Acreditamos ter a reposta para a origem de
hábitos como roer as unhas, mas não é tão
simples (Foto: Nathália Duarte/G1)
08 de DEZEMBRO de 2016 - Muitos associam o hábito de roer as unhas ao nervosismo ou à ansiedade.
Até algumas pessoas que têm este hábito, frequentemente chamado de vício, acreditam nisso.
Mas outros afirmariam algo que vários estudos já revelaram: roer as unhas não é necessariamente um sinal de ansiedade.
As pessoas também o fazem quando estão entediadas, com fome, frustradas ou tentando completar uma tarefa difícil.
É "um problema comum, porém e não resolvido pela psiquiatria, psicologia, medicina e odontologia", como afirma um dos relativamente poucos estudos sobre o tema, publicado na revista especializada "Iranian Journal of Medical Sciences".
Mistério
O termo técnico para o hábito de roer as unhas é onicofagia.
E afeta entre 20% e 30% da população mundial independentemente da idade, "podendo levar a problemas psicossociais significativos e ter um impacto negativo na qualidade de vida", de acordo com outro estudo publicado em 2016 na revista PubMed.com.
Além disso, roer unhas também pode causar problemas na "unidade ungueal (da unha) e na cavidade oral", de acordo com um estudo cujo nome já dá uma ideia do quanto os pesquisadores ainda precisam descobrir sobre este problema: Onicofagia: o mistério, para os médicos, de roer as unhas.
Para os autores da pesquisa, este problema é tão difícil de tratar que é preciso um esforço multidisciplinar envolvendo dermatologistas, pediatras e dentistas, entre outros.
Gravidade
O problema pode ser grave, principalmente quando está associado a outras condições como transtorno por déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) ou transtorno de ansiedade por separação (TAS).
A Associação Americana de Psquiatria incluiu a onicofagia na lista de transtornos obssessivos-compulsivos (TOC).
Mas nem todos os psiquiatras concordam com esta classificação.
Alguns deles argumentam que apesar de a onicofagia ser, como no caso do TOC, uma conduta natural levada ao excesso, as obssessões do TOC são motivadas por ansiedade. O que não ocorre no caso de roer as unhas.
Para a maioria das pessoas, é um habito irritante - e para alguns é até nojento. Mas não é tão preocupante.
Prazer, perfeição e DNA
Uma das razões para roer as unhas e que poucos confessam é que é um hábito relaxante.
Sigmund Freud, o pai da psicanálise, não se surpreenderia: para ele, poderia ser uma "alteração no desenvolvimento psicossexual na fase oral, que se transforma em uma fixação oral".
Entrentanto a ligação com o prazer já foi destacada em alguns estudos com animais usando outros termos.
Roer as unhas é um hábito relacionado à aparência. Apesar de camundongos não roerem as unhas, quando cientistas deram endorfinas a eles - o chamado "hormônio da felicidade" - eles alisavam menos o pelo.
Quando eles recebiam medicamentos que bloqueavam as endorfinas, os camundongos alisavam mais o pelo.
Isso parece indicar que alisar o pelo - e isso remete ao hábito de roer as unhas - em excesso é um ato ligado ao prazer.
Por outro lado, um estudo publicado em 2015 na revista "Journal of Behaviour Therapy and Experimental Psychiatry", indica que o que move a onicofagia não é a ansiedade, é o perfeccionismo.
As conclusões do estudo, chamado de O Impacto das Emoções nas Condutas Repetitivas Centradas no Corpo, mostraram que as pessoas que roem as unhas podem ser perfeccionistas e que este hábito pode ajudar estas pessoas a diminuir a irritação, tédio ou insatisfação.
Outra possibilidade é que algumas pessoas sejam geneticamente predispostas a roer as unhas.
Existem pesquisas que mostram que um terço dos que roem as unhas tem familiares com o mesmo hábito é que isto é algo comum entre gêmeos.
Consequências
Apesar de muitos afirmarem que roer as unhas não pode ser considerado como distúrbio ou doença, há consequências.
Umas delas é que levar os dedos à boca corresponde a levar tudo o que eles carregam para um lugar úmido e no qual coisas indesejáveis podem se instalar.
Existem os que sugerem que as pessoas que roem as unhas têm um sistema imunológico mais forte, pois vão introduzindo aos poucos agentes estranhos ao organismo. Mas é difícil encontrar provas disso.
O problema é que embaixo das unhas estão, por exemplo, bactérias como a E. coli e a salmonela.
E as verrugas nas mãos, causadas pelo papiloma vírus humano podem se propagar pelos lábios e boca.
E tudo o que entra pela boca pode afetar o corpo inteiro.
Segundo a Academia Americana de Dermatologia (AAD) as infecções bacterianas causadas pelo hábito de roer as unhas são um dos problemas mais comuns.
Uma destas, a paroníquia, é uma infecção da pele que acontece ao redor das unhas. É dolorosa e, em casos mais graves, pode chegar a necessitar uma intervenção cirúrgica.
Outro problema causado por roer as unhas é a deformação nos dentes ou o desgaste prematuro.
Também pode levar os dentes a mudarem de posição, afetando a oclusão dental ou a mordida.
Largando o 'vício'
Deixar de roer as unhas é muito difícil. A maioria dos que conseguem relatam fracasso em tentativas anteriores.
Existem desde os métodos domésticos, como as broncas dos pais e amigos, substâncias com sabores desagradáveis que podem ser colocadas nos dedos, até terapias ou dispositivos como pulseiras para corrigir vícios com o uso de choques elétricos.
As estatísticas estimam que 45% dos adolescentes roem as unhas, no entanto este número cai de forma significativa quando falamos de adultos.
