Rapper Rico Dalasam diz que público gay ainda não frequenta seu show.

O rapper Rico Dalasam 
(Foto: Divulgação/Henrique Grandi)


6 de JUNHO de 2015 - Rico Dalasam, nome artístico de Jefferson Ricardo da Silva, 25 anos, é o único rapper abertamente gay da cena musical brasileira e desponta como representante do movimento "queer rap". Ele se apresentará no encerramento da 19ª Parada Gay, que acontece neste domingo (7), às 18h, no palco montado na Praça da República, em São Paulo.

Dalasam é a abreviação da frase "Disponho Armas Libertárias a Sonhos Antes Mutilados", conta ao G1 o rapper, que nasceu e mora com a mãe em Taboão da Serra, região metropolitana de SP. Quando tinha 12 anos, "já escrevia uns versos", mas foi nas batalhas de MCs do metrô Santa Cruz, aos 16, que ele começou a criar essas nomenclaturas, com uma sonoridade boa, que tivessem a ver com sua narrativa.

"Eu só ouvia rap e achava o rap suficiente para mim. Lá, eu vi que era alguém que tinha um talento num grau que dava para investir", afirma. Agora, ele diz que frequenta menos as balhatas, mas que foi muito de 2006 a 2008, na época em que rappers como Emicida, Projota e Rashid também iam.

Seus amigos das batalhas sabiam da sua homossexualidade, apesar dele ainda não versar sobre o assunto. Quando resolveu compor, quis colocar diversão em letras politizadas sobre aceitação, tendo como pensamento principal a "hashtag o fervo é protesto". "Não quero fazer música pop só para colocar na balada. Ela precisa injetar a visão de que você transforma as coisas através do fervo, da alegria. A ideia é de que não dá para esperar que as pessoas aceitem a gente."

Assim, ele lançou o primeiro single do EP "Modo Diverso", intitulado "Aceite-c", com versos como "boy, eu quero ser seu man" e sample de "O mais belo dos belos", de Daniela Mercury (clique aqui para assistir ao clipe). "Minhas letras dizem de que lado que eu estou", afirma.


Antes de começar a se dedicar somente à música, Dalasam trabalhava como produtor de moda nos Jardins. Parou porque nos últimos seis meses foi de uma rotina de cinco para 11 apresentações por mês. "Aí eu criei o escritório da Modo Diverso Produções e aqui é onde tudo acontece. É bastante coisa para se criar. Esse ano, no rap, eu sou o cara que mais fez show até agora", diz.

Mas engana-se quem pensa que Dalasam já fidelizou um único tipo de fãs. "O público gay ainda não frequenta meu show. E, sem dúvida, o público feminino marca mais presença". Segundo ele, "ainda é um momento de análise, mas o rap se mostra aberto a incluir".

No fim do ano, ele pretende lançar o disco "Orgunga", junção de orgulho negro e gay, que significa "seus melhores orgulhos". "As pessoas polemizam e tratam como algo muito lá para frente. Só que é muito natural. Se você vir gay indo em show de rap, naturalmente vai ter gay produzindo cultura. Mas já era para ter uns 10, era para ter um monte de gente fazendo. Ninguém pega na mão de ninguém e fala 'vem' em movimento nenhum. A pessoa tem que construir o espaço dela é o que eu estou fazendo", afirma.

O rapper Rico Dalasam (Foto: Divulgação)



Letícia Mendes
Do G1, em São Paulo

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