Atriz relata abuso e agressão em bloco no pré-carnaval de São Paulo.

Atriz diz ter sido vítima de abuso e agressão em bloco do 
pré-carnaval paulistano 
(Foto: Reprodução/Facebook)

21 de FEVEREIRO 2017 - A atriz Carolina Froes, de 22 anos, diz ter sido despida à força e agredida durante o desfile do bloco pré-carnavalesco Casa Comigo, na Avenida Brigadeiro Faria Lima, na Zona Oeste de São Paulo, na tarde deste sábado (18). Ela publicou um relato do episódio em sua página no Facebook, que viralizou na internet.

Segundo Carolina, a agressão ocorreu próximo à Estação Faria Lima do Metrô quando ela deixava a folia, onde estava vendendo geladinhos com as amigas. “Depois de três horas trabalhando embaixo de sol, minhas amigas e eu estávamos indo embora junto com uma multidão, quando ele, vindo por trás, puxou e tira a minha parte de cima da roupa”.

A jovem usava uma blusa que é amarrada nas costas e afirma que, assim que foi despida, virou-se e passou a agredir o homem que foi apontado por uma testemunha como o assediador. De acordo com a atriz, ele era um "armário" com “o dobro do tamanho” dela, e ria mesmo sendo atingido. Ela diz que, então, começou a tentar segurá-lo e gritou para que alguém chamasse a polícia.

“Nisso ele me agarra pelo pescoço e me enforca enquanto eu tento chutar. Me levanta pelo pescoço, e então me joga no chão. Caí. Sem blusa e sem ajuda. Foi quando machuquei meu braço. Levantei mais nervosa, gritando mais alto e preparada pra machucá-lo mais”, relembrou.

Carolina conta que, no meio da confusão, conseguiu ver que o agressor ficou com o pescoço bastante arranhado. “Depois me disseram que o braço dele também sangrou. Minhas unhas estão todas quebradas, então provavelmente é verdade”, acrescentou.

Jovem postou fotos das marcas deixadas pelas 
supostas agressões no Facebook 
(Foto: Reprodução/Facebook)

A atriz afirma que nenhuma das pessoas que presenciaram a cena a ajudou. Segundo ela, algumas ainda tentaram impedi-la de reagir. “Quando levantei, cinco pessoas me seguraram. Ninguém segurou o agressor. Enquanto eu gritava pra me largarem, enquanto eu gritava pedindo pra que o segurassem, vi ele indo embora rindo”.

A jovem diz que teve vontade de desaparecer após o ocorrido e chegou a pensar em não voltar a um bloco carnavalesco. Depois, com a cabeça mais fria, diz que refletiu melhor: “Amo o carnaval. O que aconteceu comigo no sábado não é carnaval. O que aconteceu comigo no sábado é abuso, é assédio, é agressão, é violência”.

Ao G1, Carolina confessou que "o que mais machucou, além das agressões físicas, foi o fato de ninguém ter feito nada". Ela espera, agora, que a divulgação do caso chame a atenção para a questão do assédio no carnaval. "Para que as pessoas conseguiam reagir e que isso pare de ser normal", explicou.

Carolina já usou a Central de Atendimento à Mulher, pelo telefone 180, para denunciar o abuso. Ela também vai registrar um boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher e deve passar por exame de corpo delito nesta terça-feira (21).

Bloco lamenta

Raul Cilento, um dos fundadores do bloco Casa Comigo, lamentou o episódio. Ele disse que ficou sabendo do ocorrido por meio de amigos que tem em comum com a vítima. "Por mais que em diversos momentos do desfile a gente tenha alertado aos foliões e tentado conscientizá-los que esse tipo de atitude é inadmissível, infelizmente aconteceu nos arredores do desfile", afirmou.

"Muito triste acontecer esse tipo de agressão. No que depender do Casa Comigo, iremos continuar alertando através da arte e do nosso manifesto junto ao poder público pra que esse tipo de comportamento seja banido não só do Carnaval mas da sociedade brasileira", completou Cilento.

Por Will Soares, G1 São Paulo

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