Casamento homoafetivo no Centro de Ressocialização
de Cuiabá, 5/6/2015.
(Foto: Denise Soares/G1)
4 de JUNHO de 2015 - A união de dois casais de detentos homossexuais foi realizada durante uma cerimônia no Centro de Ressocialização de Cuiabá, nesta quarta-feira (3). Emerson, Duda, Rael e Mauro fizeram votos matrimoniais e assinaram documentos reconhecendo a união estável perante alguns amigos, padrinhos e madrinhas, funcionários, representantes do governo e imprensa.
A celebração, acompanhada pelo G1, aconteceu em um dos refeitórios da unidade, com direito a músicas românticas e uma singela festa com bolo de casamento, salgadinhos, sucos e refrigerantes.
Os quatro presos participam do projeto "Arco-íris", que contempla 11 homossexuais que cumprem pena naquele presídio. Os detentos ficam separados dos outros presos para a preservação da integridade física deles. Dois dos presos que se casaram já tinham tido relacionamentos com mulheres fora da prisão, inclusive filhos.
4 de JUNHO de 2015 - A união de dois casais de detentos homossexuais foi realizada durante uma cerimônia no Centro de Ressocialização de Cuiabá, nesta quarta-feira (3). Emerson, Duda, Rael e Mauro fizeram votos matrimoniais e assinaram documentos reconhecendo a união estável perante alguns amigos, padrinhos e madrinhas, funcionários, representantes do governo e imprensa.
A celebração, acompanhada pelo G1, aconteceu em um dos refeitórios da unidade, com direito a músicas românticas e uma singela festa com bolo de casamento, salgadinhos, sucos e refrigerantes.
Os quatro presos participam do projeto "Arco-íris", que contempla 11 homossexuais que cumprem pena naquele presídio. Os detentos ficam separados dos outros presos para a preservação da integridade física deles. Dois dos presos que se casaram já tinham tido relacionamentos com mulheres fora da prisão, inclusive filhos.
Duda (esquerda) e Emerson
(direita)
se casaram na prisão.
se casaram na prisão.
(Foto: Denise Soares/G1)
A travesti Duda, de 32 anos, foi condenada por tráfico de drogas. Na prisão, conheceu Emerson Marques, de 25, condenado por homicídio. “Gostei de conviver com ela e decidi pedi-la em casamento. Existem muitas críticas e a maioria das pessoas não aceita [esse tipo de relação]. Antes de ser preso, fui casado com uma mulher e tive uma filha, que hoje está com seis anos. Ela me abandonou assim que fui condenado”, contou Emerson.
Apesar do preconceito que o casal diz enfrentar, o noivo alega não se importar com as críticas. “Dá para relevar. Aceitando ou não, vamos viver as nossas vidas e seremos felizes”, afirmou. Mesmo não morando na mesma cela, Emerson e Duda têm os momentos de intimidade e afirmam que vivem tranquilamente na prisão, já que estão em um espaço específico para os homossexuais.
“Não é porque estamos presos que somos monstros. Temos direitos. E ainda podemos sair casados. Só de olhar [para ele], percebi que era amor. Ele me pediu em casamento e tivemos apoio dos amigos aqui do presídio. No começo, quando me assumi, não tinha apoio. Mas hoje minha família me respeita”, comemorou Duda.
Não é porque estamos presos que somos monstros"
Duda, presidiária que se casou.
Vestida de noiva, usando uma tiara e com um buquê nas mãos, Duda foi o centro das atenções no evento. Uma amiga dela alugou um vestido em uma loja de Cuiabá e o véu. “Nunca me imaginei num vestido de noiva. É um sonho de todo homossexual”, falou.
Rael da Silva Cisi, de 36 anos, foi condenado a quatro anos e oito meses de prisão por aliciamento de adolescentes. Já o companheiro dele, Mauro Lúcio Miranda, de 28 anos, cumpre pena de sete anos por roubo. “Nos conhecemos trabalhando [na prisão]. Conversamos e posso dizer que foi amor à primeira vista. É importante oficializarmos essa união para mostrar que é possível sermos recolocados na sociedade com os mesmos direitos das outras pessoas”, declarou Rael.
