Castelo da Cinderela, o Magic Kingdom, da Disney; viagens internacionais podem ficar mais caras com alta do dólar
(Foto: Flávia Mantovani/G1)
25 de MAIO 2017 - A crise política trouxe instabilidade para o câmbio. Desde quinta-feira passada (18), a moeda americana teve intenso sobe-e-desce. Quem tem viagem marcada para o exterior e ainda não comprou moeda estrangeira foi pego de surpresa e muitos não sabem o que fazer. Nesta quinta-feira (25), o dólar opera perto da estabilidade, cotado a R$ 3,27.
Na quinta-feira da semana passada (18), um dia após a revelação de que os donos da JBS fizeram uma delação premiada que traz acusações ao presidente Michel Temer, o dólar disparou mais de 8%. Na sexta-feira, a moeda caiu 3,98%, mas voltou a subir na segunda-feira.
Na semana passada, algumas casas de câmbio pararam de vender dólar por causa da dificuldade de fixar um preço. Outras corretoras colocaram o preço lá em cima, chegando a R$ 4 para o dólar, temendo uma alta ainda maior.
"O mercado ficou sem referência de preço. O comportamento dos clientes foi de pânico. O telefone não parava. Sentimos um pouco do desespero em relação a instabilidade da economia", afirmou Fernando Pavani, presidente da Bee Cambio.
Viajo nos próximos dias e não comprei dólar. O que faço?
O que os especialistas recomendam é nunca deixar para a última hora. Se esse foi o seu caso, será difícil evitar o prejuízo, mas mesmo em dias turbulentos existem momentos melhores e piores para fazer o câmbio.
A recomendação dos especialistas é encontrar um momento favorável (ou menos desfavorável) para comprar dólar, como os momentos em que o Banco Central interfere no câmbio. Para isso, é preciso ficar online o tempo inteiro fazendo cotações e vendo as notícias.
"Quando o BC entra com leilão, a cotação cai. Quando há uma crise, o BC faz várias vendas ao longo do dia", aponta Pavani.
Por exemplo, a Bee Câmbio chegou a vender a moeda a R$ 3,70 pela manhã na quinta-feira, mas fechou o dia perto de R$ 3,50 após vendas de dólar pela autoridade monetária.
Um outro jeito de amenizar o desfalque na conta bancária é mais amargo: reduzir as compras e contas de restaurantes durante a viagem. "Agora não tem muito o que fazer, só segurar os gastos", recomenda Miguel de Oliveira, diretor de uma associação de executivos de finanças (Anefac).
Vale a pena usar o cartão de crédito?
O consumidor que compra em dólar com cartão de crédito não sabe quando vai pagar em real na fatura do cartão. O valor da conta depende da cotação do dólar no dia do pagamento da fatura e não no momento da compra.
No entanto, não é possível prever se o dólar vai subir ou descer em 30 dias. "Se fosse certeza que o dólar vai cair, eu diria para comprar com cartão. Quando for pagar estará mais barato. Mas pode ser o contrário e ficar mais caro", disse Oliveira.
Se a instabilidade na política brasileira permanecer, a tendência é de alta do dólar, segundo Pavani. "Se não resolver logo o que está acontecendo, as moedas contiunarão voláteis e provavelmente subindo. Se tem uma coisa que afeta a cotação do real é instabilidade jurídica", afirmou.
Outra questão a ser considerada por quem pretende fazer compras com o cartão de crédito é a tributação. As compras no cartão de crédito têm acréscimo de 6,38% de imposto sobre operações financeiras (IOF), enquanto a compra de moeda tem alíquota de 1,1%.
Viajo nos próximos meses. É melhor esperar?
Para quem tem um pouco mais de tempo, a recomendação varia de acordo com a data do embarque. "Não recomendo que compre agora. Não adianta sair correndo. Em algum momentos as coisas vão se normalizar, mas tem risco de as medidas e reformas (trabalhista e previdenciária) não serem aprovadas. Aí o dólar pode disparar", explicou Oliveira.
A dica aqui é não comprar todo o valor que precisa de uma vez só. "Se for viajar daqui a alguns meses, a compra em parcelas para diluir o risco", diz o economista Alexandre Cabral. "Você deve pegar a quantidade de meses que faltam e dividir por 2. Por exemplo: se a viagem é daqui a 6 meses, compra em 3 levas", explica Cabral.
Por exemplo, se precisa de US$ 1.500 e vai viajar em 6 meses, faça 3 compras de US$ 500 a cada 2 meses.
É melhor comprar dinheiro em espécie ou no cartão pré-pago?
A vantagem do cartão pré-pago é que não precisa carregar muito dinheiro vivo. Porém, a negociação no cartão pré-pago também tem acréscimo de 6,38% de IOF, assim como o cartão de crédito.
Como a compra de cédulas paga 1,1% de IOF, o preço de cada dólar depositado no cartão sobe em relação ao dinheiro em espécie.
Por que o dólar turismo é mais caro?
O preço pago pelo turista leva em consideração custos administrativos da corretora de câmbio, como operação e entrega da moeda. Além disso, a negociação está sujeita ao imposto sobre operações financeiras, o famoso IOF, de 1,1% para compra em espécie e 6,38% para cartão pré-pago.
Segundo o Banco Central, a taxa de câmbio pode variar de acordo com a natureza da operação e de outros componentes, como valor, cliente e prazo de liquidação. Como os consumidores compram volumes menores que as empresas e outros bancos, esses custos tendem a ser maiores. E ainda tem o lucro da corretora na conta.
Na quinta-feira, por exemplo, quando o dólar comercial disparou e estava cotado em R$ 3,38, o dólar turismo era comercializado acima de R$ 3,50.
Estou planejando ainda. Devo adiar minhas férias?
A expectativa do presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), Edmar Bull, é de que quem já marcou suas férias mantenha os planos. Ele espera mais cautela de quem ainda está programando sua viagem.
"O brasileiro não consegue deixar de viajar, está no DNA. Ele muda o hábito, mas não deixa de tirar férias. Pode diminuir alguns dias, pegar um hotel com 3 estrelas, em vez de 4, apenas um quarto para a família toda", afirmou.
Quem ainda não organizou suas férias, precisa fazer um orçamento de uma viagem internacional com uma cotação do dólar mais ampla. Se o orçamento estiver apertado, talvez seja melhor rever o destino, o número de dias de viagem ou até trocar uma viagem internacional por um destino doméstico.
Por G1