7 de MAR 2013 - Após sete anos de estudo, a pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Cecília Veronica Nunez, reconheceu em uma planta amazônica um alcaloide que possui potencial anticancerígeno. Em 2012, a substância fez parte da lista de patentes depositadas pelo Instituto.
O alcalóide
encontrado foi extraído da planta Duroia macrophylla, popularmente
conhecida como puruí-grande-da-mata. A espécie pertence à família
Rubiaceae (a mesma do café) e possui um fruto comestível, porém não
muito consumido. " Eu quis conhecer o potencial biológico das espécies
amazônicas. Então com esse objetivo, coletei diversas plantas, não só da
família Rubiaceae, mas de outras famílias de vegetais e esse extrato
mostrou uma grande atividade" , explica.
De
acordo com Nunez, esse foi o primeiro estudo com a espécie. " Essa
planta nunca teve nenhum estudo químico realizado. Muita gente fala
sobre a floresta amazônica conter um grande potencial biológico e eu
posso realmente afirmar que temos um potencial químico-biológico enorme.
Ela forneceu um alcaloide inédito na literatura. Existe já o esqueleto,
mas a posição como a estrutura está ligada é inédita, então ainda tem
muita coisa a ser descoberta" , afirma.
A
pesquisadora explica que os alcaloides não são produzidos igualmente
pelas plantas, há apenas algumas famílias de vegetais que os produzem,
além de alguns micro-organismos e animais. " Este alcaloide específico
deu atividades sobre células tumorais de Leucemia humana, Adenocarcinoma
gástrico (câncer de estômago) e Melanoma (câncer de pele), isso por
enquanto em linhagens em células, ou seja, o ensaio in vitro.
Testes
Segundo
a cientista, ainda é cedo para dizer que a substância poderá ser usada
em tratamentos contra as doenças, pois é preciso realizar os ensaios de
todas as etapas pré-clínica e clínica. " Pela alta atividade que esse
alcaloide apresentou e pela baixa toxicidade em células sadias, existe
um potencial muito grande, mas é prematuro dizer para já se utilizar a
planta (em tratamentos)" , diz.
Ainda
em andamento, a pesquisa está dividida em duas frentes: a primeira é o
estudo da planta para encontrar outros alcaloides minoritários com
possíveis atividades ainda maiores e a segunda é a tentativa de obtenção
da cultura de células da planta para uma produção maior deste
alcaloide, já que a planta o produz em pequena quantidade, insuficiente
ainda para passar às etapas in vivo. " Deu muito trabalho realizar o
isolamento e a identificação estrutural do alcaloide, mas foi muito bom
poder encontrar uma substância com esse potencial" , avaliou a
pesquisadora.
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