Alunos de universidade relatam medo após pichações homofóbicas e preconceituosas em banheiro.


Na montagem, as três mensagens escritas no 
banheiro masculino próximo à gourmeteria do 
pátio central da USC de Bauru (Foto: Arquivo pessoal)

04 de ABRIL 2018 - Uma série de mensagens agressivas pichadas em um dos banheiros da Universidade do Sagrado Coração (USC), de Bauru (SP), deixou um clima de medo e insegurança entre alguns alunos da instituição.

As descrições, feitas na semana passada, circularam pelas redes sociais e já foram apagadas pela instituição. Nelas, os autores divulgam mensagens agressivas de cunho homofóbico e com preconceito de classe.

Procurada, a assessoria de imprensa da universidade disse que também “se considera vítima” destes atos de vandalismo e que “não comunga com mensagens de exclusão”. Diz ainda que, apesar desses atos que incentivam a violência, o local é seguro.

Em uma das pichações, a mensagem aponta: “Remédio de gay é lâmpada fluorescente”, provavelmente em referência ao caso de 2010 de agressão a um jovem com uma lâmpada deste tipo, na Avenida Paulista, na capital. Um dos agressores foi condenado cinco anos depois.

Em outra pichação, ainda de cunho homofóbico, o autor escreve que “cura gay é surra de paulada”. Há ainda uma terceira mensagem escrita nas paredes que destaca o preconceito de classe e de rivalidade ideológica: “Mate um favelado, mate um anarquista”.


A Universidade do Sagrado Coração diz que seu campus 
é aberto à comunidade, mas que a segurança é eficiente 
(Foto: Google Street View/Reprodução)

Todas as pichações aparecem assinadas pelas palavras “Direita Bauru” cercadas por duas letras gregas sigma (Σ). A letra sigma é associada ao movimento integralista brasileiro, de extrema direita, criado em 1932 por Plínio Salgado com inspiração no fascismo italiano.

Segundo uma aluna do 4º ano de psicologia, que pediu para não ser identificada, o sentimento entre os universitários com quem ela convive é de temor por não se saber quem seriam os autores deste tipo de manifestação.

“Não sabemos quem são essas pessoas, é complicado lidar com neonazistas, nacionalistas, integralistas. Não sabemos até que ponto essas ameaças podem se tornar realidade. Aqui é um espaço de diversidade e por isso achamos que o risco é para alunos, funcionários e a comunidade que frequenta esse espaço”, diz a estudante.

Os estudantes também pedem mais segurança no campus e uma manifestação mais enfática da universidade sobre o caso. Para eles, não bastaria apenas “limpar as paredes”.

O G1 conversou com duas universitárias e elas avaliam registrar um boletim de ocorrência ou até mesmo pedir ajuda ao Ministério Público.

Assim que o caso ganhou as redes sociais, uma das alunas enviou email para a reitoria e para a ouvidoria relatando a situação. Por meio de um dos seus canais de comunicação oficial, a USC respondeu que "acionou o setor competente para tomar as devidas providências".

“Não dá pra ficar no silêncio e apenas limpar o banheiro, porque isso só mascara o problema e pode até eliminar eventuais provas se a situação virar um caso de polícia”, diz a estudante.

A assessoria de imprensa da USC explicou que a universidade promove ações de inclusão e de atendimento à comunidade. Por isso, o campus é aberto a todos e que não há controle de acesso.

A USC ressaltou, porém, que a segurança é eficiente no local e que prova disso é que o ato de vandalismo aconteceu em um dos banheiros, local onde os seguranças não podem entrar para efetuar a fiscalização.

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BAURU

Por Sérgio Pais, G1 Bauru e Marília

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