Naquele que se debate
No triste leito da dor,
O abraço doce da morte
É como um beijo de amor;
Quando ela chega e põe fim
No sofrimento de um ser,
A morte serve de alento
Para mim ou pra você.
Pra muitos a morte é feia
A sua força faz tremer,
Mas a mim não mete medo
A encaro sem temer.
Sou feliz com a minha vida
Mas não cultivo ilusão,
Pois eu sei que cedo ou tarde
Vai parar o meu coração.
Na terra nós construímos
Compramos e acumulamos
Amamos tanto a matéria
Que em morrer não pensamos.
Sem esperar, certo dia
A morte vem me abraçar
E daquilo que é meu
Nada vou poder levar.
Muita gente abomina
Quando a morte é o assunto,
Mesmo tendo a certeza
Que um dia será defunto.
Se empanturra com a matéria
E não cuida do Espírito
Quando ver a cova aberta
Se assusta e dar um grito.
O orgulho e a vaidade
Ao ser humano escraviza
O ter devorando o ser
De Deus ninguém mais precisa
Assim que falam os tolos.
O homem pensa ser eterno
Dizendo que é ilusão
Essa de Céu e Inferno.
A morte é igualitária
Não escolhe a quem levar,
Ela é cega, surda e muda
Trabalha sem descansar.
Nasceu, cresceu, produziu
Na morte não há mistério
A matéria definhou
O endereço é o cemitério.
Não consigo entender
Pra quê tanta divisão
Se não importa quem seja
Tudo finda num caixão.
A endeusada riqueza
A pobreza desprezada
Nada aqui é para sempre
A existência é pré-datada.
Na morte não há mistério,
Misteriosa é a vida,
Pois a morte é uma certeza
Mesmo que seja doída;
Já a vida, ninguém sabe
Quando a mesma vai findar,
Você pode ir dormir
E nunca mais acordar.
São Francisco de Assis
Quando estava pra partir,
Chamou a morte de irmã
E a recebeu a sorrir.
Falou para seus irmãos:
-A morte é uma jovem bela.
E assim adormeceu
Nos suaves braços dela.
A morte é natural
Tanto quanto a vida é
Não precisa alvoroço
Basta um pouco de Fé
E acreditar que morrer
É apenas um processo
Que leva o ente que veio
Ao verdadeiro regresso.
Chico Filho.
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