”, disse. Arthur também criou um financiamento coletivo no site Vakinha para ajudar a atingir o valor do telescópio.

Futuro

Caso consiga arrecadar mais recursos, o jovem planeja comprar também uma câmera profissional para tirar fotos da lua e um computador para processar as imagens. “Quero ser astrofotógrafo, aliás, tirei a primeira foto planetária da minha cidade”. Através do investimento na ciência e na educação, o estudante acredita que um futuro melhor é possível, tanto para ele quanto para o resto do mundo. “Não podemos viver na escuridão. Precisamos focar na pesquisa básica porque a educação pode ajudar a desenvolver o nosso país”.

Em breve, Arthur deve criar um clube científico e um observatório em Martins. “Um professor me convidou para participar do programa e, agora, estamos no processo de planejamento. A intenção é reunir garotos como eu, que se interessam pelos estudos, mas que às vezes não são levados a sério. Faltam oportunidades, mas com perseverança e boas ideias, teremos grandes projetos”, assegurou.

Arthur aprendeu a fazer empadas para vender. 
Foto: Arquivo Pessoal

Nathallya Macedo - AGORARN

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