Pele retirada de obesos pode ser usada em tratamento de queimados.

 
30 de JANEIRO de 2013 - Pouca gente sabe, mas o excesso de pele retirado de obesos após a realização de cirurgia bariátrica pode ter novo destino ao invés do lixo: os bancos de tecido. A iniciativa seria uma forma de ajudar as vítimas do incêndio de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, além de abastecer os estoques.
Apesar de toda contribuição ser bem-vinda, o cirurgião plástico Dr. Carlos Komatsu, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), reforça que a melhor opção é incentivar a doação de órgãos após a morte.
— Para se ter uma ideia, o paciente obeso vai oferecer apenas 8% de pele para os bancos, enquanto que conseguimos remover cerca de 90% dos cadáveres. É importante lembrar que o corpo não fica deformado, pois só removemos uma camada bem superficial da derme. A impressão é de que a pele fica levemente ralada.
Independentemente do doador ser obeso ou cadáver, o destino da pele é o mesmo, ou seja, o banco de tecido. É lá que a pele será mantida na refrigeração adequada para chegar ao destino intacta. O problema, segundo o cirurgião, é que a validade não passa de 15 dias. E, se o tecido não for utilizado nesse curto período, deve ser descartado.
— É importante enfatizar que essa pele funciona apenas como uma espécie de curativo. Há necessidade de ela ser substituída a cada três a cinco dias para evitar rejeição do organismo. Sem compatibilidade de gene, como no caso de gêmeos idênticos, a pele não serve para reconstruir a área queimada.


Para isso, o Dr. Komatsu explica que é necessária a realização de um procedimento chamado enxerto de pele (ou transplante), que consiste em remover um pedaço de pele de uma área do próprio corpo, por exemplo, das costas, e transferir para outra.
—No caso de Santa Maria, a situação é grave porque quanto mais queimaduras espalhadas pelo corpo, a chance de óbito é bastante alta.
De acordo com o cirurgião da SBCP, a pessoa pode morrer em decorrência de três estágios da queimadura. A primeira, cita ele, é a desidratação por causa das queimaduras.
— O paciente perde de 10 a 15 litros de líquidos por dia. Outro problema são as infecções, já que o organismo está frágil. Por último, quanto mais tempo acamado, maior é a probabilidade de a pessoa apresentar embolia pulmonar e trombose.

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