Campanha polêmica contra gravidez na adolescência gera debate nos EUA.
03 de MAIO de 2013 - Os problemas sociais provocados pela gravidez de adolescentes se tornaram assunto de altíssima importância na cidade mais populosa dos Estados Unidos. A prefeitura de Nova York pôs nas ruas uma campanha agressiva. E acabou provocando polêmica.
Não tem sutileza, nem meias palavras. Um dos cartazes diz: "Honestamente, mamãe, papai não deve ficar com você. E o que vai acontecer comigo? Você está pronta para criar um filho sozinha?"
No outro, um menino chorando avisa: "O risco de eu não completar o Ensino Médio é duas vezes maior porque nasci de uma mãe adolescente".
A prefeitura de Nova York espalhou quatro mil pôsteres como esses nos pontos de ônibus e nos trens do metrô.
A campanha de prevenção à gravidez na adolescência foi baseada em um cruzamento de dados sócio-econômicos e custou o equivalente a R$ 800 mil.
A prefeitura também criou um serviço de troca de mensagens de texto. Pelo celular, qualquer um pode acompanhar os dilemas de dois personagens que representam pais adolescentes. Nas mensagens, eles são chamados de perdedores e até de estúpidos. A campanha que surgiu para educar virou alvo de críticas.
"É de mau gosto, discrimina os negros e os mais pobres. E o pior: está sendo paga com nosso dinheiro", diz aposentado.
Gloria ficou grávida de Liliane quando tinha 15 anos. Ela mora na periferia, como a maioria das 20 mil adolescentes que engravidam a cada ano na cidade.
"Fiquei chateada", diz. "Lutei muito para criar minha filha, estudar e trabalhar. Essa campanha só reforça o preconceito e não traz informações úteis, sobre como fazer sexo seguro ou usar contraceptivos", completa.
Para a representante da prefeitura, a intenção foi mesmo causar impacto. "Falar sobre coisas que os adolescentes normalmente não pensam, como o custo e a responsabilidade de ter um filho. Essas famílias tendem a ser mais dependentes do que as outras", afirma.
“Fazer com que os jovens tenham medo do futuro não resolve”, diz um psicólogo que tem projetos bem sucedidos de prevenção à gravidez em bairros pobres de Nova York.
"É preciso ter programas de longa duração que eduquem as crianças desde cedo. Isso não acontece porque os governos acham caro. Mas depois é que sai caro. Só os Estados Unidos gastam US$ 11 bilhões por ano com filhos de pais adolescentes", aponta.
Se atraiu críticas, a campanha tem pelo menos um mérito: estimulou o debate sobre um assunto em que o personagem principal é o último a ter voz.
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