19 de ABRIL 2018 - O deputado estadual Hermano Morais (MDB) repercutiu, na sessão plenária desta quinta-feira (19), na Assembleia Legislativa, a carta divulgada nesta quarta-feira pela desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Marília Castro Neves, pedindo desculpas a pessoas a quem agrediu nos últimos tempos, entre elas a professora potiguar Débora Seabra, primeira educadora com Síndrome de Down do Brasil.
“Se ela teve capacidade de refletir sobre as declarações equivocadas, tem direito de pedir perdão. Espero que seja sincero”, disse Hermano, após relatar as agressões da desembargadora à vereadora assassinada no Rio de Janeiro, Marielle Franco e ao deputado federal Jean Wyllys, além da própria professora Débora Seabra. “Ela teve que escapar ou se justificar perante o Conselho Nacional de Justiça, que repreendeu pelas atitudes reprováveis”, ressaltou Hermano.
O deputado Hermano Morais disse que a desembargadora feriu a memória da vereadora Marielle, “vítima de um crime até agora não elucidado”, e que sua série de declarações infelizes culminou com o ataque à professora Débora. Em seu pronunciamento, Hermano leu a carta da desembargadora e pediu que ela constasse dos Anais da Assembleia Legislativa, onde também foi registrada a Moção de Repúdio da Casa à desembargadora.
Leia a íntegra da carta
Prezada professora Débora,
Estou escrevendo para agradecer a carta que você me mandou e lhe dizer que suas palavras me fizeram refletir muito. Bem mais do que as centenas de ataques que recebi nas últimas semanas. Desculpe a demora na resposta mas eu precisava desse tempo.
Tenho sofrido muito desde que fui atropelada pela divulgação de comentários meus, postados em grupos privados – restritos a colegas da magistratura. Mas alguém resolveu torná-los públicos. Alguns haviam sido postados há tanto tempo que eu nem me lembrava deles. A repercussão foi imensa.
Desde então decidi me recolher. Chorei, fui abraçada e pensei muito.
E de tudo que li e ouvi a meu próprio respeito, foi de você, de quem em um primeiro momento duvidei da capacidade de ensinar, que me veio a maior lição: a de que precisamos ser mais tolerantes e duvidar de pré-conceitos.
Minhas posições pessoais jamais interferiram nas minhas decisões, conhecidas por serem técnicas e, por isso mesmo, quase sempre acompanhadas unanimemente pelos meus colegas de turma julgadora.
Hoje, contudo, percebi que, mesmo quando meu corpo despe a toga, a mesma me acompanha aonde eu for.
As opiniões pessoais de um magistrado, uma vez divulgadas, sempre terão peso, pouco importando ao Tribunal das redes sociais que tenham elas sido ditas em caráter público ou privado e que opinião não seja sentença.
Magistrados também erram e, quando o fazem, incumbe-lhes desculparem-se. Esta carta é justamente isso: um pedido de perdão.
Perdão, Débora, por ter julgado, há três anos atrás, ao ouvir de relance, no rádio do carro, uma notícia na Voz do Brasil, que uma professora portadora de Síndrome de Down seria incapaz de ensinar. Você me provou o contrário.
Aproveito o ensejo para também me desculpar à memória da vereadora Marielle Franco por ter reproduzido, sem checar a veracidade, informações que circulavam na internet. No afã de rebater insinuações, também sem provas, na rede social de um colega aposentado, de que os autores seriam policiais militares ou soldados do Exército, perdi a oportunidade de permanecer calada. Nesses tempos de fake news temos que ser cuidadosos.
Estendo esta reflexão ao deputado Jean Wyllys. Sempre me oporei às suas idéias e às do PSOL, nada mudará isso, mas é evidente que não desejo mal à ninguém.
Obrigada, Débora, por ter me ensinado tanto.
MARILIA DE CASTRO NEVES VIEIRA
Fonte: Blog do Robson Pires.
Do Blog IDEIAS E FATOS: Um pedido de perdão, em sua essência, é uma bela ação; todavia temos que ficar bem atentos a esse procedimento. Por exemplo: Tem o pedido de perdão, por algo dito ou feito por alguém sem conhecimento de causa; esse alguém feriu por não ter uma visão ampla do real estrago que ocasionaria no outro, nesse pedido de perdão eu acredito. O outro pedido de perdão, é aquele que o indivíduo tem amplo conhecimento, ou pelo menos deveria ter, mas pede perdão para limpar a sujeira que fez, e dessa forma, tentar limpar a sua própria imagem; na realidade, nesse tipo de pedido de perdão eu não acredito. Todavia, perdoar é divino. Esta é a minha opinião.
Chico Filho.
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