Enem 2018: 10 temas de redação que NÃO devem cair na prova, segundo professores


G1 no Enem 2018 — Foto: Arte/G1

30 de OUTUBRO 2018 - Falta pouco para o Enem 2018. No primeiro domingo de novembro, dia 4, será aplicada em todo o Brasil a primeira prova da avaliação que é porta de entrada de estudantes para dezenas de universidades públicas. Além das questões de ciências humanas, ciências da natureza e matemática, tem a redação, cujo tema surpreende a cada ano.

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10 temas de redação que podem cair na prova, segundo professores

Com o objetivo de dar uma força pra quem está dando aquela última revisada, o G1 entrou em contato com professores de cursinhos pra fazer a seguinte pergunta: que temas NÃO DEVERÃO ser cobrados na redação do Enem 2018? É importante ressaltar que não existem temas impossíveis, e sim improváveis. Eles foram selecionados levando em conta a experiência dos entrevistados com provas do Enem de anos anteriores. Veja a lista:

1. Liberação do porte de armas de fogo

Esta questão é bastante polêmica, tem muitos pontos de vista e um elemento importante a ser considerado. “Dependendo dos argumentos utilizados, o aluno acaba incidindo no desrespeito aos direitos humanos. Convém lembrar que, desde 2017, o Inep não zera mais o texto que desrespeita os direitos humanos, mas ainda desconta 200 pontos de mil, se o desrespeito estiver na proposta de intervenção”, pondera o professor Romulo Bolivar, professor de português e redação do ProEnem. Ou seja, a construção do texto sobre esse tema poderá induzir o aluno a produzir argumentos que podem ferir os direitos humanos – e, consequentemente, reduzir a nota da redação do candidato.

2. Corrupção na política

Essa questão está sendo discutida nas mais variadas regiões do país especialmente porque 2018 é ano de eleição. Muitos políticos foram acusados, denunciados e condenados por estarem envolvidos em escândalos de desvio de dinheiro público. Apesar disso, a aposta de professores é que o tema não será cobrado na redação porque “não é esperado que o Enem, mecanismo gerido pelo Ministério da Educação, enseje tão contundentemente mecanismos e circunstâncias de crítica ao Governo Federal”, defende Romulo Bolivar, professor de português e redação do ProEnem.

3. Intervenção militar

O aumento no registro de casos de violência no Rio de Janeiro fez o governo federal dar início a uma intervenção federal na segurança do estado. Na época da sua implantação, houve muita discussão sobre a efetividade da ação e dos meios que seriam usados para tentar reduzir os casos de violência. Até hoje, a medida tomada é avaliada como polêmica, mas não deverá estar na redação do Enem deste ano porque foi um acontecimento que se deu apenas no Rio de Janeiro, e pode ser desconhecido pelos candidatos do Enem de outros estados. “Essa não é a realidade do país como um todo. Dessa forma, não há como propor um tema dessa natureza”, avalia Daniela Martins, professora e coordenadora de redação do Poliedro Campinas

4. Escola sem partido

O movimento Escola sem partido, que é contrário ao que seus apoiadores chamam de “doutrinação ideológica” nas salas de aula de instituições de ensino brasileiras, foi discutido em várias escolas espalhadas pelo país. Apesar de ser um tema que permite muita discussão e a apresentação de muitos argumentos a favor e contra a iniciativa, Daniela Martins, professora e coordenadora de redação do Poliedro Campinas diz que “há forças divergentes, até mesmo políticas, entre o que é doutrinação e o que é formação acadêmica”.

5. Legalização da maconha


O uso da maconha, seja recreativo ou medicinal, é alvo de muita polêmica. Existem vários argumentos a favor e contra os dois tipos de consumo da erva. O Uruguai, nosso vizinho, já legalizou e estatizou o mercado da erva. No Canadá, foi autorizado o uso recreativo da maconha neste mês de outubro.

Apesar do assunto estar em debate há tempos, Daniela Martins, professora e coordenadora de redação do Poliedro Campinas, diz acreditar que “a polêmica também está no âmbito político; assim, não seria possível o consenso de problema a ser amenizado” e, portanto, a chance da maconha, e sua legalização, ser tema de redação é muito pequena.

6. Alta do dólar e seus impactos

A moeda americana chegou a ultrapassar a casa dos R$ 4 em agosto. As incertezas que rondam o futuro da política brasileira e previsões sobre as taxas de juros do Banco Central americano foram apontadas como duas das causas para o valor do dólar subir tanto frente ao real.

Apesar das flutuações da moeda americana impactarem diretamente a vida dos brasileiros, é pouco provável que o dólar seja o tema da redação do Enem deste ano porque trata-se de “um tema muito específico de economia, e os alunos não saberiam tratá-lo em toda a sua concretude, seria um tema muito técnico para os candidatos” na avaliação de Thiago Braga, professor e autor de Redação do Sistema de Ensino pH.

7. Demarcação de terras indígenas

Durante a campanha presidencial deste ano, a questão da demarcação das terras indígenas foi discutida por alguns dos candidatos à Presidência. O tema é relevante, mas esbarra na questão da propriedade privada e do agronegócio e, portanto, na avaliação de Daniela Martins, professora e coordenadora de redação do Poliedro Campinas, “não seria uma discussão apartidária”. Exatamente por esse motivo, a chance desse tema estar na redação do Enem é bem pequena.

8. Cura gay

Em 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) deixou de considerar a homossexualidade uma doença. Logo, o termo "cura gay" não faz sentido porque não há o que ser curado. Daniela Martins, professora e coordenadora de redação do Poliedro Campinas, acredita que esse é “um tema com implicações sociais, morais, religiosas, ideológicas e até políticas. Muito difícil propor uma discussão que perpassa valores individuais tão distintos”.

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9. Sistema de cotas


As cotas raciais começaram a ser adotadas em algumas universidades públicas brasileiras nos últimos anos. A medida, que está sendo aplicada progressivamente, também tem muitos defensores e críticos. Quem apoia a mudança diz, entre outras coisas, que ela é importante para reparar a desigualdade de brancos e negros nas salas de aula das universidades brasileiras; quem é contra alega que, pelo contrário, há um aprofundamento do preconceito no momento em que é feita a divisão entre brancos e negros.

O professor Thiago Braga, professor e autor de Redação do Sistema de Ensino pH, defende que o tema “envolve muita ideologia política e isso poderia gerar problemas para os candidatos no Enem na execução da prova”.

10. O muro de Trump

A eleição de Donald Trump, em 2016, surpreendeu muitos norte-americanos e o mundo. As pesquisas de intenção de voto apontavam que sua rival, a democrata Hillary Clinton, seria a nova presidente dos Estados Unidos. Ao longo de dois anos de mandato, Trump fez promessas polêmicas. Uma delas, feita ainda durante sua campanha, previa a construção de um grande muro dividindo a fronteira de seu país com o México.

Apesar da questão da globalização e seus efeitos estarem sempre em discussão, “em geral, os eixos temáticos cobrados na prova compreendem temas sociais, atuais e diretamente relacionados à sociedade brasileira. Nada impede que suas ações sejam eventualmente citadas pelos textos de apoio ou pelo próprio candidato para tratar de algum tema em nossa sociedade, mas protagonizar o exame dissertativo não é uma expectativa a ser considerada”, segundo Romulo Bolivar, professor de português e redação do ProEnem.

Por Rafael Ihara, G1

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