Imagem usada em relatório mostra ônibus em estrada na beira
de falésia e sinais de erosão no RN — Foto: Projeto
Falésias/UFRN
03 de FEVEREIRO 2022 - Um relatório elaborado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) aponta situação de risco em pelo menos quatro áreas de falésias entre os município de Tibau do Sul e Nísia Floresta, no litoral Sul potiguar.
A situação que mais preocupou os pesquisadores foi o risco de desmoronamento de uma rodovia estadual - a RN-063 - que fica na borda de uma falésia em Barra de Tabatinga, em Nísia Floresta.
"Em alguns pontos, a estrada está a 7 metros da borda", diz o pesquisador que coordenou os estudos, o geógrafo da UFRN Rodrigo Freitas.
O relatório aponta que o trecho demanda "ações urgentes para controle da erosão".
Ele ressaltou que a erosão natural sofrida pelas falésias já causou a destruição de uma estrada em João Pessoa, o que também poderia acontecer no trecho do Rio Grande do Norte.
"As obras para recuperação (em João Pessoa) serão muito caras. Se tivessem sido feitas ações preventivas antes seria mais barato e possível manter a feição das falésias", considera.
Relatórios
O relatório divulgado no início de 2022 é o segundo de um total de três que o Projeto Falésias vai entregar ao Ministério do Desenvolvimento Regional. O relatório final está previsto para março de 2022.
De acordo com o professor, é esse último relatório que vai apontar as principais ações a serem adotadas, quem seriam os responsáveis por elas e inclusive estimativas de custos.
Ele também ressalta que parte das medidas depende da análise de outros especialistas e mudanças em planos diretores dos municípios, o que está sendo estudado pelas próprias prefeituras.
O estudo foi encomendado após a tragédia que vitimou um casal, o filho de sete meses e o cachorro da família em Pipa, no dia 17 de novembro de 2020.
As análises aprofundaram pontos já levantados no primeiro estudo e levaram em conta fatores como chuvas, marés, volume de areia, altura das ondas nos trechos avaliados, entre outras medidas que atuam no processo de erosão.
Segundo Freitas, o trabalho foi feito por meio de visitas, uso de drones, equipamentos de laser, radar, além de medidores de radiação e GPS de precisão.
Problemas detectados
Segundo o relatório, foram encontradas alterações como fraturas, voçorocas - marcas de erosões provocadas pela chuva - formação de reentrâncias e cicatrizes de colapso de blocos em várias áreas na praia do centro, em Pipa, além das praias de Cacimbinhas, Baia dos Golfinhos, e em Barra de Tabatinga.
Uma das situações críticas apontadas pelos pesquisadores foi a da estrada da Barra de Tabatinga, onde foram constatadas 15 de ocorrências voçorocas em menos de 100 m².
De acordo com o relatório, as voçorocas apresentam rápido avanço. Uma delas apresentou recuo de 1 metro em 10 meses de monitoramento.
Um dos motivos seria a drenagem pluvial da rodovia RN-063, que direciona a água da chuva para a borda da falésia, o que favorece a erosão. O relatório aponta necessidade de uma obra de drenagem no trecho.
"A equipe do Projeto Falésias considera que, no momento, a área localizada entre a RN-063 e as falésias de Barra de Tabatinga, onde está instalado um intenso processo de voçorocamento, demanda ações urgentes para controle da erosão. O escoamento das águas pluviais está sendo direcionando para a borda da escarpa, podendo ocorrer o comprometimento da via, caso ocorra um evento de precipitação elevada e intensifique as erosões", diz o relatório.
Os pesquisadores também consideram necessária a construção de outra estrada para desvio de veículos pesados na região.
Ações preventivas
De acordo com o pesquisador, os poderes públicos não deveriam considerar as áreas de falésias como áreas urbanas, ao pensar em soluções.
"Não tem como colocar um muro de arrimo e tirar a feição natural da falésia. Elas são os principais ativos naturais paisagísticos do Rio Grande do Norte. Praias existem em outros estados, o que diferencia o litoral do RN são as falésias. Não dá para simplesmente passar a cerca e isolar. Elas são pontos turísticos", considera.
De acordo com o pesquisador, o trabalho de prevenção nos próximos anos deve se concentrar no monitoramento, plano de sinalização, orientação de operadores do turismo, divulgação de informações, entre outras ações a serem implementadas pelo poder público. Os pesquisadores também pediram a retirada de prédios construídos e já interditados nas bordas de falésias em Barra de Tabatinga.
"De forma geral, as medidas apontadas para solucionar o contexto de riscos nas áreas de falésias do distrito de Pipa e Barra de Tabatinga estão especialmente concentradas em ações de ordenamento e gestão do território. A demanda por obras de engenharia está relacionada à retificação da drenagem em trechos da RN-003 e RN-063, execução do sistema integrado de drenagem pluvial da Av. Baía dos Golfinhos, em Pipa, e a pavimentação de via alternativa para desvio de fluxo de veículos pesados, em Barra de Tabatinga", diz o relatório.
