Irmãs da mulher que morreu após aborto decidiram procurar a polícia depois de sonhar com ela, em João Pessoa (Foto: Reprodução / TV Cabo Branco)
Segundo a delegada responsável pelo caso, Emília Ferraz, Josicleide já tinha dois filhos de dois relacionamentos distintos e estava grávida do terceiro filho, fruto de um relacionamento que não era fixo. “Segundo a família, ela se desesperou. Quando ela pediu ajuda à família, ela já estava muito frágil, não conseguia nem andar. Com o procedimento, ela terminou morta e deixando dois filhos órfãos", comentou a delegada.
As irmãs de Josicleide conversaram com a TV Cabo Branco nesta quarta-feira (16). Segundo Sara Gomes, elas foram até o local onde Josicleide estava passando mal. “Ela estava deitada numa rede, toda defecada e não conseguia se levantar de jeito nenhum”, lembra. Junto com o marido, Sara teve que levar a irmã nos braços até o carro e a transportou para o Hospital Edson Ramalho, onde ela foi atendida. Foi no caminho até o hospital que Josicleide revelou seu arrependimento de ter passado pelo procedimento.
Três dias depois, Josicleide morreu no hospital. A decisão de acionar a polícia foi tomada depois que Juliana Gomes sonhou com a irmã pedindo que ela procurasse ajuda. “Nesse sonho ela pediu muito que eu procurasse a polícia, dizendo ‘fale com a policial que eu quero falar com ela’”, conta. “Quando a gente veio descobrir, já foi tarde demais, ela matou a criança e matou minha irmã, mas Deus está vendo”.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, a rede hospitalar paraibana realizou quase 4 mil curetagens no ano de 2013, mas não há como identificar os procedimentos motivados por abortos espontâneos ou provocados. A curetagem é um procedimento médico para raspagem da cavidade uterina retirando os restos de placenta após o abortamento.
De acordo com Emília Ferraz, depois da prisão Marlene da Silva Alves, de 75 anos, foi ouvida e confessou ter praticado alguns abortos, mas no passado. “Mas o vasto material que foi apreendido relacionado ao uso ginecológico e obstétrico, assim como o material cirúrgico, apesar de estarem com características de enferrujado, há outros ainda lacrados, como sondas e agulhas, com data de fabricação bastante recente, contradizendo a versão de Marlene”, justifica a delegada.
A investigação apontou que a idosa cobrava R$ 400 por procedimento abortivo, mas ainda não há informações sobre o número de mulheres que foram submetidas ao procedimento. "Nós acreditamos que ela colocava o espéculo e introduzia, por meio de uma sonda, um líquido para ceifar a vida do feto. A paciente voltava para casa, onde, aos poucos, o feto ia sendo abortado. O que chama a atenção é a falta de higiene e de trato desse local. Os materiais não eram esterelizados e alguns estão totalmente enferrujados", relatou a delegada. Marlene apresentou à polícia um certificado de parteira leiga e outro de auxiliar de enfermagem.
Do G1 PB com TV Cabo Branco
Nenhum comentário:
Postar um comentário