Bairros históricos de Salvador se preparam para desfile do 2 de Julho.


O Largo da Lapinha é decorado para festejos do 2 de Julho na próxima quarta-feira
(Foto: Valma Silva)



02 de JULHO de 2014 - Os bairros da Lapinha e da Soledade, em Salvador, estão em fase final de preparação para as comemorações do 2 de julho, data da Independência do Brasil na Bahia, decretada em 1823.

Por todos os lados, há imagens dos personagens da luta pela independência, como o Caboclo e a Cabocla, além, é claro, da heroína Maria Quitéria, que desde a década de 1950 é exaltada em uma enorme estátua de bronze no Largo da Soledade.

Este ano, a decoração se mistura às bandeirolas nas cores verde e amarela, por causa da Copa do Mundo. Os carros que levam as imagens do Caboclo e da Cabocla durante o desfile já estão em manutenção no Pavilhão do 2 de Julho, no Largo da Lapinha, como acontece normalmente dias antes do evento.

Para a comerciante Luciene Santos, a organização este ano está mais caprichada por causa da presença dos turistas que estão na cidade para assistir aos jogos do Mundial. "Devemos receber mais visitantes do que o normal, gente interessada em conhecer nossas manifestações culturais, então as ruas estão mais bonitas. Isso é ótimo para nós, baianos, em todos os aspectos, pois é uma festa muito importante para o nosso povo", afirma.

Já a professora de história Maria Lúcia Coutinho, moradora do bairro da Soledade, faz questão de sempre relembrar aos filhos de que um pedaço significativo das lutas pela independência do Brasil na Bahia aconteceu ali. "Eu quero que eles tenham consciência de que não se constrói o futuro sem preservar o passado. Todos os anos eu os trago para assistir o desfile, como meus pais faziam comigo quando eu era pequena. Nasci e cresci na Soledade, não troco por nenhum outro lugar", afirma.
Cabobla embeleza festa tradicional em Salvador
(Foto: Egi Santana/G1 BA)



Por outro lado, os mais velhos sentem falta dos desfiles de antigamente e acreditam que as comemorações da independência não têm o mesmo valor de antes.

"Antigamente todas as escolas participavam. Tinha mais fanfarra, as crianças se enfeitavam e davam a volta atrás da igreja do largo junto com os pais, as pessoas participavam ativamente do desfile. Hoje não, só ficam vendo a bandinha passar, enquanto bebem cerveja", aponta o aposentado Ricarti Leme, de 75 anos.

Morador da Lapinha, ele se lembra da época em que participava da banda da escola. "Nós ensaiávamos o Hino da Bahia diariamente para esta data. Agora as crianças não conhecem o nosso hino, nossas raízes, nossa cultura", reclama.

Outra preocupação dos moradores em relação ao desfile é a grande quantidade de políticos participantes, sobretudo em ano de eleição, como o de 2014. "Este ano não vamos ter desfile, vai ser ato de campanha. A política domina os festejos e tira o brilho da nossa história, da nossa comemoração", diz a técnica de enfermagem Clarice Canário.

Já para quem mora no trajeto do cortejo, a comemoração ainda pode render um boa quantia em dinheiro. Os imóveis que ficam no trajeto e que estiverem com fachada decorada vão concorrer a prêmios de R$ 3 mil, R$ 2 mil e R$ 1 mil. Como em 2013, não há necessidade de inscrição. Basta caprichar na decoração. O imóvel "candidato" deve está situado nas ruas do trecho entre a Lapinha e o Terreiro de Jesus.

Fachadas de imóveis são decoradas para o 2 de julho (Foto: Ipac/ Divulgação)



Valma Silva


Retirado do G1 BA

Nenhum comentário:

Postar um comentário