Após campanha, mãe arrecada valor para enterrar filho, morto há 10 dias no DF


Mãe organiza vaquinha na internet para 
arrecadar dinheiro para enterrar o filho 
de 2 anos, morto há uma semana no DF 
(Foto: Angélica Ribeiro/ Arquivo pessoal)

26 de AGOSTO 2017 - A luta de Angélica Ribeiro, uma mãe desempregada em busca de dinheiro para conseguir enterrar o corpo do filho de dois anos, mobilizou moradores do Distrito Federal que doaram mais de R$ 12 mil à família, por meio de uma vaquinha online. O objetivo era custear o sepultamento da criança.

Com a meta alcançada, Miguel, morto há dez dias, será enterrado neste sábado (26) em um cemitério da Asa Sul. A história foi contada esta semana no G1 e, até a última atualização, 173 pessoas já tinham se cadastrado para doar o dinheiro.

O bebê, diagnosticado com síndrome de Dandy Walker- doença que afeta o cérebro –, morou durante toda a vida em hospitais. No último dia 16, sofreu três paradas cardíacas e não resistiu. Após a morte, a criança foi levada ao Instituto Médico Legal (IML) e a família teria até sábado para reclamar o corpo.

Apesar da vaquinha ter ultrapassado a meta inicial de R$ 10 mil, o valor só poderá ser sacado após duas semanas, por regras do site que hospedou a campanha. Com o risco do corpo do filho ser sepultado como indigente, Angélica contou mais uma vez com a solidariedade de amigos e comerciantes.

A partir do pedido de ajuda porta-a-porta e do apelo nas redes sociais, ela recebeu a doação direta de R$ 4.218,82 para custear as despesas imediatas com o enterro do filho. Angélica também ganhou da funerária Bom Pastor, os serviços de transporte e vestimenta do pequeno Miguel.

“Eu fui à luta para conseguir e agora vejo que o amor de uma mãe move montanhas. Nada vai trazer a vida dele de volta, mas meu filho vai receber o que um cidadão merece. Ele já perdeu a vida, mas o fato de ter um enterro digno me deixa tranquila.”

Sobre o valor arrecadado na vaquinha virtual, Angélica diz se sentir “grata” pelo apoio e afirma que, assim que receber, pretende quitar as despesas com o aluguel da casa, comprar cestas básicas para a família e pensar em atividades que possam gerar renda, já que está desempregada.

Sepultamento social

Às famílias de baixa renda que não têm condições financeiras de arcar com os custos de um sepultamento, o Governo do Distrito Federal oferece a opção do sepultamento social.

Neste serviço, no caso de crianças, os corpos são exumados após três anos para que a vaga possa ser preenchida novamente.

Angélica rejeitou o método e, por isso, começou a pedir ajuda. Segundo ela, o desejo agora é de que Miguel "tenha um lugar onde possa descansar em paz".

“Não é luxo, mas só quem enfrenta é que sabe. Agradeço a todo mundo pelo apoio e orações. Acho que agora posso ter o direito de viver meu luto.”

BRASÍLIA  DISTRITO FEDERAL

Por Marília Marques, G1 DF

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