Dois caminhões com ajuda humanitária deixam Boa Vista em direção à Venezuela; fronteira segue fechada


Caminhão com ajuda humanitária para a Venezuela 
deixa Boa Vista — Foto: Laudinei Sampaio/Rede 
Amazônica Roraima

23 de FEVEREIRO 2019 - Dois caminhões venezuelanos com ajuda humanitária brasileira partiram de Boa Vista (RR) em direção à Venezuela na madrugada deste sábado (23), mas a fronteira com o país segue fechada após ordem de Nicolás Maduro. A oposição marcou para este sábado o dia 'D' para recebimento de doações de outros países, mas esse apoio é rejeitado pelo presidente venezuelano.

Os caminhões deixaram a capital de Roraima às 6h50 escoltados pela Polícia Rodoviária Federal e, pelas regras estabelecidas pelo governo brasileiro, a ajuda deve ser transportada por caminhões venezuelanos conduzidos por motoristas venezuelanos.

ENTENDA: Por que a ajuda humanitária virou foco da crise venezuelana


Fronteira entre Brasil e Venezuela tem policiamento 
reforçado na manhã de sábado (23) — Foto: Emily Costa/G1 
Roraima

Normalmente, a passagem é fechada à noite e reabre por volta das 8h do dia seguinte, mas isso não aconteceu neste sábado. Assim como na sexta, o lado venezuelano segue fechado e militares do país reforçavam o policiamento nas primeiras horas da manhã.

Maduro determinou o fechamento para tentar barrar a ajuda humanitária oferecida pelos EUA e por países vizinhos, incluindo o Brasil, após pedido do autoproclamado presidente interino Juan Guaidó. O líder chavista vê a oferta dessa ajuda como uma interferência externa na política da Venezuela.

No anúncio, feito de Caracas, o líder chavista afirmou que a passagem entre os países ficaria “fechada total e absolutamente até novo aviso”.



Venezuelanos aguardam chegada de ajuda humanitária 
na fronteira entre Brasil 
e Venezuela — Foto: Emily Costa/G1 Roraima

O fechamento ocorre onde seria um dos pontos de coleta dos carregamentos de comida, remédio e itens de higiene básica enviados à população venezuelana. O porta-voz do presidente Jair Bolsonaro (PSL), Otávio Rêgo Barros, disse que a ajuda humanitária está mantida.

Ao G1, o segurança Juancarlo Castro, de 49 anos, relatou confrontos entre civis e militares em Santa Elena. Ele chegou a Pacaraima por volta das 19h30 da última sexta-feira (22) por rotas clandestinas.

“As pessoas saíram às ruas e queimaram postos da GNB (Guarda Nacional Bolivariana) dentro da cidade e uma caminhonete de milicianos. Depois teve tiros, feridos, e acredito que mortos. Saíram cerca de 100 pessoas de Santa Elena durante a noite para ajudar a levar a ajuda", disse Juancarlo.



Juancarlo Castro, 49 anos, mora em Santa Elena (Venezuela) 
e entrou em Pacaraima por rotas 
clandestinas — Foto: Emily Costa/G1 Roraima

“No lado venezuelano não tem comida, não tem remédios, não tem nada. Então hoje viemos para acabar com isso. Não tenho medo dos guardas”, completou o segurança.

A brasileira Juliana dos Santos, 47 anos, mora em Santa Elena e disse estar disposta a atravessar a fronteira em busca de ajuda mesmo com a resistência da guarda. "Decidi vir ajudar porque meus filhos são venezuelanos e me dói muito tudo isso", disse.



Fronteira entre Brasil e Venezuela — Foto: Rodrigo Sanches/G1

Confronto em Kumarakapay

Uma pessoa morreu e outras ficaram feridas em Kumarakapay, na Venezuela, em um confronto entre indígenas e militares venezuelanos na última sexta-feira (22). A informação foi dada por líderes indígenas e parentes de vítimas.


Venezuelano ferido chega a hospital em Boa Vista — Foto: Pedro Barbosa/G1 RR

O local do incidente fica a cerca de 70 km de Santa Elena de Uairén, na fronteira com o Brasil. Apesar do bloqueio na fronteira, por volta das 10h de sexta-feira (pelo horário de Brasília), os guardas liberaram a passagem para o lado brasileiro de duas ambulâncias venezuelanas com pessoas feridas no incidente.

Os indígenas foram levados ao Hospital Geral de Roraima, em Boa Vista, a 215 km da fronteira.

Fronteira com a Colômbia fechada

Tropas venezuelanas ocupam, na manhã deste sábado (23), a Ponte Simón Bolívar, fronteira entre a Venezuela e a Colômbia que permanece fechada. Segundo a agência Reuters, os militares estão lançando gás lacrimogêneo para dispersar pessoas tentando cruzar a fronteira.

Três soldados venezuelanos desertaram postos na fronteira com a Colômbia, de acordo com a Agência de Migração Colombiana, informou a agência de notícias Reuters neste sábado (23)

No Twitter, a Telesur, canal de televisão ligado ao governo local, publicou que “o anúncio do fechamento temporário da fronteira entre a Colômbia e a Venezuela se dá por conta de ameaças do governo da Colômbia à nação sul-americana. Assim amanhece a ponte internacional “Simón Bolívar”. Veja imagens abaixo.

A repórter Madelein Garcia, do mesmo veículo, escreveu: “Às 7h tudo está calmo em San Antonio del Táchira, como foi anunciado pela vice-presidente Delcy Rodríguez. As pontes internacionais estão fechadas devido às ameaças sérias e ilegais da Colômbia contra a paz e soberania."

Já segundo uma correspondente do jornal espanhol El País na Venezuela, tuitou que “cerca de 100 militares da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) tomaram San Antonio del Táchira. Não há nem mesmo uma passagem para pedestres até a fronteira. Algumas pessoas que iam para Cúcuta pensaram em atravessar as trilhas antes do fechamento”.

Por G1

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