Conheça brasileiros que construíram novas histórias depois de deixar o trabalho formal.
24 de JANEIRO de 2013 - Após rotina diária de trabalho por anos, um em cada quatro aposentados não quer saber de descansar e continuam na labuta
Para Marcos, Romildo, Marina e Vicente se aposentar não significou o
início de uma fase só de descanso e diversão. De maneiras diferentes,
esses quatro brasileiros deram novos rumos às suas vidas depois que
deixaram o trabalho com carteira assinada.Após 25 anos dedicados a um trabalho que lhe trazia risco de vida, Marcos Antônio Brisighello recebeu o benefício da aposentadoria. O perigo que enfrentou ao passar suas jornadas consertando linhas de transmissão da Cesp (Companhia Energética de São Paulo) lhe rendeu uma aposentadoria aos 43 anos. Com um rendimento mensal satisfatório, o ex-técnico em eletricidade poderia ter escolhido passar o resto dos seus dias no sofá. Mas ele tinha outros planos.
— Eu gostava do que eu fazia na Cesp, mas gostava mais ainda de construção. Graças a Deus, quando eu aposentei, já sabia o que ia fazer. Não fiquei nenhum dia fazendo nada. Saí da empresa na terça-feira e, na quarta, já estava na obra de um imóvel comercial que fiz na época.
Isso foi em 1996. Hoje, aos 60 anos, Marcos estima já ter construído 35 imóveis. Alguns foram vendidos; outros, alugados. Há cerca de três anos, o ritmo de trabalho diminuiu porque ele enfrenta problemas de saúde, mas tijolos e cimentos ainda fazem parte de sua rotina.
História semelhante vive o empresário Romildo de Souza. Ex-gerente de assistência técnica, ele também se aposentou cedo, mas decidiu continuar por mais um tempo na empresa – a qual se dedicou por 37 anos - porque “com aposentadoria não se vive”. Em 2008, insatisfeito com uma mudança na diretoria da empresa, Romildo foi, finalmente, abrir o próprio negócio.
Assim como Marcos, Romildo conta que não ficou sem trabalhar nem mesmo um dia. Assim que saiu da empresa, recebeu uma ligação e viajou no mesmo dia para o Rio de Janeiro para fazer o conserto de uma máquina. Logo, fez outros serviços, construiu um galpão e hoje é dono de uma empresa que trabalha com fabricação de máquinas. E já tem planos de ampliar os negócios.
— Trabalho muito, não tem muito tempo para outras coisas, mas meus clientes estão satisfeitos. Se eu parar, enferrujo. Enquanto tiver com a disposição que tenho hoje, vou continuar.
Novas habilidades
Apesar de terem decidido não continuar com uma atividade remunerada, Marina Reigota Pacheco e Vicente Vitoriano da Silva são dois aposentados que mantém vidas ativas. Os dois optaram por uma rotina menos estressante e desenvolveram novas habilidades.
Assim que se aposentou, Marina saiu de Sorocaba, no interior de São Paulo, onde criou os filhos, e voltou para sua cidade natal, a tranquila Itapetininga. Ela explica que foi buscar a proximidade das cinco irmãs e uma vida menos atribulada. Mas, aos 64 anos, a ex-funcionária de um laboratório, não quis ficar parada. Além das atividades da chácara que tem com o marido, Marina montou um curso de artesanato para a terceira idade.
— Fazemos enxovais e promovemos bazares para doação. Antes, quando ainda trabalhava, essa atividade era um lazer, hoje é um compromisso que assumi.
Já Vicente não assumiu compromisso com ninguém, além dele mesmo. Ex-gerente de banco, ele decidiu que trabalharia na empresa de um vizinho logo que cumprisse o “merecido descanso” após a aposentadoria. Mas a vida o levou para outro rumo.
— Passaram os meses de “férias” que eu me dei, mas acabei me acostumando com o ócio. Aí, resolvi aprender inglês e já conclui o curso.
Encantado com a nova língua, Vicente planeja aprender, por conta própria, três novos idiomas: italiano, espanhol e alemão. A dança, a música e o yoga também entraram na rotina do aposentado que descobriu, mesmo sem trabalho, quantas experiências novas a vida pode trazer.
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