Operação que investiga crimes em presídios do RN apreende dinheiro; advogados, agentes e ex-policial são alvos.


Operação 'Queijo Suíço' investiga envolvimento de 
servidores públicos em fugas de presídios do 
estado, principalmente de Alcaçuz 
(Foto: Sejuc/Divulgação)

23 de NOVEMBRO 2017 -  A operação ‘Queijo Suíço’, que investiga a atuação de servidores públicos em crimes dentro do sistema prisional potiguar, apreendeu uma considerável quantia em dinheiro. É o que garante a Polícia Civil, que afirma ter descoberto um esquema que envolve a participação de pelo menos 15 agentes penitenciários, dois advogados e um ex-policial civil na facilitação de fugas e entrada ilegal de armas, drogas e aparelhos celulares em presídios do estado. O valor apreendido e os nomes dos suspeitos não foram divulgados.

Ainda de acordo com a Polícia Civil, os investigados foram alvos de 18 mandados de busca e apreensão, e mais 22 de condução coercitiva (quando a pessoa é levada à delegacia para prestar depoimento) cumpridos na manhã desta quarta (22). Três esposas de agentes penitenciários também foram levadas para prestar esclarecimentos.

“Não podemos dar nomes e nem revelar a quantia em dinheiro que foi apreendida porque as investigações estão em segredo de Justiça”, explicou o delegado-geral Correa Júnior, em entrevista coletiva.

O delegado também disse que os envolvidos devem ser indiciados por crimes de corrupção, facilitação de fuga, lavagem de dinheiro, associação criminosa e introdução de objetos ilícitos em presídios.

Queijo Suíço

A denominação da operação, ainda de acordo com Correa Júnior, é uma alusão às constantes fugas registradas nos presídios potiguares, principalmente por meio de túneis. Alcaçuz, que é a maior penitenciária do estado, muitas vezes foi chamada de ‘queijo suíço’ em razão dos inúmeros buracos que eram encontrados após as fugas que corriqueiramente aconteciam na unidade até o início do ano, quando acabou estourando as rebeliões que findaram com a morte de 26 detentos.

Massacre

Ainda de acordo com o delegado-geral, as investigações foram iniciadas justamente após o massacre de Alcaçuz, em janeiro. "Na época, presos de facões rivais entraram em confronto e havia a suspeita de facilitação de introdução de armas e celulares no interior da unidade prisional. No decorrer das investigações ficou evidenciado a existência de servidores do sistema penitenciário agindo em conjunto ou isoladamente em condutas criminosas com a participação de advogados, sendo identificadas movimentações bancárias vultosas e incompatíveis com os rendimentos declarados pelos investigados à Receita Federal", acrescentou Correa Júnior.

A operação é fruto de uma ação conjunta do Núcleo Especial de Investigação Criminal (NEIC) da Polícia Civil com apoio técnico do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público e suporte da Secretaria Estadual de Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed).

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Por Anderson Barbosa, G1 RN

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