Estudante cria 'barraca do título' para ajudar adolescentes a tirarem o título de eleitor no RN

Heloíse Almeida já ajudou mais de 80 jovens a tirarem o título 
de eleitor em Mossoró — Foto: Inter TV Costa 
Branca/Reprodução

11 de ABRIL 2022 - Uma adolescente potiguar de 17 anos já convenceu mais de 80 jovens com idades entre 16 e 17 anos a tirarem o título de eleitor para participar das eleições de 2022.

Heloíse Almeida foi selecionada junto com outras nove meninas de todo o país para participar do projeto "Cada Voto Conta", criado por uma rede de ativismo para incentivar os adolescentes a tirarem o título. Ela vem engajando estudantes em escolas de Mossoró, no Oeste potiguar.

A leitura é uma das paixões de Heloíse e foi a partir do conhecimento adquirido nos livros que ela se tornou uma jovem interessada na política.

"A gente conversa com as pessoas, fala da importância de como o voto influencia na sociedade, no cotidiano, também nas verbas que vêm para educação, que vão influenciar na qualidade do nosso ensino médio, da nossa faculdade, nos direitos trabalhistas, quando a gente for atrás do primeiro emprego", afirma.

O gosto pelas discussões sobre política começou em casa, sempre com muita liberdade de escolha, um dos pilares da democracia.

"A política surge no assunto da nossa família e a gente sempre conversa sobre política, conversa sobre outros temas", diz o pai da jovem, o servidor público Ilderlandio Luna.

"Sempre ela foi muito questionadora. Tudo que a gente falava ela tinha um questionamento por trás e eu gosto disso", disse a mãe de Heloíse, Zélia Almeida, que é oficial de justiça.

Atualmente de férias do curso de Computação do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), a rotina de Heloíse é sair tentando convencer outros jovens sobre a importância de votar.

De férias do curso no IFRN, Heloíse se dedica a incentivar 
outros jovens a tirarem o título de eleitor. — Foto: 
Reprodução/Inter TV Costa Branca

Em uma escola estadual com cerca de 1.400 estudantes, junto com um grupo de amigos voluntários, ela montou a barraca do título - um serviço itinerante para ajudar quem ainda não tirou o documento. Os professores também deram uma força na divulgação do serviço em sala de aula.

Quando ficaram sabendo que poderiam fazer o título na escola, os estudantes formaram uma fila em frente à sala onde o serviço estava sendo oferecido. Em cerca de 2 horas, a equipe liderada por Heloise conseguiu fazer 13 títulos.

Heloísa e seus amigos voluntário já visitaram três escolas, mas eles pretendem continuar oferecendo esse trabalho em outras unidades que demonstrarem interesse até o dia 4 de maio – data limite para emissão dos títulos.

"Conscientizar esses alunos de que através do voto que eles podem garantir o direito à saúde, o direito à educação, direito à segurança, é também um papel da escola. Então nós abraçamos, montamos a estrutura e fizemos toda a logística para receber o projeto hoje", diz o diretor da escola, Neto Damasceno.

O trabalho é simples: dentro de uma pequena sala, alguns computadores e muito argumento para convencer sobre a importância da participação da juventude na política. O processo demora cerca de 15 minutos. Para tirar o título, são necessários apenas o documento de identidade e comprovante de residência.

"Desde pequenininha que eu queria votar. A expectativa é grande, ansiedade", disse Maria Clara de Brito, de 16 anos, que fez o seu título com ajuda do projeto.

Beatriz Aquino, de 16 anos, também aproveitou para tirar o documento. A partir do protocolo, o título é liberado em até cinco dias. Depois disso, ela estará apta a votar nas próximas eleições.

"Façam logo o título e vão expor seus direitos, porque esse é o maior direito que a gente tem como cidadão", recomendou Beatriz a outros jovens.

Ao convencer mais de 80 adolescentes a tirarem o título, Heloísa assumiu o primeiro lugar no ranking que classifica as 10 jovens escolhidas pelo projeto.

"Eu acreditei que a democracia tem que ser mais participativa do que representativa. A gente não pode deixar os políticos no pedestal ali no canto deles. A gente tem que estar sempre lá cobrando e participando. E eu acredito que faz diferença da para a própria pessoa, para as pessoas se conscientizarem, irem atrás, e assim influenciarem também outras pessoas. Muda também a percepção que a pessoa tem dela mesma, dela dizer: 'eu tenho poder para fazer parte disso. Também diz respeito a mim e ao meu futuro'", diz Heloíse.

Por Amanda Melo, Inter TV Costa Branca

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