26 de Fevereiro de 2013 - A renúncia do papa Bento XVI, no começo de fevereiro,
abriu discussões sobre o futuro político do Vaticano. A notícia, que
mexe com o mundo católico, pode definir também o destino de estudantes
que vão prestar vestibular neste ano. Pela importância da decisão (a
última parecida ocorreu em 1415, com a saída do poder de Gregório XII),
professores de cursinhos pré-vestibulares acreditam que o fato pode ser
gancho para questões sobre cristianismo e Igreja Católica nas seleções
das principais universidades do País.
As perguntas sobre a trajetória do catolicismo são
frequentes em vestibulares pelo Brasil. Segundo o professor de história
do cursinho Anglo, de São Paulo, Lucas Kodoma, a composição da sociedade
brasileira - em sua maioria, cristã e católica - e a intensa atuação da
Santa Sé na história do País, desde a colonização, com as missões
jesuítas, até a tomada do poder pelos militares, no período da Ditadura,
tornam essa temática forte nas provas. Neste ano, a probabilidade
cresce. "A renúncia do papa Bento XVI representa, pelas incertezas que
ainda envolvem a causa da saída, uma crise dentro da instituição. Do
ponto de vista histórico, isso pode trazer abordagens relacionadas a
outros momentos de divergência no passado da Igreja", aposta Kodoma.
A renúncia do Papa faz o catolicismo ser repensado.
Segundo Kodoma e o professor de história do pré-vestibular
Universitário, de Porto Alegre, Davi Ruschel, nesse sentido, os
concílios merecem destaque. As diversas reuniões na trajetória da
instituição tiveram a intenção de preservar e defender os princípios da
Igreja. Até mesmo para uma reorganização da instituição, parecido com o
que esperamos ver hoje. Ruschel ainda destaca o Concílio de Trento,
convocado pelo papa Paulo III, em 1546. "Com a expansão do
protestantismo, profundas modificações atingiram o catolicismo. Focar em
como aconteceu essa transformação, o que foi a Contra-Reforma e que
consequências o concílio (de Trento) acarretou são boas dicas", diz.
Kodoma, que dá aulas de história em São Paulo, chama
atenção para mais dois concílios, o de Niceia, que foi a primeira
tentativa de consenso dentro da instituição, promovido pelo imperador
Romano Constantino I, em 325 d.C, e para o Vaticano II, que ocorreu em
1961. Este último, no ano 2000, foi visto pelo papa João Paulo II como
"um evento fundamental para entender a história da Igreja". Ruschel
também indica o estudo de um dos momentos de maior crise dentro da
instituição, o Cisma do Oriente, causado por conflitos entre a Igreja
Católica do Ocidente e a do Oriente, no século XI. O evento determinou o
rompimento da instituição.
Antes da saída de Bento XVI, ocorreram 22 abandonos de
poder por parte dos papas - com quatro renúncias. A última, há 598 anos.
Segundo o professor Ruschel, uma questão relacionada diretamente às
renúncias seria improvável. Kodoma também duvida deste excesso de
detalhismo. "Em 10 anos acompanhando as provas dos principais
vestibulares do País, nunca encontrei alguma pergunta com essa temática e
profundidade. A saída de Bento XVI estabelece um momento de
reorganização da Santa Sé, e, se fosse para apostar, diria que
organizadores das provas podem fazer esse gancho, focado nos momentos de
instabilidade da Igreja", afirma.
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