Deficientes afirmam que rede pública de saúde não está preparada para atendê-los.



Acessibilidade aos consultórios e postos de saúde também é reivindicada pelos deficientes.


22 de Setembro de 2013 - Instituído em 1982, foi comemorado ontem, 21, o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência. Entre as muitas barreiras que esse grupo ainda enfrenta está o atendimento na rede pública de saúde, considerado inadequado por muitos que precisam utilizar desde os mais simples serviços até os mais complexos.
De acordo com a coordenadora do Fórum Municipal das Mulheres com Deficiência, Benômia Rebouças, uma série de dificuldades são encontradas por quem busca atendimento na rede pública de saúde. "Nós temos muitas dificuldades nessa área, principalmente por não existir profissionais preparados para nos atender, isso de forma geral. Um deficiente auditivo, por exemplo, que vai a um posto de saúde, não encontra nenhum funcionário capacitado para compreendê-lo", exemplifica.
Os obstáculos não se resumem à falta de qualificação dos profissionais. Benômia Rebouças afirma que também não há equipamentos adaptados para os deficientes nas unidades de atendimento. "É tudo feito no improviso. Não existe preocupação em oferecer um atendimento com qualidade. Macas, camas adaptadas, não são encontradas na rede de saúde, coisas simples que poderiam facilitar a nossa vida. É uma questão de olhar diferenciado, que não temos em nossa cidade", diz.
A presidenta do Fórum Municipal das Mulheres com Deficiência revela que existem empecilhos até mesmo para a realização de mamografias. "Há aparelhos modernos adaptados para deficientes, mas na maioria dos postos não temos como fazer esse procedimento, pois os aparelhos são antigos, é preciso mudar isso, nós já temos tantas dificuldades na área da mobilidade, empregabilidade. Pedimos aos gestores a implantação de políticas públicas para pessoas com deficiência, que existem, mas não são executadas", lamenta.
Segundo Lúcia Aquino, presidenta da Associação de Deficientes Físicos de Mossoró (Adefim), as barreiras começam já no acesso aos consultórios médicos, que na maior parte dos casos não dispõem de elementos de acessibilidade. "Outra questão é o próprio atendimento. Temos prioridade, é lei, e isso precisa ser cumprido, as pessoas estão começando a se conscientizarem em relação a esse ponto", destaca.
Lúcia Aquino, que também responde pelo Conselho Municipal de Direitos da Pessoa com Deficiência (CMDPD), gerenciado pela Prefeitura Municipal de Mossoró (PMM), confirma que falta qualificação dos profissionais que prestam assistência na rede pública de saúde, mas informa que já existe uma política de capacitação para essas pessoas em execução. "Realmente não são todos que estão preparados, mas os funcionários estão se qualificando, essa preocupação já existe, o processo de adequação já foi iniciado", conclui.

Mais de 45 milhões de brasileiros declaram possuir algum tipo de deficiência.

Dados mais recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) contabilizam que mais de 45,6 milhões de brasileiros declararam ter alguma deficiência. O número representa 23,9% da população do país. A deficiência visual foi a que mais apareceu entre as respostas dos entrevistados e chegou a 35,7 milhões de pessoas. Pelo estudo, 18,8% dos entrevistados afirmaram ter dificuldade para enxergar, mesmo com óculos ou lentes de contato.
Em Mossoró, segundo números do Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência (CMPD), aproximadamente 27% da população possui algum tipo de deficiência física e a grande parte desses indivíduos está fora do mercado de trabalho.


Retirado do Jornal O Mossoroense.

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