Jornalista teve câmera devolvida após cair em golpe em venda pela internet — Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi
26 de NOVEMBRO 2018 - A jornalista Pryscilla Miranda foi surpreendida por uma notícia que lhe deixou preocupada. Havia sido vítima de um golpe: vendeu uma câmera fotográfica na internet e não receberia o valor da transação. No entanto, dias depois, ela teve uma nova surpresa: o criminoso se arrependeu e mandou a máquina de volta pelos Correios.
Essa história começou no início do mês, quando Pryscilla resolveu anunciar no Mercado Livre o produto que pretendia vender. A câmera que lhe acompanhou por alguns anos na vida profissional em Natal, cidade onde mora, agora serviria para ajudar financeiramente.
No dia seguinte ao que cadastrou a máquina fotográfica no site, um homem comentou na postagem que havia comprado o produto. Orientou que ela checasse o e-mail, que lá estariam as instruções para concretizar o negócio.
Pryscilla conta que, em seu e-mail, chegaram três mensagens com a logomarca do Mercado Livre, afirmando que o pagamento do comprador, identificado como Wagner da Silva Rodrigues, havia sido aprovado.
Chegou ainda um outro e-mail, este supostamente de Wagner da Silva, informando da compra. Ela agora precisava enviar a câmera fotográfica, para aí receber o dinheiro. Pryscilla Miranda respondeu e-mail ao homem, pedindo a ele o seu telefone, para que pudessem conversar pelo WhatsApp.
Após aplicar golpe pela internet, homem se arrependeu e mandou câmera de volta para a vítima — Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi
A jornalista disse ao comprador falso que demoraria um tempo para enviar o produto, porque não tinha o dinheiro para o frete, porém ia consegui-lo com amigos. Após juntar os R$ 150, Pryscilla foi aos Correios e enviou a câmera para o endereço indicado no e-mail fajuto, em São Paulo.
Depois disso, a jornalista mandou uma mensagem ao homem, contando que já havia mandado a encomenda. Ela disse também que só tinha colocado à venda porque estava precisando do dinheiro, e que esperava que ele fizesse bom proveito da câmera.
O Golpe
Dez dias após o primeiro contato, a jornalista estranhou a demora do pagamento e decidiu se comunicar com o comprador. Perguntou se ele havia recebido a encomenda, porém, ele não respondeu.
Pryscilla Miranda procurou o Mercado Livre e conseguiu contato por telefone. “A atendente perguntou se eu tinha imprimido a tag eletrônica que a empresa manda nas compras. E eu disse 'que tag eletrônica?' Foi aí que ela falou que podia ser um golpe”, relata.
Print mostra conversa entre jornalista e homem que aplicou golpe pela internet no RN — Foto: Reprodução
Na quarta-feira (21) da semana passada o comprador falso retomou o contato com Priscylla, e a informou que a máquina fotográfica chegaria ainda naquela tarde na casa dela, que a encomenda havia voltado. Àquela altura o equipamento já havia chegado e a jornalista já sabia do golpe.
“Perguntei o que havia acontecido, como se não soubesse, e ele continuou atuando. Foi quando perguntei se era um golpe e se ele havia desistido de aplicar”, conta.
O estelionatário respondeu que sim, e que havia desistido do crime depois que percebeu “as condições” de Pryscilla. No final, ainda deu um conselho. “Não vende na internet não”.
Golpista se arrepende de crime e diz para vítima não vender câmera pela internet — Foto: Reprodução
Defraudações
O crime cometido contra Pryscilla Miranda é comum, de acordo com Fábio Vila, chefe de investigações da Delegacia Especializada em Falsificações e Defraudações (DEFD). “Eles (criminosos) já estão aplicando há muito tempo esse golpe, então sabem de todas as nuances, entendem a forma de enganar. Eles procuram sempre quem não têm o costume de vender”, explica.
Foi o caso de Pryscilla. Esta foi a primeira vez que a jornalista tentou fazer negócio pela internet. “Eles sabem que quem não vende com frequência não sabe a forma como o Mercado Livre trabalha”, acrescenta o policial.
Fábio Vila orienta que é necessário sempre atentar para o endereço do e-mail que envia a mensagem de confirmação, como se fosse a empresa prestadora do serviço. Neste caso, o Mercado Livre. “O Mercado Livre tem um domínio próprio. 'mercadolivre.com.br', depois do '@'. Então se for algo diferente disso é de se desconfiar”, esclarece.
No caso de Pryscilla, o e-mail até faz referência à empresa, contudo tem um domínio de uma conta do gmail: mercadolivre.compras24h@gmail.com.
Além disso, Vila diz que, independente de a mensagem ter o domínio correto, o melhor a se fazer é entrar na conta pessoal em que se cadastrou o produto posto à venda, para saber se há alguma mensagem informando da compra. “É o mais adequado a se fazer”.
De toda maneira, o chefe de investigações da DEFD alerta que há ainda outras formas de aplicação de golpe em comércio online. Segundo ele, outro golpe comum se dá quando o criminoso chega a pagar pelo produto, mas, ao receber, informa que chegou com defeito. “A empresa de comércio online então devolve o montante a ele e diz que precisa devolver o produto. Só que aí o criminoso envia de volta um produto defeituoso, ou até mesmo qualquer outra coisa, como uma pedra”.
Jornalista Pryscilla Miranda, de Natal, com câmera devolvida por golpista que se arrependeu do crime — Foto: Cedida
NATAL RIO GRANDE DO NORTE
Por Rafael Barbosa, G1 RN