APÓS PERDER PAIS PARA CÂNCER, GAÚCHO VIAJA 4.000 KM PARA DOAR MEDULA ÓSSEA PARA POTIGUAR


18 de FEVEREIRO 2019 - Foram quase 10 anos até que o telefone tocasse. Quando tocou, do outro lado linha, um funcionário do Redome (Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea) avisava o estudante de psicologia e cabeleireiro Rafael Audibert, 33, de que eram grandes as chances de ele se tornar um doador de medula.

Audibert mora em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. O receptor, cuja identidade é mantida sob sigilo, é do estado do Rio Grande do Norte, distante quase 4.000 km da capital gaúcha.

Procurado em junho do ano passado, Audibert fez em uma cidade vizinha os exames necessários para testar a compatibilidade entre doador e receptor. O Redome concentra doadores e é ligado ao Instituto Nacional do Câncer, do governo federal.

No último dia 1º, uma nova ligação pedia para que ele enfrentasse os 4.000 km para uma nova bateria de exames.

''Fizeram vários exames comigo, além de atendimento psicológico, e me apresentaram toda equipe de médicos e enfermeiros. Me deixaram bem à vontade, além disso explicaram com toda a clareza que eu poderia em qualquer momento desistir da doação, já que é um ato voluntário", diz ele. "Mas se eu digo que não quero mais, esse paciente pode morrer. É bem sério este compromisso."

Os custeios de passagem aérea para ele e uma acompanhante, estadia por três dias e alimentação foram pagos pelo SUS (Sistema Único de Saúde). O transplante de medula óssea é um tratamento para algumas doenças que afetam as células do sangue, como as leucemias e os linfomas.
Agora, Audibert se prepara para, dentro de algumas semanas, voltar ao Rio Grande do Norte para realizar a doação de medula.

A cidade onde será realizado o procedimento, por questões de sigilo, não foi revelada. Um termo de compromisso entre doador e receptor impede que eles se conheçam antes do transplante. Este encontro só poderá ser realizado após um ano da doação mediante o consentimento de ambos, caso desejarem.

Questionado sobre as expectativas para fazer a cirurgia que será realizada dentro de algumas semanas no norte do país, Rafael afirmou que não tem receio quanto os procedimentos.

"Vou doar aproximadamente 1 litro de medula e não tem riscos. O único risco, na verdade, é em função do procedimento anestésico, e neste caso se optou por usar a anestesia raquidiana [do abdome para baixo] porque as coletas são feitas através do osso do quadril. São cerca de 6 a 10 pulsões realizadas pelas costas na região lombar. Estou bem seguro e ciente quanto a isso'', disse o estudante.

Doador acompanhou luta dos pais contra câncer

Audibert conta que se tornou doador pouco tempo depois de acompanhar a luta de seus pais contra o câncer, há mais de dez anos.

"Acompanhei a luta deles contra a doença e os processos de quimioterapia e radioterapia dentro do hospital, e esses fatores me sensibilizaram muito". Além disso, uma campanha na cidade em busca de um doador de medula para um com leucemia reforçou seu desejo de fazer o cadastro. "A cidade inteira se mobilizou", conta.

No dia que recebeu a notícia de que sua medula era 100% compatível com o paciente, se sentiu recompensado. Ele disse que estava trabalhando em um salão de beleza quando foi surpreendido pela ligação.

Existe aquele ditado de que a gente deve escrever um livro, plantar uma árvore. E eu digo que a minha árvore está sendo plantada agora nesse paciente que receberá 1 litro de medula. Eu espero, que se tudo correr bem, essa medula se instale, se expanda e cresça no paciente e assim vou poder dizer que a minha árvore está sendo plantada. É muito emocionante

Como doar medula óssea

Em 2018, o Redome promoveu ao menos 355 transplantes por meio da doação não aparentada, quando não há ligação familiar. No ano passado, foram atualizados cerca de 138 mil cadastros, número inferior a 2017.

O doador ideal --um irmão compatível-- só está disponível em cerca de 25% das famílias brasileiras. Para os demais casos, é preciso identificar um doador a partir dos registros de doadores, segundo o Redome. Para se tornar doador, é preciso fazer o cadastro. Quando há chance de compatibilidade, é feito o contato.

Características do doador:

Ter entre 18 e 55 anos de idade.
Não ter doença infecciosa ou incapacitante
Não estar em tratamento contra câncer
Algumas complicações de saúde não impedem a doação e são analisadas caso a caso.

Com informações do UOL

POR CAIO VALE

Fonte: Mossoró Notícias.

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