"Eu nunca tinha visto tanta tragédia como naquele lugar. Ali é o fim do fim do ser humano. Ali é o pior lugar que o ser humano pode chegar"
As palavras cheias de angústia saem da boca de quem perdeu o que considerava mais certo na vida. Aos 63 anos, a costureira Marilena Feitosa passou os últimos 15 ao lado do marido, Ezequiel Batista, de 50. O casamento no papel não saiu há muito tempo: pouco mais de quatro anos. Mais recente ainda foi o rompimento dessa história de amor. Há oito meses, Ezequiel deixou Marilena para se entregar ao crack.
"Começava a sumir dinheiro dentro de casa: R$ 10, R$ 20, R$ 50. Até que eu descobri. E eu chorava muito. Eu saí de casa por uns três dias. Porque eu não queria aceitar aquela vida".
Foram muitas tentativas de contornar a situação. O casal buscou tratamento e Marilena sempre permaneceu ao lado do marido. Até que, um dia, ao voltar do trabalho, percebeu que Ezequiel não estava mais em casa.
"Amor, sei que essa não é a melhor forma. Mas é a que eu achei. Não dá mais. Já fiz muita coisa ruim com você. Tô indo embora"
"Meu esposo desapareceu do nada. Sem briga, sem motivo algum. Eu tinha saído e deixado ele em casa. Ele ainda foi até o portão, me levou, me deu um beijo. Quando eu voltei, ele já não estava mais. Eu entrei em desespero".
De lá para cá, a cada noite, Marilena cai no choro. E se reergue, todas as manhãs, com um propósito, uma meta de vida: encontrar o marido. Nem que, para isso, tenha que frequentar os lugares maculados pela droga que o tirou de sua vida. Mesmo castigada por dores nas pernas causadas por uma artrite, a esposa enfrenta uma viagem de quatro horas de ônibus, trem e metrô até o centro de São Paulo. Tudo para buscar de pistas sobre o paradeiro de Ezequiel.
"Não dá pra entender, nem aceitar. Mas, se ele quer essa vida, tudo bem. Eu não vou brigar. Mas eu quero saber onde ele está".
Fonte: R7
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