Pesquisadores internacionais avaliam baiano com a cabeça virada para trás.

Pesquisadores dos Estados Unidos vão
estudar
caso do baiano Claudio Oliveira 
(Foto: Arquivo
pessoal)


10 de ABRIL de 2015 - Dois pesquisadores de psicologia visitam em Monte Santo o morador Claudio Vieira de Oliveira, que tem as pernas atrofiadas, os colados no peitoral e a cabeça virada para trás. Ele serve como estudo de caso de uma pesquisa que visa entender como ocorre a detecção de rostos pelo cérebro. O baiano tem uma doença rara chamada Artrogripose Múltipla Congênita (AMC). A coleta de dados começou nesta terça-feira (7) e se estende até a quinta-feira (9).

"Eu e meu colega fazemos parte de uma equipe de quatro pessoas. Nosso estudo é sobre como o cérebro reconhece as coisas em volta e, principalmente, reconhece os rostos. Nós nunca tínhamos visto um caso deste antes. A visão dele parece normal. Um colega meu ouviu falar do caso [em programa de canal internacional de TV] e pareceu muito interessante para testarmos a nossa hipótese", diz a professora assistente do Departamento de Psicologia da Universidade de Brunel, em Londres. Ela está acompanhada de um investigador que atua na Universidade de Havard, nos Estados Unidos.

Outras pessoas também são submetidas aos testes para servir de comparação ao caso de Claudio. "Eles querem entender como eu enxergo, porque, devido à minha posição, deveria ver tudo de cabeça para baixo, mas, não, vejo tudo normal. Eles fizeram testes psicológicos, várias perguntas sobre como enxergo, se tenho visão boa de longe ou perto. Pediram para fazer algumas leituras, fizeram alguns desenhos e perguntaram se eu sabia distinguir o que eram os desenhos", descreve. Segundo a pesquisadora, são realizados testes cognitivos com auxílio do computador ou do papel.

Claudio, que trabalha fazendo palestras motivacionais em todo o país, teve a história de vida repercutida em jornais nacionais e internacionais. "No ano passando teve uma matéria na Discovery Channel comigo e eles viram. O meu caso despertou a curiosidade e então eles entraram em contato comigo Eu estou animado [com os estudos], encarando com a maior seriedade, porque é importante. Os resultados não vão ficar somente para mim, vão servir para ajudar outras pessoas que têm dificuldades", diz.

Cirurgia


Claudio nunca chegou a passar por procedimento cirúrgico para tratar a doença. Ele conta que nos últimos dias recebeu a proposta de equipe de pesquisadores da Filadélfia, também nos Estados Unidos, a fim de realizar um procedimento para tentar corrigir o problema. "Eles entraram em contato e, no mês passado, enviei um [exame de ]raio-x para eles. Querem uma suposta cirurgia, mas não está nada sacramentado. Foi uma conversa e estou aguardando eles entrarem em contato. Não penso ainda em cirurgia porque quero, primeiro, ouvir o que eles dizem sobre o quadro. A partir daí tomo uma decisão".

Claudio Oliveira em 2000, quando 
encontrou Papa João
Paulo II, no Vaticano 
(Foto: Arquivo pessoal)


O caso

Claudio Vieira nasceu no dia 1º de abril de 1976 em um parto normal. Ele tem outros cinco irmãos, nenhum com AMC. O baiano afirma que, no dia do seu nascimento, o médico chegou a dizer que ele tinha 24 horas de vida. Atualmente, Claudio afirma que só vai aos médicos para exames de rotina e que é saudável.


Ele relembra que começou a se acostumar com sua forma física aos sete anos, quando deixou de andar de forma rastejante para transitar de joelhos, como acontece até hoje. Ler e escrever aprendeu em casa, depois de pedir à mãe. Atualmente, Claudio é usuário ativo da internet e, inclusive, lançou um DVD sobre a sua história, em que ele mesmo fez o projeto gráfico da capa. Em 2000, passou a dar depoimentos em igrejas, a convite de amigos, e tomou o gosto para fazer palestras motivacionais.




Ruan Melo
Do G1 BA

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