Ingo Ernst tem mais de 50 anos de experiência e está fazendo consultoria em empresas de água mineral do RN (Foto: Agência Sebrae)
12 de ABRIL 2017 - As principais empresas do setor água mineral do Rio Grande do Norte estão participando de um programa de consultoria internacional para otimizar os processos, do planejamento à produção, dessas indústrias. A consultoria está sendo ministrada pelo especialista alemão, Ingo Ernst, que veio ao Rio Grande do Norte para a primeira fase do programa em março. A segunda etapa está prevista para maio e a expectativa é, ao final da consultoria, reduzir em até 25% os custos de produção das indústrias participantes e ampliar a lucratividade dessas empresas.
Inicialmente a proposta é visitar seis das 12 empresas que fazem parte do Sindicato da Indústria de Cervejas, Refrigerantes, Águas Minerais e Bebidas em Geral do Estado do Rio Grande do Norte (Sicramirn), órgão responsável por trazer o especialista em parceria com a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha.
Na avaliação do especialista, as empresas potiguares estão no nível de competitividade das principais empresas do setor no mundo.
No mês de maio, Ingo retornará a Natal para visitar mais seis empresas e apresentar os resultados finais de sua avaliação com propostas de melhora à produção do RN. As seis primeiras companhias visitadas pelo alemão foram as fontes Riogrande, Cristalina, Paraíso, Santa Maria, Inamar e Santos Reis. Confira entrevista com o especialista:
Quais os principais problemas identificados no processo de produção da água mineral do RN?
É necessário melhorar a eficiência, e consequentemente o lucro, no que concerne ao carregamento e descarregamento dos garrafões. Esse é um dos principais problemas. Vocês têm uma água mineral excelente aqui no Rio Grande do Norte, mas as empresas parecem um pouco relutantes em expressar isso para o consumidor. Esse é outro problema. É preciso ser mais agressivo no que concerne ao marketing para expor o produto bom e saudável que é oferecido. As empresas não precisam ter receio de fortificar o marketing porque o produto é realmente muito bom. Já no que concerne ao envase, o processo está muito bom para o garrafão. Mas para as garrafas, há o que melhorar, pois a velocidade da produção é rápida mas o maquinário é mais complicado, então precisa de alguns aconselhamentos. Eu diria que se faz necessário um cuidado a mais na manutenção. E o próximo passo é ter água com gás.
E quais os pontos positivos?
A boa qualidade do processo realizado no Rio Grande do Norte está bem claro. Vocês têm, de forma geral, água mineral de primeira classe. A mineralização é baixa comparada com os padrões internacionais. Vocês têm o mesmo padrão que nós, na Europa, e não é fácil ter esse padrão aqui no Brasil. O segundo ponto positivo é o controle de qualidade, com excelente performance, realizada de forma profissional e confiável. Isso não deixa de ser uma mensagem aos seus consumidores: você pode confiar neste produto. Além disso tudo, eu encontrei uma atmosfera muito boa e agradável para discutir todas as questões referente à minha visita aqui no Estado. As pessoas são muito cooperativas.
Qual a relação entre a produção consciente de bebidas e a preservação do meio ambiente?
Quando alcançamos sucesso em manter o meio ambiente limpo, os resultados na área de produção de bebidas também são melhorados. Um exemplo é que nós (alemães) temos leis que protegem as áreas no entorno das fontes, não temos permissão para fertilizar o solo, entre outros cuidados. Então, há uma relação muito próxima entre meio ambiente e água. Até porque os interesses são os mesmos. É nosso interesse ter um meio ambiente saudável e as pessoas também têm interesse em ter um bom produto. Há meios e experiências que eu quero compartilhar com vocês para descobrir o que podemos fazer pela água e pelo meio ambiente, a começar pela reciclagem das garrafas, esse é um importante aspecto. Na Europa nós temos um sistema de reciclagem eficiente e eu posso dar a vocês, brasileiros, algumas recomendações sobre isso.
Poderia adiantar algumas delas?
É muito difícil convencer as pessoas a devolverem as suas garrafas para o vendedor de quem elas compraram. Na Alemanha, nós temos uma boa educação voltada para esse hábito, então as pessoas normalmente fazem isso, e elas ainda recebem dinheiro por isso. Então é uma relação de ganhos para os dois lados. Eles têm retorno financeiro e ainda contribuem para a preservação do meio ambiente. Eu percebo que esse é um problema no Brasil, mas nós vamos trabalhar juntos nisso. Nós já temos algumas ideias para melhorar a situação, e este será um dos resultados da minha visita.
O senhor pretende conversar com gestores públicos ou apenas com as empresas privadas?
Com certeza, logo que tivermos um diagnóstico concreto dos problemas e pudermos identificar todas as questões e ações necessárias à resolução, o Governo terá que nos ajudar, e então nós veremos se algo poderá ser feito também na seara social.
Por G1 RN