Alexandre guarda cadernos desde 1996 que enumeram
doações feitas pela ONG que mantém em Suzano
(Foto: Nicholas Modesto/ TV Diário)
18 de SETEMBRO de 2016 - Ganhando apenas um salário mínimo pelo trabalho como faxineiro em um supermercado, Emerson Alexandre Del Prado consegue fazer o que muitos considerariam impossível. Após todos os descontos comuns ao pagamento de qualquer trabalhador, ele ainda separa cerca de R$ 200 para a ONG Sciences, da qual é um dos fundadores em Suzano. "Às vezes aperta o mês, mas eu nunca desisti do projeto. No tempo de criança eu passei necessidade também", conta.
O dinheiro é revertido em alimentos para fazer pelo menos uma sopa por semana para moradores de rua. A ONG ainda distribui roupas, brinquedos, livros e visita creches, escolas, hospitais e asilos. Se falta dinheiro, ele pede doação. Se ainda assim não consegue, recolhe material reciclável para vender.
Alexandre, como é mais conhecido, conta com o apoio de alguns amigos e de sua irmã para manter o trabalho. Os cadernos de protocolo guardados pelo faxineiro registram todas as doações de roupas e alimentos que já conseguiu distribuir ao longo dos 20 anos de trabalho à frente da ONG Sciences. O grupo de voluntários se formou em um clube de ciências escolar em 1996 e já encaminhou doações para mais de 500 famílias e 50 entidades.
Sem um espaço físico, Alexandre faz da casa onde mora com a mãe o coração da ONG. É com o seu telefone “pai de santo” - que só recebe chamadas - que ele aguarda os contatos para buscar as doações. No período da manhã, antes de ir trabalhar, visita as pessoas que a instituição acompanha e também busca doações de porta em porta. “Os recursos são poucos, tudo é feito pedindo. O povo me vê na rua e sai correndo porque sabe que eu vou pedir alguma coisa”, brinca.
O dinheiro é revertido em alimentos para fazer pelo menos uma sopa por semana para moradores de rua. A ONG ainda distribui roupas, brinquedos, livros e visita creches, escolas, hospitais e asilos. Se falta dinheiro, ele pede doação. Se ainda assim não consegue, recolhe material reciclável para vender.
Alexandre, como é mais conhecido, conta com o apoio de alguns amigos e de sua irmã para manter o trabalho. Os cadernos de protocolo guardados pelo faxineiro registram todas as doações de roupas e alimentos que já conseguiu distribuir ao longo dos 20 anos de trabalho à frente da ONG Sciences. O grupo de voluntários se formou em um clube de ciências escolar em 1996 e já encaminhou doações para mais de 500 famílias e 50 entidades.
Sem um espaço físico, Alexandre faz da casa onde mora com a mãe o coração da ONG. É com o seu telefone “pai de santo” - que só recebe chamadas - que ele aguarda os contatos para buscar as doações. No período da manhã, antes de ir trabalhar, visita as pessoas que a instituição acompanha e também busca doações de porta em porta. “Os recursos são poucos, tudo é feito pedindo. O povo me vê na rua e sai correndo porque sabe que eu vou pedir alguma coisa”, brinca.
Rotina de trabalho de Alexandre inclui a
limpeza
dos banheiros e dos corredores do
dos banheiros e dos corredores do
supermercado
(Foto: Maiara Barbosa/ G1)
Por volta das 12h, ele coloca a mochila nas costas e vai para o trabalho. O caminho de transporte público até o supermercado demora: depois de uma hora, às 13h40, ele começa o expediente. Dos colegas, ele ouve um cumprimento com o apelido de “abençoado”, que recebeu dos amigos. Com uniforme cinza e boné na cabeça, o homem de 39 anos passa facilmente despercebido pelos olhares e passos acelerados dos clientes do supermercado.
Até as 22h, de segunda a sexta-feira, ele cumpre uma rotina de limpar os banheiros, o estacionamento, estoque e corredores do supermercado.
No final de um mês de trabalho, Alexandre recebe R$ 880. Os descontos e impostos reduzem o salário do faxineiro. Para não se perder nas despesas de casa, como água, luz, gás e mantimentos, ele separa o salário em envelopes de papel. Cada um recebe uma quantia e ele escreve o que será pago com aquele valor.
Às vezes aperta o mês, mas eu nunca desisti. No tempo de criança eu também passei necessidade."
Emerson Alexandre, faxineiro
Em um dos envelopes, além dos produtos de higiene pessoal, um traço feito com uma caneta azul divide o papel. Na parte debaixo estão marcados: macarrão, legumes e açúcar. Esses itens serão comprados com o seu salário e vão para a sopa feita pela ONG, que é distribuída aos moradores de rua pelo menos uma vez por semana. “Eu coloco R$ 100 ou R$ 200 para o sopão, mas às vezes faz falta e eu preciso sair pedindo ajuda para o pessoal.”
