Aos 35 anos, Rafael constituiu família e foi morar em Niterói (Foto: Paula Cotrim/Divulgação)
04 de JULHO 2017 - Há cerca de quatro anos, o G1 acompanha a história do paranaense Rafael Nunes. Então viciado em crack, ele morava nas ruas de Curitiba – até que uma fotografia mudou a vida dele. Divulgada numa rede social, a imagem circulou pelo país e lhe rendeu a alcunha de "Mendigo Gato".
A repercussão do caso, porém, foi mais recompensadora que o apelido. Rafael ganhou tratamento e a chance de uma vida digna. Agora, relembra a luta para se livrar das drogas.
Desespero, esperança e recomeço: 6 histórias de luta contra o crack
Passado o tempo do tratamento, Rafael, hoje com 35 anos e pai de família, se sentiu mais tranquilo para falar sobre o assunto e relembrou como caiu no mundo das drogas.
"Eu provei o crack quando tinha 17 anos. Nessa época, eu morava em Farroupilha, no Rio Grande do Sul. Tudo começou quando eu saí com alguns meninos e nós fomos para um bairro distante e aí tinha um cara que vendia crack. Aí, naquela brincadeira de instigar um ao outro se tinha coragem de fumar ou não, nós fumamos".
A "brincadeira" de amigos não era nova. Antes do crack, o então adolescente já tinha experimentado outras drogas. Ele teve contato com os entorpecentes quando morava com a família, no Mato Grosso. "Eu gostava de fumar maconha. Eu achava maravilhoso. Mas hoje vejo que é a pior droga que existe", disse.
Depois, ao deixar o Rio Grande do Sul, ele retornou para o Mato Grosso e começou a usar pasta base de cocaína.
Um ano morando nas ruas
Com o passar dos anos, Rafael voltou ao crack e acabou indo morar na rua. "Aí eu voltei com meus pais para o Sul do Brasil. Nós montamos uma empreiteira. E nesse período, como eu já estava acostumado a usar pasta base de cocaína, acabei voltando para o crack. Eu fiquei uns quatro ou cinco anos fumando, até que acabei saindo de casa e fui morar na rua", lembrou.
Rafael diz que todas as vezes em que usou drogas, foi fora de casa. "Então, eu já ficava muito tempo fora de casa. Eu ficava a madrugada toda, às vezes."
"Quando eu já estava morando na rua, eu comecei a vender todas as minhas roupas para consumir droga. Eu trabalhei muito tempo com construção civil e ganhava bem. Então, eu sempre fazia algum trabalho desse tipo pra usar as drogas. E eu vendi as minhas coisas, nunca pegava coisas de casa, por exemplo", afirmou.
Para tomar banho e comer, ele passava de bar em bar e de restaurante em restaurante. "Eu ficava perambulando por vários bairros e sempre pedia as coisas em lugares diferentes. Então, era mais fácil de conseguir", disse. Para não passar frio, ele dormia dentro de agências bancárias.
Rafael morou na rua por cerca de um ano, até foto deixá-lo famoso (Foto: Reprodução/Facebook)
Superação
Foi então que Rafael foi fotografado em frente à Catedral Basílica de Curitiba. A foto viralizou na internet e ele ganhou o tratamento na clínica em Araçoiba da Serra, no interior de São Paulo.
Atualmente, Rafael é casado e tem um filho de dois anos. A família mora em Niterói, na Região Metropolitana do Rio Janeiro. Ele trabalha como cozinheiro em um restaurante da cidade e sonha em montar o seu próprio negócio, também no ramo de culinária.
"Hoje, eu não sinto falta nenhuma da droga. Eu prefiro fazer qualquer outra coisa do que voltar pro vício. Isso foi um momento que eu, de agora para frente, prefiro esquecer".
Quer saber mais notícias do estado? Acesse o G1 Paraná.
CURITIBA
Por Adriana Justi e Samuel Nunes, G1 PR, Curitiba
A repercussão do caso, porém, foi mais recompensadora que o apelido. Rafael ganhou tratamento e a chance de uma vida digna. Agora, relembra a luta para se livrar das drogas.
Desespero, esperança e recomeço: 6 histórias de luta contra o crack
Passado o tempo do tratamento, Rafael, hoje com 35 anos e pai de família, se sentiu mais tranquilo para falar sobre o assunto e relembrou como caiu no mundo das drogas.
"Eu provei o crack quando tinha 17 anos. Nessa época, eu morava em Farroupilha, no Rio Grande do Sul. Tudo começou quando eu saí com alguns meninos e nós fomos para um bairro distante e aí tinha um cara que vendia crack. Aí, naquela brincadeira de instigar um ao outro se tinha coragem de fumar ou não, nós fumamos".
A "brincadeira" de amigos não era nova. Antes do crack, o então adolescente já tinha experimentado outras drogas. Ele teve contato com os entorpecentes quando morava com a família, no Mato Grosso. "Eu gostava de fumar maconha. Eu achava maravilhoso. Mas hoje vejo que é a pior droga que existe", disse.
Depois, ao deixar o Rio Grande do Sul, ele retornou para o Mato Grosso e começou a usar pasta base de cocaína.
Com o passar dos anos, Rafael voltou ao crack e acabou indo morar na rua. "Aí eu voltei com meus pais para o Sul do Brasil. Nós montamos uma empreiteira. E nesse período, como eu já estava acostumado a usar pasta base de cocaína, acabei voltando para o crack. Eu fiquei uns quatro ou cinco anos fumando, até que acabei saindo de casa e fui morar na rua", lembrou.
Rafael diz que todas as vezes em que usou drogas, foi fora de casa. "Então, eu já ficava muito tempo fora de casa. Eu ficava a madrugada toda, às vezes."
"Quando eu já estava morando na rua, eu comecei a vender todas as minhas roupas para consumir droga. Eu trabalhei muito tempo com construção civil e ganhava bem. Então, eu sempre fazia algum trabalho desse tipo pra usar as drogas. E eu vendi as minhas coisas, nunca pegava coisas de casa, por exemplo", afirmou.
Para tomar banho e comer, ele passava de bar em bar e de restaurante em restaurante. "Eu ficava perambulando por vários bairros e sempre pedia as coisas em lugares diferentes. Então, era mais fácil de conseguir", disse. Para não passar frio, ele dormia dentro de agências bancárias.
Rafael morou na rua por cerca de um ano, até foto deixá-lo famoso (Foto: Reprodução/Facebook)
Foi então que Rafael foi fotografado em frente à Catedral Basílica de Curitiba. A foto viralizou na internet e ele ganhou o tratamento na clínica em Araçoiba da Serra, no interior de São Paulo.
Atualmente, Rafael é casado e tem um filho de dois anos. A família mora em Niterói, na Região Metropolitana do Rio Janeiro. Ele trabalha como cozinheiro em um restaurante da cidade e sonha em montar o seu próprio negócio, também no ramo de culinária.
"Hoje, eu não sinto falta nenhuma da droga. Eu prefiro fazer qualquer outra coisa do que voltar pro vício. Isso foi um momento que eu, de agora para frente, prefiro esquecer".
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