Terapia com células imunes cura leucemia agressiva em menina nos EUA.

Dr. Stephan Grupp examinando a paciente Emma Whitehead
27 de MAR 2013 - Uma menina de sete com uma forma agressiva de leucemia infantil apresentou remissão completa da doença depois de um tratamento que utilizou as células imunes do corpo.
A abordagem, testada em duas crianças, reprogramou as próprias células T da paciente a se multiplicarem e destruir rapidamente as células cancerosas. As crianças não mostraram nenhuma evidência de tumores no corpo logo após o tratamento.
O trabalho gera a esperança de um novo caminho para o tratamento de um tipo de leucemia forte, conhecida como leucemia linfoide aguda (LLA), que pode substituir a quimioterapia e transplantes de medula óssea no futuro.
A equipe de pesquisadores do Hospital Infantil da Filadélfia e da Universidade da Pensilvânia publicou o relatório do caso dos dois pacientes pediátricos no The New England Journal of Medicine.
Um dos pacientes, Emily Whitehead, de sete anos de idade, foi destaque em reportagens em dezembro de 2012, após a terapia experimental levar a sua recuperação total após ela sofrer uma recaída depois de receber o tratamento convencional.
Emily permanece saudável e sem câncer, 11 meses após receber células T modificadas geneticamente.
A outra paciente, uma menina de 10 anos de idade, que também teve uma resposta completa ao mesmo tratamento, sofreu uma recaída, dois meses depois, quando o câncer voltou na forma de células de leucemia que não abrigavam os receptores das células específicas que eram o alvo da terapia.
"Este estudo descreve como estas células têm um potente efeito anticancerígeno em crianças. No entanto, nós também aprendemos que em alguns pacientes com LLA, teremos de modificar ainda mais o tratamento para atingir outras moléculas na superfície das células de leucemia", afirma o coautor Stephan A. Grupp.

Imunoterapia

A abordagem consiste em eliminar do sangue dos doentes os linfócitos T, principais células do sistema imunológico, para modificá-las geneticamente com a ajuda de um vírus e dotá-las de um receptor molecular que lhes permite atacar as células cancerígenas.
Sem a reprogramação, os linfócitos T não são capazes de combater a doença. A técnica os transforma em células CTL019 que são inseridas novamente nos pacientes, onde se multiplicaram até somar milhares. No caso da menina Emily, segundo os pesquisadores, as células T modificadas permaneceram em seu corpo durante meses.
A terapia CTL019 elimina todas as células B que possuem o receptor de células CD19: as células saudáveis assim como aqueles com leucemia. Os pacientes podem viver sem células B, embora exijam infusões de substituição regular de imunoglobulina, as quais podem ser administradas em casa, para executar a função imune normalmente fornecida pelas células B.
Enquanto as células CTL019 eliminam a leucemia, elas também podem gerar uma resposta imune hiperativa, chamada síndrome de libertação de citocinas, envolvendo febre perigosamente alta, baixa pressão sanguínea e outros efeitos colaterais. Esta complicação foi especialmente grave em Emily, e a equipe hospitalar necessitou fornecer tratamentos que rapidamente aliviaram os sintomas, preservando a atividade das células T modificadas.
A técnica foi desenvolvida, inicialmente, por cientistas da Universidade da Pensilvânia para ser utilizada em pacientes adultos que sofriam uma forma diferente de leucemia, conhecida como leucemia linfática crônica (LLC).
Em 2011, um ensaio clínico com três adultos já tinha demonstrado um primeiro êxito inicial com o método. Dois desses pacientes ainda demonstram uma remissão do câncer mais de dois anos e meio depois.

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