Paciente que recebeu vagina artificial conta que técnica mudou sua vida.


Yuanyuan Zhang, professor do Instituto de Medicina Regenerativa Wake Forest, trabalha na produção da vagina artificial (Foto: Reuters/Wake Forest Institute for Regenerative Medicine)


21 de ABRIL de 2014 - Uma das quatro jovens que nasceram sem vagina ou com anormalidades nesta parte do aparelho reprodutor – e que participou de um experimento que reconstituiu o órgão com suas próprias células –, disse em entrevista que o procedimento mudou a sua vida.

De acordo com o canal "ABC News", dos Estados Unidos, a mulher de 18 anos, que vive no México e teve sua identidade preservada, apareceu em um vídeo divulgado pelo Instituto de Medicina Regenerativa Wake Forest, na Carolina do Norte, responsável pelo experimento com a Universidade Autônoma Metropolitana, da Cidade do México.

Ela é uma das quatro pacientes que nasceram com a síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser (MRKH), uma condição genética rara em que a vagina e o útero são subdesenvolvidos ou ausentes, e foram submetidas ao método experimental.

A participante afirmou que quando soube da técnica, não acreditou que isso poderia ser feito em laboratório. “Me sinto muito feliz por ter feito a cirurgia, porque agora posso ter uma vida normal. Sei que sou uma das primeiras, mas é importante deixar claro para outras meninas que sofrem do mesmo problema que há um tratamento e que você pode ter uma vida normal”, explicou.

Quatro pacientes que sofriam de um distúrbio, que
impediu o desenvolvimento por completo da vagina,
tiveram o órgão reconstituído com a ajuda de suas
próprias células (Foto: Reuters/Wake Forest Institute
for Regenerative Medicine)



Procedimento

As cirurgias foram feitas entre junho de 2005 e outubro de 2008. Testes de acompanhamento mostraram que as novas vaginas não se diferenciaram do próprio tecido das mulheres, e o tamanho dos órgãos aumentou à medida que as pacientes – que receberam os implantes na adolescência – amadureceram.


Todas as jovens já são sexualmente ativas e relatam ter uma função vaginal normal. No momento das cirurgias, elas tinham entre 13 e 18 anos de idade.

Duas das mulheres, que nasceram com útero funcional, mas sem vagina, agora também menstruam normalmente. Ainda não está claro se elas poderão ter filhos, mas o fato de estarem menstruando sugere que seus ovários estão funcionando direito – razão pela qual uma gravidez é possível, explicou o cirurgião urologista pediátrico Anthony Atala, um dos pesquisadores responsáveis pela cirurgia.

A façanha, que Atala e colegas mexicanos descreveram na última semana na revista britânica "The Lancet", é a mais recente demonstração do crescente campo da medicina regenerativa, uma disciplina em que se tira proveito do poder do corpo para regenerar e substituir células.

Em estudos anteriores, a equipe de Atala usou a técnica para fazer bexigas sobressalentes e tubos de urina ou uretra em meninos.

Segundo o médico, esse estudo-piloto é o primeiro a demonstrar que vaginas cultivadas em laboratório com as próprias células das pacientes podem ser usadas com sucesso em humanos, oferecendo uma nova opção para mulheres que precisam de cirurgias reconstrutivas.

Síndrome MRKH

O tratamento convencional para a síndrome MRKH envolve o uso de enxertos feitos de tecido intestinal ou da pele, mas essas duas opções têm inconvenientes, segundo Atala. Isso porque o tecido intestinal produz excesso de muco, o que pode causar odores. Já a pele convencional pode arrebentar.


O médico esclareceu que mulheres com essa condição geralmente procuram tratamento durante a puberdade. "Elas não podem menstruar, especialmente quando têm um defeito grave, quando não têm uma abertura", afirmou. Isso pode causar dor abdominal, com a presença de sangue menstrual no abdômen.




Do G1, em São Paulo




Retirado do G1

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