Afrodescendentes de quilombos 'não servem nem para procriar', diz Bolsonaro no clube Hebraica do Rio

Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

Após ter palestra suspensa pela Hebraica de SP, deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) foi convidado pela seção do Rio


Em clube judaico na zona sul do Rio de Janeiro, deputado federal do PSC disse que reservas indígenas e quilombolas atrapalham a economia: 'Onde tem uma terra indígena, tem uma riqueza embaixo dela. Temos que mudar isso daí'

O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) esteve nesta segunda-feira (03/04) no clube Hebraica, na zona sul do Rio. Enquanto 100 pessoas protestavam do lado de fora, outras 300 lotavam o auditório. Segundo o Estadão, o presidenciável prometeu que irá acabar com todas as reservas indígenas e comunidades quilombolas do país caso seja eleito em 2018.

Bolsonaro aproveitou o momento para desancar a ex-presidente Dilma Rousseff e comunidades tradicionais:

– Pode ter certeza que se eu chegar lá não vai ter dinheiro pra ONG. Se depender de mim, todo cidadão vai ter uma arma de fogo dentro de casa. Não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou para quilombola.

Em fevereiro, na Paraíba, Bolsonaro sugeriu dar um fuzil para os fazendeiros como cartão de visita contra o MST.

Frases racistas

O deputado afirmou que as reservas indígenas e quilombolas atrapalham a economia: “Onde tem uma terra indígena, tem uma riqueza embaixo dela. Temos que mudar isso daí”. Ele disse que foi “a um quilombo”. De lá, voltou com a seguinte percepção: “O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gasto com eles.”

O presidenciável também não poupou os refugiados. “Não podemos abrir as portas para todo mundo”, disse. Ele não se mostrou, porém, avesso a todos os estrangeiros: “Alguém já viu algum japonês pedindo esmola? É uma raça que tem vergonha na cara!”.

Os manifestante do lado de fora, articulados por movimentos juvenis da comunidade judaica, levantavam cartazes e gritavam: “Judeu e sionista não apoia fascista”. “Quem permite torturar se esquece da shoá”. “Pela vida e pela paz, tortura nunca mais”. Um grupo de mulheres entoava: “Ei, mulher, ele apoia o estupro”.

Um presidenciável


Em quarto lugar na intenção de votos para presidente, com 9% no Datafolha, o deputado gerou revolta na comunidade judaica. O presidente do clube no Rio, Luiz Mairovitch, convidou Bolsonaro após ele ter sido barrado em evento similar no clube paulista.

No começo do seu discurso, o deputado declarou não ser um bom nome para presidir o país: “Eu não sou bom, não. Mas os outros são muito ruins. Me esculacham tanto e mesmo assim eu continuo subindo nas pesquisas”.

Publicado originalmente no site De Olho nos Ruralistas


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