
28 de Fevereiro de 2013 - Cientistas da universidade americana Duke e do Instituto Internacional
de Neurociência, em Natal, publicaram um estudo em que demonstram uma
comunicação eletrônica entre os cérebros de dois ratos separados por
milhares de quilômetros. O que um faz, o outro faz em seguida.
Imagine dois ratinhos separados por quase 7,5 mil quilômetros. Um está
em um laboratório em Durham, na Carolina do Norte, nos Estados Unidos. O
outro, em Natal, no Brasil. Mas, segundo cientistas, é como se os dois
cérebros conversassem. Por meio de uma conexão eletrônica, um feito
inédito, os animais estabeleceram uma espécie de parceria cerebral.
O estudo saiu nesta quinta no Scientific Reports, um periódico ligado à
revista inglesa Nature, uma das publicações científicas mais
importantes do mundo. A experiência envolve dois compartimentos. Em cada
um, foi colocado um rato. Os cientistas inseriram fios finíssimos, com o
diâmetro de um centésimo de um fio de cabelo, na área do cérebro
responsável pelos movimentos. Na universidade americana, o
neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis explica.
“O que a gente está vendo é um animal que recebe uma informação à
esquerda. A luz indica para ele que ele tem que apertar a barra da
esquerda. Agora, o sinal que foi produzido no cérebro dele foi
transmitido para o outro animal que recebe as duas luzes ao mesmo tempo,
ou seja, ele não sabe o que fazer a não ser o que esse transmitiu para
ele. E ele vai lá, aperta a barra correta e ganha a recompensa”, diz o
descreve o cientista. “São duas barras. Poderia ser acaso, 50%. Só que a
performance dele é 70%, bem acima do que você esperaria.”
Os cientistas decidiram testar o alcance dessa comunicação. Em um
experimento parecido, conectaram pela internet um ratinho no Brasil com
um americano. O ratinho brasileiro só receberia a dose completa de água
se o parceiro dele nos Estados Unidos fizesse a escolha correta. Os
acertos ficaram em 65%.
A partir dessa pesquisa, o cientista projeta um futuro quase de ficção
científica, em que a comunicação direta de cérebro para cérebro não vai
acontecer só entre dois ratos de laboratório, mas entre seres humanos,
todos os seres humanos.
Nicolelis prevê, em um século, uma rede mundial não de computadores, como hoje. Mas de cérebros interligados eletronicamente.
“Você poderia transmitir o que você quer, no momento que você quer.
Isso não é uma fusão completa de cérebros, mas uma forma que
substituiria a internet que a gente conhece hoje com algo mais eficiente
e agregador”, completa Nicolelis.