São as doações que mantêm o trabalho da ONG que atende aos moradores dos bairros mais carentes de Suzano. E quando elas não vêm, os integrantes colocam as mãos (e pernas) em ação para encontrar meios de arrecadação.
Alexandre não varre para debaixo do tapete o seu passado e por isso, não se envergonha de ir às ruas com um carrinho e juntar recicláveis. Com o dinheiro das vendas de papelão e metais recolhidos das ruas, ele consegue comprar alimentos para o sopão. “Eu morei em um barraco e sei como é. Às vezes não tinha alimento e no café da manhã era chá de erva cidreira ou água com açúcar.”
Nos dias de folga e depois de cumprir as tarefas de casa, como lavar o quintal e o uniforme para o próximo dia de trabalho, o faxineiro já pensa nos próximos desafios que virão. “Eu quero fazer uma exposição de brinquedos com produtos recicláveis. Já estou juntando várias caixinhas de leite. Depois, começa a correria para fazermos uma festinha de Dias das Crianças. Em seguida, vem o Natal e a gente vai atrás de doações de brinquedos, mas eu não penso em desistir. A ONG tem que ser alguma coisa espontânea, tem que ser a comunidade ajudando a comunidade. A gente tem que se preocupar em fazer uma coisa boa hoje, porque ninguém sabe o dia de amanhã”, finaliza.
(Foto: Maiara Barbosa/ G1)
Por volta das 12h, ele coloca a mochila nas costas e vai para o trabalho. O caminho de transporte público até o supermercado demora: depois de uma hora, às 13h40, ele começa o expediente. Dos colegas, ele ouve um cumprimento com o apelido de “abençoado”, que recebeu dos amigos. Com uniforme cinza e boné na cabeça, o homem de 39 anos passa facilmente despercebido pelos olhares e passos acelerados dos clientes do supermercado.
Até as 22h, de segunda a sexta-feira, ele cumpre uma rotina de limpar os banheiros, o estacionamento, estoque e corredores do supermercado.
No final de um mês de trabalho, Alexandre recebe R$ 880. Os descontos e impostos reduzem o salário do faxineiro. Para não se perder nas despesas de casa, como água, luz, gás e mantimentos, ele separa o salário em envelopes de papel. Cada um recebe uma quantia e ele escreve o que será pago com aquele valor.
Às vezes aperta o mês, mas eu nunca desisti. No tempo de criança eu também passei necessidade."
Emerson Alexandre, faxineiro
Em um dos envelopes, além dos produtos de higiene pessoal, um traço feito com uma caneta azul divide o papel. Na parte debaixo estão marcados: macarrão, legumes e açúcar. Esses itens serão comprados com o seu salário e vão para a sopa feita pela ONG, que é distribuída aos moradores de rua pelo menos uma vez por semana. “Eu coloco R$ 100 ou R$ 200 para o sopão, mas às vezes faz falta e eu preciso sair pedindo ajuda para o pessoal.”
São as doações que mantêm o trabalho da ONG que atende aos moradores dos bairros mais carentes de Suzano. E quando elas não vêm, os integrantes colocam as mãos (e pernas) em ação para encontrar meios de arrecadação.
Alexandre não varre para debaixo do tapete o seu passado e por isso, não se envergonha de ir às ruas com um carrinho e juntar recicláveis. Com o dinheiro das vendas de papelão e metais recolhidos das ruas, ele consegue comprar alimentos para o sopão. “Eu morei em um barraco e sei como é. Às vezes não tinha alimento e no café da manhã era chá de erva cidreira ou água com açúcar.”
Nos dias de folga e depois de cumprir as tarefas de casa, como lavar o quintal e o uniforme para o próximo dia de trabalho, o faxineiro já pensa nos próximos desafios que virão. “Eu quero fazer uma exposição de brinquedos com produtos recicláveis. Já estou juntando várias caixinhas de leite. Depois, começa a correria para fazermos uma festinha de Dias das Crianças. Em seguida, vem o Natal e a gente vai atrás de doações de brinquedos, mas eu não penso em desistir. A ONG tem que ser alguma coisa espontânea, tem que ser a comunidade ajudando a comunidade. A gente tem que se preocupar em fazer uma coisa boa hoje, porque ninguém sabe o dia de amanhã”, finaliza.
Próximos projetos da ONG de Alexandre serão festas de
Dia das Crianças e de Natal
(Foto: Nicholas Modesto/ TV Diário)
Do G1 Mogi das Cruzes e Suzano
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