A travesti Duda, de 32 anos, foi condenada por tráfico de drogas. Na prisão, conheceu Emerson Marques, de 25, condenado por homicídio. “Gostei de conviver com ela e decidi pedi-la em casamento. Existem muitas críticas e a maioria das pessoas não aceita [esse tipo de relação]. Antes de ser preso, fui casado com uma mulher e tive uma filha, que hoje está com seis anos. Ela me abandonou assim que fui condenado”, contou Emerson.
Apesar do preconceito que o casal diz enfrentar, o noivo alega não se importar com as críticas. “Dá para relevar. Aceitando ou não, vamos viver as nossas vidas e seremos felizes”, afirmou. Mesmo não morando na mesma cela, Emerson e Duda têm os momentos de intimidade e afirmam que vivem tranquilamente na prisão, já que estão em um espaço específico para os homossexuais.
“Não é porque estamos presos que somos monstros. Temos direitos. E ainda podemos sair casados. Só de olhar [para ele], percebi que era amor. Ele me pediu em casamento e tivemos apoio dos amigos aqui do presídio. No começo, quando me assumi, não tinha apoio. Mas hoje minha família me respeita”, comemorou Duda.
Não é porque estamos presos que somos monstros"
Duda, presidiária que se casou.
Vestida de noiva, usando uma tiara e com um buquê nas mãos, Duda foi o centro das atenções no evento. Uma amiga dela alugou um vestido em uma loja de Cuiabá e o véu. “Nunca me imaginei num vestido de noiva. É um sonho de todo homossexual”, falou.
Rael da Silva Cisi, de 36 anos, foi condenado a quatro anos e oito meses de prisão por aliciamento de adolescentes. Já o companheiro dele, Mauro Lúcio Miranda, de 28 anos, cumpre pena de sete anos por roubo. “Nos conhecemos trabalhando [na prisão]. Conversamos e posso dizer que foi amor à primeira vista. É importante oficializarmos essa união para mostrar que é possível sermos recolocados na sociedade com os mesmos direitos das outras pessoas”, declarou Rael.
Centro de Ressocialização de Cuiabá.
(Foto: Denise Soares/G1)
Nenhum parente dos dois casais compareceu ao casamento. “Minha família é de Mato Grosso, mas não me aceita e não apóia. Tem preconceito. Nem sabe que estamos casando. Mesmo que soubessem não iriam vir”, lamentou Mauro. A família de Rael é de São Paulo e também não compareceu.
(Foto: José Medeiros/GCOM-MT)
Um deles é Sandy (primeira à esquerda),
travesti condenado por homicídio.
(Foto: Denise Soares/G1)
Direitos iguais.
Segundo o juiz Vara de Execuções Penais de Cuiabá, Geraldo Fidélis, a cerimônia é a primeira do país entre casais do sexo masculino na prisão. “Existem [no país] três casos de presos do sexo feminino que reconheceram a união estável. Isso é um reconhecimento, uma questão de dignidade e respeito para pessoas que escolheram um parceiro para viver, independentemente se é homem ou mulher”, pontuou o juiz durante a cerimônia.
Clóvis Arantes, representante do movimento LGBT em Mato Grosso, participou do evento. “A união estável garante a pensão, a adoção e outros direitos para os casais. Essas pessoas que estão aqui têm os mesmos direitos de quem está lá fora”, declarou.
(Foto: Denise Soares/G1)
O projeto foi criado há quase três anos no sistema prisional de Mato Grosso. Onze detentos gays permanecem separados dos demais recuperandos. Para ter direito a participar do projeto, os presos homossexuais devem trabalhar e estudar. Entre as atividades estão a confecção de bolos, itens de marcenaria e uniformes usados pelos próprios internos.
Ressocialização de Cuiabá (CRC).
(Foto: José Medeiros/GCOM-MT)
Denise Soares
Denise Soares
Do G1 MT