Cemitérios públicos de Natal são alvo de furtos e de depredações


No Cemitério de Ponta Negra, foram dois furtos esta semana, 
segundo trabalhadores. Semsur fará reunião sobre o assunto

18 de MARÇO 2022 - Quem visita os cemitérios públicos na cidade de Natal tem se deparado com um triste cenário. Túmulos danificados, símbolos religiosos furtados e um sentimento de insegurança causado por criminosos em busca de bronze. Apenas nesta semana, o Cemitério Público de Ponta Negra já foi alvo de furto em dois dias distintos. Responsáveis pela manutenção e preservação do patrimônio, a Secretaria Municipal de Serviços Públicos (Semsur) e a Guarda Municipal de Natal (GMN) devem ser reunir amanhã para tratar sobre o assunto.

Por meio de nota, a Semsur comunicou que registrou a série de furtos em Ponta Negra e a Guarda Municipal foi acionada. Além disso, informam que estão realizando uma vistoria no equipamento para verificar o que foi furtado e devem viabilizar a instalação de câmeras de segurança interligadas ao Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp).

“A Semsur lembra a todos que essa é uma situação de segurança pública e a Secretaria está agindo em conjunto com a Guarda Municipal para tentar coibir as ações dos criminosos. Porém, como é sabido, tanto a guarda, como as polícias Civil e Militar, têm um baixo efetivo e o trabalho de combate a esse tipo de crime é um pouco demorado. Desta forma, é imprescindível o apoio da população”.

Em entrevista à TRIBUNA DO NORTE, o subcomandante de segurança da Guarda Municipal, Carlos Alberto Cruz, ressaltou que o monitoramento eletrônico vai possibilitar uma pronta resposta para a população. “Estamos buscando o nosso setor de inteligência, que vai trabalhar nessa demanda. Já traçamos o perfil desses criminosos, infelizmente quem comete furto em cemitério são, em sua maioria, dependentes químicos. Eles querem alguma coisa para trocar por aquilo que consomem. Com o setor de inteligência atuando, vamos aumentar o patrulhamento e deslocar viaturas para a Zona Sul”.

Também reforça que a população local pode contribuir com as ações de segurança, alertando as autoridades de forma totalmente anônima. A Prefeitura do Natal pede que os moradores do entorno dos cemitérios denunciem qualquer atividade suspeita, por meio dos números 190 ou 181. O sigilo do denunciante é garantido.

A Polícia Militar esclareceu que mantém seu policiamento ostensivo diário, de acordo com as demandas, através dos levantamentos de manchas criminais, e outros números e pesquisas em Natal e Grande Natal. Mas, nesse caso, operações específicas são de responsabilidade da Guarda Municipal. Sobre a investigação a respeito do furto da estátua de bronze, que ficava no mausoléu de João Câmara, o delegado Julio Rocha da 3ª DP disse que nada foi encontrado até agora.

“O inquérito foi instaurado e todos foram ouvidos. Foi encaminhado ofício para os órgãos de segurança para obter imagens do cemitério mas a Prefeitura não tem esse material e nem há vigia no local. Por sinal, a depredação e subtração de objetos e imagens nos cemitérios de Natal continuam, os boletins de ocorrência ainda estão sendo registrados, e até agora a Prefeitura não tomou providência para instalar um sistema de câmeras ou contratar vigilantes. O inquérito está em andamento mas não conseguimos recuperar a estátua”, comenta.

Trabalhadores relatam furtos constantes

No cemitério público de Ponta Negra, trabalhadores do local lamentaram as duas situações de furto que ocorreram na semana. Ao entrar, já se notava túmulos danificados e a ausência de elementos religiosos de adereço nas lápides. Andando pelo cemitério, haviam cruzes quebradas no chão, resultado do furto de partes de bronze pelos criminosos. Até fotos de falecidos tinham sido depredadas.

“Em janeiro, roubaram uns 60 túmulos. Nessa semana, foram mais 30, levaram os cristos e as argolas. Isso tudo é bronze. Tem túmulo com a tampa quebrada por causa disso. Eles quebram para tirar as argolas que são parafusados por baixo. Voltaram de novo, já é a terceira vez que fizeram isso. De noite, não tem ninguém aqui. Comunicamos a Semsur, mas até agora não deu em nada e eles continuam atacando”, disse um funcionário que preferiu não ser identificado.

O furto da estátua de bronze, que ficava no mausoléu de João Câmara, no Cemitério do Alecrim, evidenciou esse problema, com uma grande repercussão nas redes sociais no mês de janeiro logo após a ocorrência. A escultura é do deus mitológico Hermes, considerado deus dos comerciantes. “Levaram a estátua de Hermes e recentemente levaram fios de iluminação mas quanto às argolas e símbolos não tem mais aqui no Alecrim, roubaram tudo. Inclusive, recomendamos que as famílias não coloquem mais adereços de bronze em cima de túmulos”, explicou um administrador que também não quis ser identificado pela reportagem.

Assim como em Ponta Negra, não há vigia no Cemitério do Alecrim e o patrulhamento da Guarda Municipal e Polícia Militar são as únicas formas de segurança. Com muros baixos, a estrutura física do local é facilmente violada e portões já foram arrombados pelos criminosos, que levaram cadeado e tudo. “O problema é aqui dentro, as forças de segurança podem até circular com viaturas mas os vândalos cometem os crimes de madrugada com todo mundo já dormindo. Infelizmente, já quebraram muita coisa por aqui. Não tem mais nada para roubar”, finaliza.

Fonte: Tribuna do Norte.

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