E isto pode demonstrar que muitos conseguem abandonar o hábito com o passar do tempo.
Por BBC
Até algumas pessoas que têm este hábito, frequentemente chamado de vício, acreditam nisso.
Mas outros afirmariam algo que vários estudos já revelaram: roer as unhas não é necessariamente um sinal de ansiedade.
As pessoas também o fazem quando estão entediadas, com fome, frustradas ou tentando completar uma tarefa difícil.
É "um problema comum, porém e não resolvido pela psiquiatria, psicologia, medicina e odontologia", como afirma um dos relativamente poucos estudos sobre o tema, publicado na revista especializada "Iranian Journal of Medical Sciences".
Mistério
O termo técnico para o hábito de roer as unhas é onicofagia.
E afeta entre 20% e 30% da população mundial independentemente da idade, "podendo levar a problemas psicossociais significativos e ter um impacto negativo na qualidade de vida", de acordo com outro estudo publicado em 2016 na revista PubMed.com.
Além disso, roer unhas também pode causar problemas na "unidade ungueal (da unha) e na cavidade oral", de acordo com um estudo cujo nome já dá uma ideia do quanto os pesquisadores ainda precisam descobrir sobre este problema: Onicofagia: o mistério, para os médicos, de roer as unhas.
Para os autores da pesquisa, este problema é tão difícil de tratar que é preciso um esforço multidisciplinar envolvendo dermatologistas, pediatras e dentistas, entre outros.
Gravidade
O problema pode ser grave, principalmente quando está associado a outras condições como transtorno por déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) ou transtorno de ansiedade por separação (TAS).
A Associação Americana de Psquiatria incluiu a onicofagia na lista de transtornos obssessivos-compulsivos (TOC).
Mas nem todos os psiquiatras concordam com esta classificação.
Alguns deles argumentam que apesar de a onicofagia ser, como no caso do TOC, uma conduta natural levada ao excesso, as obssessões do TOC são motivadas por ansiedade. O que não ocorre no caso de roer as unhas.
Para a maioria das pessoas, é um habito irritante - e para alguns é até nojento. Mas não é tão preocupante.
Prazer, perfeição e DNA
Uma das razões para roer as unhas e que poucos confessam é que é um hábito relaxante.
Sigmund Freud, o pai da psicanálise, não se surpreenderia: para ele, poderia ser uma "alteração no desenvolvimento psicossexual na fase oral, que se transforma em uma fixação oral".
Entrentanto a ligação com o prazer já foi destacada em alguns estudos com animais usando outros termos.
Roer as unhas é um hábito relacionado à aparência. Apesar de camundongos não roerem as unhas, quando cientistas deram endorfinas a eles - o chamado "hormônio da felicidade" - eles alisavam menos o pelo.
Quando eles recebiam medicamentos que bloqueavam as endorfinas, os camundongos alisavam mais o pelo.
Isso parece indicar que alisar o pelo - e isso remete ao hábito de roer as unhas - em excesso é um ato ligado ao prazer.
Por outro lado, um estudo publicado em 2015 na revista "Journal of Behaviour Therapy and Experimental Psychiatry", indica que o que move a onicofagia não é a ansiedade, é o perfeccionismo.
As conclusões do estudo, chamado de O Impacto das Emoções nas Condutas Repetitivas Centradas no Corpo, mostraram que as pessoas que roem as unhas podem ser perfeccionistas e que este hábito pode ajudar estas pessoas a diminuir a irritação, tédio ou insatisfação.
Outra possibilidade é que algumas pessoas sejam geneticamente predispostas a roer as unhas.
Existem pesquisas que mostram que um terço dos que roem as unhas tem familiares com o mesmo hábito é que isto é algo comum entre gêmeos.
Consequências
Apesar de muitos afirmarem que roer as unhas não pode ser considerado como distúrbio ou doença, há consequências.
Umas delas é que levar os dedos à boca corresponde a levar tudo o que eles carregam para um lugar úmido e no qual coisas indesejáveis podem se instalar.
Existem os que sugerem que as pessoas que roem as unhas têm um sistema imunológico mais forte, pois vão introduzindo aos poucos agentes estranhos ao organismo. Mas é difícil encontrar provas disso.
O problema é que embaixo das unhas estão, por exemplo, bactérias como a E. coli e a salmonela.
E as verrugas nas mãos, causadas pelo papiloma vírus humano podem se propagar pelos lábios e boca.
E tudo o que entra pela boca pode afetar o corpo inteiro.
Segundo a Academia Americana de Dermatologia (AAD) as infecções bacterianas causadas pelo hábito de roer as unhas são um dos problemas mais comuns.
Uma destas, a paroníquia, é uma infecção da pele que acontece ao redor das unhas. É dolorosa e, em casos mais graves, pode chegar a necessitar uma intervenção cirúrgica.
Outro problema causado por roer as unhas é a deformação nos dentes ou o desgaste prematuro.
Também pode levar os dentes a mudarem de posição, afetando a oclusão dental ou a mordida.
Largando o 'vício'
Deixar de roer as unhas é muito difícil. A maioria dos que conseguem relatam fracasso em tentativas anteriores.
Existem desde os métodos domésticos, como as broncas dos pais e amigos, substâncias com sabores desagradáveis que podem ser colocadas nos dedos, até terapias ou dispositivos como pulseiras para corrigir vícios com o uso de choques elétricos.
As estatísticas estimam que 45% dos adolescentes roem as unhas, no entanto este número cai de forma significativa quando falamos de adultos.
E isto pode demonstrar que muitos conseguem abandonar o hábito com o passar do tempo.
Fonte: G1 BEM ESTAR