Magnus Nascimento
Número de adultos com depressão assusta
27 de ABRIL 2022 - Em todo o País, em média 11,3% dos brasileiros relatam um diagnóstico médico de depressão. É um número bem acima da média apontada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para o Brasil, de 5,3%. A pesquisa Vigitel é aplicada todos os anos, e tem como objetivo coletar informações que dizem respeito à saúde nas capitais brasileiras. Essa é a primeira vez que a pesquisa traz números relacionados à depressão.
Entre os sintomas da condição, estão: tristeza persistente, desânimo, baixa autoestima, sentimento de inutilidade, alterações no apetite, ganho ou perda de peso súbita, insônia, excesso de sono e fadiga acentuada. “A pandemia em si, as questões econômicas, o aumento elevado de desemprego… Todos esses fatores contribuem de forma significativa para o elevado número de diagnósticos na capital potiguar”, avalia o preceptor psicólogo do ISD, Robson Rates. Ele destaca, ainda, que com o teleatendimento em saúde, um número maior de pessoas conseguiu ter acesso direto às equipes médicas. “Temos um aumento significativo desses dados. Mas, com certeza, esses números ainda não demonstram a realidade dos consultórios, pois estão subnotificados. O número real é, provavelmente, muito maior”, reforça. De acordo com o levantamento, a frequência de adultos que referiram diagnóstico médico de depressão variou entre 7,2% em Belém e 17,5% em Porto Alegre. No sexo masculino, as maiores frequências foram observadas em Porto Alegre (15,7%), Florianópolis (12,9%) e no Rio de Janeiro (11,7%), e as menores em Salvador (4,2%), Rio Branco (4,3%) e Palmas (4,4%). Entre mulheres, o diagnóstico de depressão foi mais frequente em Belo Horizonte (23,0%), Campo Grande (21,3%) e Curitiba (20,9%), e menos frequente em Belém (8,0%), São Luís (9,6%) e Macapá (10,9%).No conjunto das 27 cidades, a frequência do diagnóstico médico de depressão foi de 11,3%, sendo maior entre as mulheres (14,7%) do que entre os homens (7,3%). Entre os homens, a frequência dessa condição tende a crescer com o aumento da escolaridade. Em Natal, a depressão afeta mais mulheres com 18 anos ou mais (14,6%) do que homens na mesma faixa etária (8,4%). “As mulheres sofrem mais preconceito social, a sociedade é machista, o índice de desemprego é muito maior entre as mulheres, as grávidas são desligadas do ambiente de trabalho na maioria dos casos. Esses fatores fazem com que as mulheres adoeçam mais”, comenta Robson Rates. A alteração do comportamento e o consequente isolamento são sinais primários de que alguém está desenvolvendo um quadro depressivo. “Se alguém é introspectivo, pode demonstrar uma alegria repentina que não tinha, por exemplo. Depois, vem a apatia, o isolamento, a desesperança. Nos casos mais graves, leva ao suicídio. A depressão é uma doença sem cura. Apesar disso, tem tratamento. Ele precisa ser psicológico e psiquiátrico, além de outras intervenções como atividades físicas”, adverte o psicólogo.Autocuidado Conforme a preceptora Miliana Galvão Prestes, mestre em Psicologia do ISD, a depressão apresenta características instaladas, com histórico em adolescentes e adultos. Ela se configura como um fator de risco para o suicídio. “A depressão se tornou algo tão generalizado que se apresenta hoje em pessoas que conseguem manter uma rotina de trabalho, de atividade física. Os sinais são sutis e, às vezes, as pessoas não percebem que estão deprimidas. A depressão é uma doença crônica que precisa de acompanhamento com psicólogo e psiquiatra, além de tratamentos alternativos como mudança de estilo de vida, redução de estresse, formas de autocuidado como atividade física, que é um ótimo “remédio” para a depressão”, lista.Além do autocuidado, a psicóloga aponta que a pessoa com depressão precisa buscar outros tipos de tratamento, como as práticas de cuidado coletivas. “São terapias integrativas, convivência comunitária, se integrar a alguma associação. Situações que essa pessoa tenha alguma convivência social que traga a sensação de pertencimento, de utilidade, valorização”, destaca. VigitelConforme a publicação, pelo menos 27 mil brasileiros responderam aos questionários por telefone, configurando o maior inquérito de saúde do país, entre setembro de 2021 e fevereiro de 2022. Os entrevistados responderam, entre outros, ao seguinte questionamento: “Algum médico já lhe disse que o(a) Sr.(a) tem depressão?”. A Vigitel tem como objetivo monitorar a frequência e a distribuição dos principais fatores de risco e de proteção das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), um dos principais problemas de saúde pública no Brasil. Estabeleceu-se um tamanho amostral mínimo de 2 mil indivíduos em cada cidade para estimar, com nível de confiança de 95% e erro máximo de dois pontos percentuais, a frequência de qualquer indicador na população adulta. Além dos dados relativos à depressão, a pesquisa Vigitel aborda aspectos da obesidade, realização de atividade física e consumo de tabaco, por exemplo. “Já tínhamos um indicativo de que o problema estava aumentando e, por isso, decidimos incluir a depressão no Vigitel, que é feito com maior periodicidade”, explicou o professor Rafael Moreira Claro, da Universidade Federal de Minas (UFMG), coordenador do trabalho ao jornal O Estado de São Paulo. “A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019 registrou que 10% da população tinha um diagnóstico médico de depressão, ante 7,6% na pesquisa anterior, de 2013; aumento de 5 milhões de pessoas.”Ranking
Percentual de adultos com 18 anos ou mais que referiram diagnóstico médico de depressão, por sexo, nas capitais do Nordeste.Recife: 12,5%Natal: 11,8%
Fortaleza: 11,4%
Maceió: 11,3%
João Pessoa: 11,0%
Aracaju: 10,9%
Teresina: 10,8%
Salvador: 8,0%
São Luís: 8,0%
Fonte: Vigitel 2021
Principais fatos
A depressão é um transtorno mental frequente;
Em todo o mundo, estima-se que mais de 300 milhões de pessoas, de todas as idades, sofrem com esse transtorno;
A depressão é a principal causa de incapacidade em todo o mundo e contribui de forma importante para a carga global de doenças;
Mulheres são mais afetadas que homens;
No pior dos casos, a depressão pode levar ao suicídio;
Existem vários tratamentos medicamentosos e psicológicos eficazes para depressão.
Fonte: Organização Mundial de Saúde (OMS)
ISD
O Instituto Santos Dumont (ISD) é uma Organização Social vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e engloba o Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e o Centro de Educação e Pesquisa em Saúde Anita Garibaldi, ambos em Macaíba. A missão do ISD é promover educação para a vida, formando cidadãos por meio de ações integradas de ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para a transformação mais justa e humana da realidade social brasileira.
Com informações do ISD
Fonte: Tribuna do Norte.