Por Igor Jácome, g1 RN
03 de FEVEREIRO 2022 - Um relatório elaborado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) aponta situação de risco em pelo menos quatro áreas de falésias entre os município de Tibau do Sul e Nísia Floresta, no litoral Sul potiguar.
A situação que mais preocupou os pesquisadores foi o risco de desmoronamento de uma rodovia estadual - a RN-063 - que fica na borda de uma falésia em Barra de Tabatinga, em Nísia Floresta.
"Em alguns pontos, a estrada está a 7 metros da borda", diz o pesquisador que coordenou os estudos, o geógrafo da UFRN Rodrigo Freitas.
O relatório aponta que o trecho demanda "ações urgentes para controle da erosão".
"As obras para recuperação (em João Pessoa) serão muito caras. Se tivessem sido feitas ações preventivas antes seria mais barato e possível manter a feição das falésias", considera.
Relatórios
O relatório divulgado no início de 2022 é o segundo de um total de três que o Projeto Falésias vai entregar ao Ministério do Desenvolvimento Regional. O relatório final está previsto para março de 2022.
De acordo com o professor, é esse último relatório que vai apontar as principais ações a serem adotadas, quem seriam os responsáveis por elas e inclusive estimativas de custos.
Ele também ressalta que parte das medidas depende da análise de outros especialistas e mudanças em planos diretores dos municípios, o que está sendo estudado pelas próprias prefeituras.
O estudo foi encomendado após a tragédia que vitimou um casal, o filho de sete meses e o cachorro da família em Pipa, no dia 17 de novembro de 2020.
As análises aprofundaram pontos já levantados no primeiro estudo e levaram em conta fatores como chuvas, marés, volume de areia, altura das ondas nos trechos avaliados, entre outras medidas que atuam no processo de erosão.
Segundo Freitas, o trabalho foi feito por meio de visitas, uso de drones, equipamentos de laser, radar, além de medidores de radiação e GPS de precisão.
Problemas detectados
Segundo o relatório, foram encontradas alterações como fraturas, voçorocas - marcas de erosões provocadas pela chuva - formação de reentrâncias e cicatrizes de colapso de blocos em várias áreas na praia do centro, em Pipa, além das praias de Cacimbinhas, Baia dos Golfinhos, e em Barra de Tabatinga.
Uma das situações críticas apontadas pelos pesquisadores foi a da estrada da Barra de Tabatinga, onde foram constatadas 15 de ocorrências voçorocas em menos de 100 m².
De acordo com o relatório, as voçorocas apresentam rápido avanço. Uma delas apresentou recuo de 1 metro em 10 meses de monitoramento.
Um dos motivos seria a drenagem pluvial da rodovia RN-063, que direciona a água da chuva para a borda da falésia, o que favorece a erosão. O relatório aponta necessidade de uma obra de drenagem no trecho.
"A equipe do Projeto Falésias considera que, no momento, a área localizada entre a RN-063 e as falésias de Barra de Tabatinga, onde está instalado um intenso processo de voçorocamento, demanda ações urgentes para controle da erosão. O escoamento das águas pluviais está sendo direcionando para a borda da escarpa, podendo ocorrer o comprometimento da via, caso ocorra um evento de precipitação elevada e intensifique as erosões", diz o relatório.
Os pesquisadores também consideram necessária a construção de outra estrada para desvio de veículos pesados na região.
Ações preventivas
De acordo com o pesquisador, os poderes públicos não deveriam considerar as áreas de falésias como áreas urbanas, ao pensar em soluções.
"Não tem como colocar um muro de arrimo e tirar a feição natural da falésia. Elas são os principais ativos naturais paisagísticos do Rio Grande do Norte. Praias existem em outros estados, o que diferencia o litoral do RN são as falésias. Não dá para simplesmente passar a cerca e isolar. Elas são pontos turísticos", considera.
De acordo com o pesquisador, o trabalho de prevenção nos próximos anos deve se concentrar no monitoramento, plano de sinalização, orientação de operadores do turismo, divulgação de informações, entre outras ações a serem implementadas pelo poder público. Os pesquisadores também pediram a retirada de prédios construídos e já interditados nas bordas de falésias em Barra de Tabatinga.
"De forma geral, as medidas apontadas para solucionar o contexto de riscos nas áreas de falésias do distrito de Pipa e Barra de Tabatinga estão especialmente concentradas em ações de ordenamento e gestão do território. A demanda por obras de engenharia está relacionada à retificação da drenagem em trechos da RN-003 e RN-063, execução do sistema integrado de drenagem pluvial da Av. Baía dos Golfinhos, em Pipa, e a pavimentação de via alternativa para desvio de fluxo de veículos pesados, em Barra de Tabatinga", diz o relatório.