Barbosa diz contar com ajuda de Lula para soluções políticas e econômicas.

O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, participa de 
evento em São Paulo nesta sexta-feira (18) 
(Foto: Divulgação)


18 de MARÇO de 2016 - Em São Paulo, na manhã desta sexta-feira (18), o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, reconheceu que a incerteza política tem atrasado a recuperação econômica do país e disse que o governo agora procura soluções para os problemas e conta, para isso, com a colaboração do ex-presidente Lula, “uma das principais lideranças políticas do país”.

Lula foi convidado a assumir a Casa Civil, no entanto, ainda não foi nomeado porque uma liminar o impediu. Apesar de o presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), ter derrubado essa decisão, Lula ainda não está liberado para exercer as funções do cargo, porque há outra decisão, da 6ª Vara da Justiça Federal no Rio de Janeiro, também prevendo a suspensão.“Acho que a gente precisa continuar o debate público, democracia é para isso. As pessoas têm visões diferentes. O brasil tem fóruns e instituição para debater apropriadas. Isso não deve impedir que a gente continue debatendo e construa soluções para problemas econômicos... E é isso que nós estamos procurando fazer agora no governo. É com isso que estamos agora contando agora com a colaboração do ex-presidente Lula, que é uma das principais lideranças políticas, um negociador exímio em vários aspectos, para que a gente possa conseguir construir essas soluções políticas e econômicas”, disse o ministro, em evento da revista Carta Capital, na manhã desta sexta-feira (18), em São Paulo.

Quadro desafiador

Durante os cerca de 30 minutos, o Barbosa reforçou, ao menos três vezes, que o maior desafio econômico atual é promover a recuperação do emprego e da renda no curto prazo e de adotar políticas no longo prazo, para que as bases do crescimento sejam duradouras.

“O quadro deste ano ainda é desafiador. Deve haver retração do nível de atividade econômica neste ano, mas ainda é um número incerto. Estamos trabalhando e acreditamos que é possível voltar a crescer no fim do ano.” Na avaliação do ministro, é tempo de o Brasil ser "realista e pragmático" e "ousado, mas com responsabilidade".

"Não devemos ser otimistas exagerados, complacentes, mas não podemos ser pessimistas. É possível discutir problemas políticos e econômicos. Hoje, a maior dificuldade é ter consenso político para uma estratégia de recuperação."

Barbosa demonstrou sua visão otimista ao lembrar que nos últimos meses, as condições econômicas internas e do exterior estão mais favoráveis, já que tem sido registrada uma estabilização dos preços das commodities, das taxas de juros nos Estados Unidos e, consequentemente, a redução dos swaps cambiais - que ajudará na na consolidação fiscal.

"No ano passo, do total de juros pagos, boa parte foi devido aos custos de swap cambial. Foi necessário para proteger o setor privado. Agora, com a normalização, podemos voltar a atuar de maneira mais convencional nas intervenções do mercado de cambio."

No lado interno, o ministro lembrou que a inflação começou a cair e que a partir de março, abril, deverá haver uma queda em relação às taxas dos mesmos períodos do ano passado. Um dos fatores que vão colaborar para que a alta de preços perca força é o fim das bandeiras tarifárias no custo da energia. "A partir de abril, [inflação] entra em trajetória descendente, vai melhorar a confiança e haverá mais previsibilidade para fazer investimentos", afirmou.

CPMF
Questionado pela plateia se havia uma alternativa à CPMF para aumentar a arrecadação, Barbosa afirmou que esse tributo “é a melhor alternativa”.

“Nessa travessia, é preciso de poupança necessária. Nesse aspecto é preços salientar, a CPMF é a melhor alternativa [temporária] de elevação de receita...tem impacto inflacionário menor, é capaz de ser a melhor para este momento.”

Questionado pela plateia se haveria a preparação de novas medidas para fornecer crédito para empresas, que sofrem com falta de liquidez, Barbosa disse que o Ministério da Fazenda estudava junto com o Banco Central algo neste sentido.

"Isso não é uma decisão formada, com várias ideias de como se dar assistência de liquidez via compulsório (bancário). Mas isso tem de ser feito com muito cuidado. Simplesmente baixar o compulsório não garante que isso vai chegar na ponta", afirmou ele, acrescentando que mudanças na regulação também poderiam ocorrer para a administração de crédito e rolagens de dívidas.

Anay Cury
Do G1, em São Paulo

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