10 anos da Lei de Cotas: 'Minha mãe seria doutora se tivesse tido oportunidade', diz estudante cotista

Carlos Eduardo tem 23 anos e estuda Relações Internacionais — 
Foto: Arquivo pessoal

29 de AGOSTO 2022 - No oitavo período da graduação, Carlos Eduardo ainda se sente um ponto fora da curva. “O curso é muito elitizado, não vejo pessoas como eu na área, tudo reflexo do racismo”. O jovem negro tem 23 anos e estuda Relações Internacionais na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Natural de São Paulo, veio ao Nordeste ao ser aprovado no Sistema Integrado de Seleção Unificada (Sisu) pela Lei 12.711/2012 (Lei de Cotas).

Assim como aconteceu com Carlos em 2018, este ano 3.448 estudantes entraram na UFPB por cotas, de acordo com a Pró-reitoria de Graduação. O número representa 48,22% do quantitativo geral de matrículas. Ao chegar à primeira década, a legislação enfrenta desafios severos, entre eles os pedidos de revisão que pedem pelo fim do recorte étnicorracial, outros que reivindicam a suspensão total da ação afirmativa

A lei foi aprovada em 2012, sob o governo de Dilma Rousseff, e define que metade das vagas de universidades públicas do Brasil sejam destinadas a estudantes como Carlos Eduardo, que veio da escola pública e enfrentou desafios relacionados à defasagem da grade curricular. De acordo com ele, o aluno de escola pública enfrenta a precarização da educação e, antes, precisava concorrer com quem veio da escola particular. Carlos acha que era uma disputa injusta, principalmente para pessoas negras.

"Agora eu concorro com os meus, e isso ainda aumentou a quantidade geral de vagas, é bom para todo mundo”, relata Carlos.

Dentro da cota social que define metade das vagas para escolas públicas entra, ainda, a norma de renda. Das vagas para cotas, 50% são para alunos que têm renda mensal familiar inferior a 1,5 salário mínimo por pessoa, sendo os outros 50% para quem tem renda superior a 1,5 salário mínimo por pessoa.

Por Ana Beatriz Rocha, TV Cabo Branco

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