29 de ABRIL de 2016 - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso prestou depoimento, nesta sexta-feira (29), à Polícia Federal em São Paulo. Em pouco mais de três horas, ele respondeu perguntas no inquérito que investiga declarações da jornalista Miriam Dutra ao jornal Folha de São Paulo, em fevereiro.
A jornalista disse ao jornal que entre os anos de 2002 e 2006, recebeu de Fernando Henrique, no exterior, três mil dólares mensais por meio de repasses da empresa Brasif, concessionária das lojas duty free nos aeroportos brasileiros.
À Folha de São Paulo, Miriam afirmou que recebia esses repasses por meio de um contrato de trabalho fictício - já que ela jamais realizou nenhum trabalho para a empresa. A jornalista vive no exterior desde 1991.
Segundo tal contrato, que a "Folha" publicou, a jornalista teria de fazer análise de mercado em lojas convencionais e de duty free. Miriam admite ao jornal, porém, que jamais pisou em uma loja para trabalhar. Mesmo assim, recebia o dinheiro.
Em nota divulgada no começo do mês, a defesa de Miriam disse que, no depoimento à Polícia Federal, a jornalista não fez referência à Brasif e também disse desconhecer qualquer coisa relacionada a essa empresa.
O ex-presidente já negou o suposto envio de dinheiro para jornalista por intermédio da empresa Brasif. A Fundação Instituto Fernando Henrique Cardoso não quis comentar.
Inquérito
O Ministério da Justiça informou no dia 26 de fevereiro que a Polícia Federal determinou a abertura de um inquérito para investigar "eventuais ilícitos criminais" que tenham sido cometidos pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Miriam disse que precisou de dinheiro quando teve uma redução salarial na TV Globo, em 2002, passando a ganhar US$ 4 mil. A jornalista disse que o dinheiro que recebia da Brasif saía do bolso do ex-presidente, que teria depositado US$ 100 mil na conta da Brasif.
Jonas Barcelos, dono da Brasif, não negou ao jornal o acerto, mas diz não se lembrar dos detalhes e pediu tempo para pesquisar.
Pela primeira vez, Miriam Dutra fala de seu filho Tomás, que, até 2011, Fernando Henrique Cardoso acreditava ser dele. Em 2009, o ex-presidente declarou à "Folha" que, naquele ano, reconheceu a paternidade do rapaz e disse que sempre cuidara dele. Em 2011, porém, dois testes de DNA revelaram que o filho não era dele. À época, Fernando Henrique disse também à Folha que, mesmo sabendo que não era o pai biológico de Tomás, não mudaria seu relacionamento com ele.
Questionada pela "Folha" sobre os exames de DNA, Miriam Dutra gargalhou e disse: “É óbvio que é dele”. Questionada se o ex-presidente havia forjado o exame, ela afirmou: "Não estou afirmando nada, mas tudo me parece muito estranho. Além do mais, uma mulher sabe quem é o pai".
Na entrevista à "Folha", Miriam revela que, em 1991, decidiu por vontade própria sair do país e ir trabalhar em Portugal. Ela afirma, sem especificar o ano, que quando estava em Barcelona decidiu voltar para o Brasil, mas não lhe permitiram. Explicou que o pedido partiu de Antônio Carlos Magalhães e do filho dele Luís Eduardo Magalhães, ambos já falecidos.
Na entrevista, Miriam Dutra diz que Fernando Henrique Cardoso tem contas no exterior e pergunta por que nunca ninguém as investigou. E revela que em 2015 o ex-presidente deu a Tomás um apartamento de 200 mil euros.
Do G1, com informações do Jornal Nacional