Ricardo Lagreca concedeu entrevista nesta quinta em
Natal
(Foto: Divulgação/Sesap)
12 de NOVEMBRO de 2015 - A Secretaria de Saúde do Rio Grande do Norte atualizou para 30 o número de recém-nascidos diagnosticados com microcefalia desde agosto. Os dados foram divulgados durante entrevista coletiva concedida nesta quinta-feira (12) pelo secretário estadual de Saúde, Ricardo Lagreca, que anunciou medidas para o acompanhamento dos casos. Nesta quarta-feira (11) o número era de 21 bebês diagnosticados com microcefalia.
De acordo com a Sesap, a tendência é que os números continuam subindo à medida que os dados são enviados pelos hospitais regionais. Natal é a cidade com mais casos diagnosticados, um total de 11. Em Ceará-Mirim foram registrados três bebês com microcefalia. Já em Mossoró e Parnamirim, a Sesap identificou dois bebês com a anomalia em cada cidade.
O Ministério da Saúde decretou situação de emergência para investigar o aumento do número de casos diagnosticados em estados do Nordeste.
Lagreca confirmou que as estatísticas comprovam um significativo aumento de casos no estado, visto que a média normal é de um a dois casos notificados anualmente. “A média normal era termos até dois casos por ano. Mas não podemos ainda atribuir a uma causa específica, pois pode ser um efeito de diferentes origens”, disse.
O secretário disse que há suspeitas fortes, mas ainda não comprovadas, de que a anomalia tenha ligação com algum tipo de virose que acometeu as mães. Mesmo assim, o titular da Sesap disse que ainda é cedo para tirar conclusões. O infectologista Kleber Luz, que é vinculado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), investiga a relação da microcefalia dos recém-nascidos com os sintomas de zika vírus apresentado por parte das mães durante a gravidez.
O titular da Sesap anunciou que está para definir qual hospital da capital será indicado para o tratamento das crianças acometidas por microcefalia. A Secretaria de Saúde trabalha na criação de um protocolo próprio para coordenar a linha de cuidados dos casos em todos os municípios. A Sesap está orientando para que todo diagnóstico durante o pré-natal e após o nascimento seja imediatamente comunicado à secretaria.
Ministério da Saúde
Sobre a hipótese que tem sido discutida pela comunidade médica de que o aumento de casos de microcefalia poderia estar relacionado a infecções por zika vírus - vírus que foi identificado pela primeira vez no país em abril deste ano - os representantes do Ministério afirmaram que ainda é precipitado atribuir o evento a essa causa.
O vírus já foi confirmado em 14 estados brasileiros desde abril, segundo informação divulgada pelo Ministério da Saúde na semana passada durante seminário organizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.
Segundo documento divulgado pela Secretaria de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SEVS/SES-PE), parte das mulheres que tiveram bebês com microcefalia apresentaram erupções na pele durante a gravidez. Apesar de este ser um dos sintomas do zika vírus, não há evidências suficientes para associá-lo à microcefalia, de acordo com o órgão.
De acordo com o ministério, entre os casos de microcefalia registrados recentemente, alguns são graves, no entanto ainda não é possível observar um padrão claro em relação ao grau de microcefalia mais frequente na situação atual.
Entenda o que é a microcefalia
Microcefalia é uma condição médica que se caracteriza por um crânio menor do que o tamanho médio, geralmente por causa de uma falha no desenvolvimento do cérebro. O problema pode estar associado a síndromes genéticas ou a outros fatores como abuso de álcool e drogas durante a gravidez ou a infecção da gestante por rubéola, catapora ou citomegalovirus.
Crianças que nascem com microcefalia podem ter o desenvolvimento cognitivo debilitado. Não há um tratamento definitivo capaz de fazer com que a cabeça cresça a um tamanho normal, mas há opções de tratamento capazes de diminuir o impacto associado com as deformidades.
Segundo o Instituto Nacional de Distúrbios Neurológicos e AVC dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (Ninds-NIH), algumas crianças acometidas pela anomalia podem ter algun nivel de incapacitação. Outras podem se desenvolver de forma similar a outras crianças e ter inteligência normal.
Do G1 RN